Primeiro produto de cuidado para a vulva chega ao mercado, com substâncias como ácido hialurônico e dexpantenol. O tema ainda esbarra em falta de informação e tabus
Pouco ou nada se fala sobre os cuidados necessários com a vulva, parte externa dos genitais femininos, muitas vezes ainda confundida com a vagina e que pode sofrer com ressecamento e doenças da pele.
Entre os acometimentos mais comuns na região estão as dermatites ou eczemas, que podem afligir até 50% das pacientes com sintomas bem incômodos, como o prurido (coceira). Outras queixas comuns ouvidas em consultórios estão as infecções, lesões, além da síndrome geniturinária da menopausa, que é um conjunto de alterações pela perda de estrogênio nesta fase, que pode deixar a pele da vulva ressecada, mais fina e com tonalidade pálida.
A síndrome geniturinária da menopausa tem uma prevalência que varia de 36% a quase 90% entre mulheres na peri e pós-menopausa, mas também pode ocorrer em 19% das mulheres entre os 40 e 45 anos, os chamados anos pré-menopausa.
Além das questões fisiológicas, a realização de procedimentos estéticos também pode causar mudanças na vulva e levar à necessidade de recuperação cutânea, como lasers, radiofrequência genital, ninfoplastia, peeling para clareamento, preenchimento de grandes lábios, entre outros. A prática intensa de exercícios físicos também pode afetar a vulva devido ao atrito com a roupa de ginástica e equipamentos de academia (como em aulas de spinning).
De acordo com a Diretriz Europeia para Tratamentos de Doenças da Vulva, para o cuidado diário com o órgão a recomendação geral é evitar o contato com sabonetes comuns ou xampu, sendo indicado utilizar substituto ao sabonete e hidratantes emolientes, indicados para pele seca, com coceira ou descamação. Produtos gerais de higiene levam em sua composição álcool e aditivos que dão cor e cheiro específico, não indicados para a região íntima.
Pensando nessa necessidade específica, o primeiro dermocosmético do mercado nacional indicado para a hidratação vulvar, Belavie, foi testado e desenvolvido pela Genom, divisão de negócio da União Química, líder em saúde feminina.
Formulado com ácido hialurônico, associado ao dexpantenol e à manteiga de karité, o hidratante acelera a reparação da barreira cutânea da vulva, protege e atua na firmeza e produção de colágeno, com fator antienvelhecimento.
Os testes clínicos com 35 participantes indicaram que após o 28º dia de uso diário, o pH cutâneo se manteve inalterado e o hidratante promoveu sensação prolongada de hidratação, conforto, e preveniu quadros severos de ressecamento, descamação e coceira. As participantes também perceberam melhorias na aparência da pele da vulva, na irritabilidade e sensibilidade.
O produto é rapidamente absorvido, não deixando a pele oleosa ou com resíduos, e proporciona sensação de proteção na área íntima. Os testes de interação com preservativos também mostraram que o hidratante não afeta a integridade do látex.
“Diferente dos produtos hormonais para tratamento ginecológico e geralmente aplicados diretamente no canal vaginal, um dermocosmético específico para a vulva auxilia no cuidado diário com uma área do corpo que recebe diversos impactos da rotina do dia-a-dia, como quando sentamos, corremos e usamos roupas por muitas horas seguidas, por exemplo”, ressalta Dr. Luis Gerk de Azevedo Quadros, ginecologista, mastologista e gerente médico da União Química.
Vulva não é Vagina
Ao falar sobre os cuidados com a saúde vulvar é preciso ressaltar a importância do autoconhecimento e autonomia sobre o próprio corpo. Saber diferenciar as partes que formam o órgão sexual e identificar qualquer mudança de coloração, de textura ou aparecimento de sinais como cistos, lesões ou corrimentos fora do padrão.
“Ainda há muitos tabus e falta de conhecimento, especialmente entre a diferença da vulva e a vagina. Essa informação é essencial para que as pacientes saibam identificar quando há algum sinal de problema com a região e quando é necessário buscar atendimento ginecológico” alerta Dr. Luis.
A vulva é toda a parte externa do órgão sexual, formada por dois lábios maiores, que costumam ter pelos; dois lábios menores, que ficam internamente aos lábios maiores, envolvendo a entrada da vagina; o clitóris, com terminações nervosas sensíveis e importantes para o prazer, envolto pelos lábios e recoberto por uma pele (prepúcio); a abertura da vagina, por onde ocorre o parto vaginal, sai a menstruação e que é penetrada pelo pênis na relação sexual; e a abertura da uretra, por onde sai a urina, localizado abaixo do clitóris.
A pele que recobre a vulva se assemelha à do restante do corpo, mas cada parte que compõe essa região possui uma peculiaridade: os grandes lábios contêm tecido gorduroso, glândulas sebáceas e sudoríparas e também vasos sanguíneos, que podem formar varicosidades (veias dilatadas). Já os pequenos lábios são recobertos por mucosa, ricos em vasos sanguíneos e sem pelos, tendo coloração rósea.
A vagina é a parte interna do órgão sexual, que tem a capacidade de dilatação, como no momento do parto vaginal, e tem uma lubrificação natural.
“Cada mulher possui sua região íntima com determinadas característica e uma não é igual a outra, por isso precisamos naturalizar esse conhecimento para promover a saúde genital entre mulheres” finaliza Dr. Luis.