Sun care funcional: benefícios que valorizam a fotoproteção

Ativos tecnológicos, derivados de células-troncos vegetais, podem suavizar danos ocasionados pela fotoexposição e até mesmo aumentar a síntese da Vitamina D na pele
Por Estela Mendonça
As principais tendências globais em fotoproteção apontam que os consumidores, cada vez mais exigentes, buscam crescentemente por formulações multifuncionais, com claims que vão além da proteção frente aos raios solares. Não por acaso, ativos tecnológicos, responsáveis por agregar valor aos produtos sun care, ganharam destaque no mercado, principalmente no Brasil, país que ostenta a terceira posição no ranking global de vendas de fotoprotetores, movimentando mais de R$3,5 bilhões anualmente nesse segmento.
Além disso, o atual cenário econômico vem criando um terreno fértil para lançamentos que defendam rotinas minimalistas de skincare, especialmente entre os consumidores mais jovens. Esse fato foi evidenciado pela pesquisa Young Beauty Consumers, realizada recentemente pela Mintel, que identificou mudanças no perfil de consumo dos brasileiros com idades entre 16 e 34 anos, que foram especialmente impactados pelo agravamento da taxa de desemprego e a redução da renda familiar. “Esta situação os levou a adotar uma postura mais conservadora quando se trata de gastar com produtos de beleza, privilegiando soluções e itens multiuso”, diz o estudo. A pesquisa mostra ainda que os jovens consumidores têm preferência por fórmulas mais limpas e naturais, o que reforça a relevância de credenciais sustentáveis e científicas.
Associando benefícios
Para associar proteção solar a outros benefícios e garantir também naturalidade e sustentabilidade às formulações, o uso de ativos biotecnológicos tem sido o caminho mais viável. Um bom exemplo de como isso é possível vem da Vytrus Biotech, empresa espanhola que se dedica à produção de princípios ativos a partir de células-tronco vegetais, através de um processo seguro e sustentável.
No Brasil, a distribuição desses ativos ocorre exclusivamente pela Galena, que destaca dois deles para atribuir multifuncionalidade aos produtos de proteção solar: Arabian Cotton, com propriedades antioxidantes e reparadoras, e Nectaria Lithops, que otimiza a síntese de vitamina D na pele.

Gustavo Fernandes Denófrio, farmacêutico da área de inovação e desenvolvimento farmacotécnico da Galena
Redução de danos
Gustavo Fernandes Denófrio, farmacêutico da área de inovação e desenvolvimento farmacotécnico da Galena, explica que atualmente se sabe que o espectro solar é composto por uma mistura de ondas eletromagnéticas de diferentes comprimentos, que não se caracterizam apenas como ultravioleta, mas também como luz visível (LV) e infravermelho (IR). “O mais interessante é que, apesar da radiação ultravioleta ser de longe a mais deletéria, ela corresponde apenas a 5% do espectro solar total. Outros 39% formam luz visível e 56% correspondem à radiação infravermelha. Portanto, podemos concluir que se proteger apenas contra a radiação ultravioleta (UVA e UVB) pode não ser suficiente”, afirma.
Para uma fotoproteção completa, a Vytrus desenvolveu o Arabian Cotton, ativo obtido partir das células-tronco do algodão árabe, que, de acordo com Denófrio, é rico em polifenóis, que contribuem para a redução dos danos causados pela radiação solar em sua totalidade, por meio de suas propriedades antioxidantes e reparadoras.
Ação comprovada
Seus mecanismos foram comprovados em ensaios in vitro, nos quais culturas de fibroblastos humanos foram tratadas com diferentes concentrações de Arabian Cotton, seguidas da exposição a diferentes simuladores de radiação solar. Denófrio conta que foram utilizados equipamentos que mimetizaram o espectro solar em sua totalidade (UVB, UVA, IR e LV). A performance do ativo foi comparada à ação da quercetina e da vitamina C. “Os resultados demonstram a excelente performance do ativo na redução de radicais livres, bem como a capacidade do mesmo de preservar colágeno (tipos I e III) e a elastina. O ativo também reduziu marcadores relacionados à inflamação, de modo mais eficiente que a quercetina e a vitamina C”.
Um estudo clínico também foi realizado com 16 voluntários com peles fototipos I a III e idades entre 25 e 60 anos. Nesse protocolo, os indivíduos realizaram uma única aplicação de uma formulação contendo Arabian Cotton (1%), em comparação com uma formulação placebo. Em seguida, aplicou-se uma radiação artificial nas áreas estudadas e avaliou-se a intensidade de eritema induzido. Após duas horas, foi possível observar que o ativo foi reduziu significativamente o eritema causado pela fotoexposição, em até 52% em um dos voluntários.
Arabian Cotton pode ser utilizado em primers funcionais, formulações cosméticas variadas, ou até mesmo integrar fotoprotetores, com a finalidade de otimizar a proteção cutânea.
Vitamina D potencializada

Beatriz Lopes, farmacêutica da área de inovação e desenvolvimento farmacotécnico da Galena