Estudos mostram eficácia de planta amazônica contra o Aedes aegypti
Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) estão desenvolvendo um larvicida e repelente à base de aninga, planta encontrada nas áreas alagadas da Amazônia, para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, vírus zika e outras doenças.
A pesquisa começou há dez anos, após a constatação de ribeirinhos de que não havia mosquitos transmissores da malária nos locais onde era encontrada a Montrichardia linifera, nome científico da aninga.
“Isso nos motivou a levar ao laboratório, estudar a composição química e fazer ensaios com a aninga. Vimos que, realmente, os extratos dessa planta inibiram o crescimento dos ovos do Plasmodium falciparum, que é o parasita causador da malária. Repetimos os testes e começamos a ter resultados positivos”, explicou a pesquisadora Cristine Bastos do Amarante.
Segundo ela, para criar o repelente contra o Aedes, os estudos começaram há três anos com a participação de 20 pesquisadores e devem durar mais cinco anos. Os cientistas trabalham no desenvolvimento de um composto produzido com os óleos essenciais e extratos das espécies do gênero Montrichardia.
“Publicamos um estudo em 2010 sobre o combate à malária. Agora, estamos estendendo os estudos para o Aedes. Esperamos bons resultados pelas substâncias que já encontramos, que são reconhecidamente repelentes na literatura. Queremos desenvolver uma formulação ou transferir essa tecnologia para uma empresa”, disse a pesquisadora.
Cristine Amarante informou ainda que uma das substâncias repelentes encontradas é produzida por algumas plantas em situação de estresse. “Como essa planta nasce em ambientes alagados, como margens de rio, igapós e várzeas, seu habitat já é um ambiente de estresse para ela.”
Segundo o Ministério da Saúde, em 2016, pelo menos 794 pessoas morreram no país em consequência das doenças transmitidas como dengue, zika e febre chikungunya.