Startup fatura R$ 2 milhões com testes de cosméticos sem o uso de animais
Analgésicos, medicamentos de uso contínuo e hidratantes corporais são produtos comuns no dia a dia das pessoas.
Antes de chegarem até o cliente final, eles passam por diferentes etapas de produção, incluindo testes de segurança e eficácia para serem aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma das empresas responsáveis por fazer esses testes no Brasil é o laboratório Crop, fundado em 2020 por Aruã Prudenciatti e Lucas Ribeiro, ambos graduados em Biotecnologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). O negócio faturou R$ 2 milhões em 2022 e espera crescer 80% neste ano, com o diferencial de não utilizar animais nas testagens dos produtos.
Com sede em Botucatu, no interior de São Paulo, a startup se dedicou ao desenvolvimento de produtos contra o coronavírus durante a pandemia. Hoje, o foco do laboratório são serviços de testes de eficácia e segurança de medicamentos e cosméticos por meio de métodos alternativos. “Não existem muitos laboratórios com esse foco no Brasil. Muitas companhias tinham de contratar laboratórios estrangeiros e pagar em dólar, o que afeta o custo para o consumidor final”, aponta Prudenciatti.
Segundo o empreendedor, muitas empresas do setor ainda fazem testes em animais. “Para testar a segurança de um produto, existe um teste de dose letal: 50 camundongos são colocados em contato com ele, e os cientistas literalmente contam quantos morrem”, explica.
Porém, o uso de animais em testes têm sido questionado do ponto de vista ético — o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) proibiu neste ano o uso de animais em testes de cosméticos e produtos de higiene pessoal — e também científico, já que há pesquisas que mostram que esse modelo não é o mais efetivo.
Como alternativa, a Crop faz testes in vitro com células humanas isoladas. A célula pode vir de diferentes órgãos do ser humano, como fígado e rim, e é replicada no laboratório, criando-se um “mini órgão” que vai receber os medicamentos em teste. “Em vez de fazer um teste de irritação cutânea em um camundongo, eu isolo uma célula humana da pele e replico isso em laboratório em proveta”, exemplifica.
Fonte: revistapegn 02.10.2023