Com R$ 400, química cria linha de cosméticos que hoje fatura R$ 1 milhão
Vendas da marca baiana BetoBita conseguiram crescer 57% mesmo na pandemia
Inicialmente, o chefe não acreditou muito na ideia quando ela propôs uma linha de produtos para cabelos a base de ingredientes naturais. Ao mesmo tempo, o seu marido ficou desempregado. Ela, que passava por uma transição capilar, decidiu então fazer seus cosméticos veganos. A cozinha de casa virou fábrica. Testou em amigas, familiares. E deu certo.
Na verdade, a química Bárbara Batista passou tudo isso ao criar, há quatro anos com o marido e contador José Roberto Fiuza, a marca baiana de cosméticos veganos BetoBita (@betobitafeitoamao), que só este ano chegou a faturar R$ 1 milhão. Os R$ 400, que lá atrás seriam usados para pagar a escola da filha do casal, deram início ao negócio.
Na pandemia, as vendas cresceram 57%, como afirma a empresária. “A melhor decisão que eu tomei na vida foi deixar de pagar esses R$ 400 naquele momento. Trabalhava em uma fábrica de cosméticos no controle de qualidade. Não desisti. Comecei a fazer algumas coisas para que eu pudesse usar e aí eu falei com Roberto que íamos vender também. Quatro meses depois, saí da empresa e estamos aqui até hoje”, conta Bárbara.
Bárbara começou fabricando de 100g a 500g de cosméticos para o cabelo. A produção atual chega a 1,5 mil unidades por semana. Mesmo na crise do coronavírus, além de crescer em faturamento, a BetoBita conseguiu lançar uma linha corpo.
Os cosméticos são livres de petrolatos, óleo mineral, com embalagem reciclável e sem testes em animais. Todas as fórmulas foram desenvolvidas por Bárbara, que conta que precisou pesquisar muito para chegar ao produto que queria.
“Fui estudando as características de cada matéria-prima, das manteigas, dos óleos vegetais e o que eles traziam de benefício para os fios. Um dia, em um desses grupos, uma cliente buscava um finalizador de cachos. Roberto foi levar na nossa ‘cinquentinha’. O produto custava R$ 20 e íamos gastar R$ 15 só com o combustível, mas eu falei: e se ela gostar e divulgar?”, conta.
Passou uma semana, a cliente voltou no grupo. “Ela postou o antes e depois e todo mundo começou a me chamar. Eu sei que as meninas foram se aproximando e nós aumentamos a produção”, lembra. Ao todo, a BetoBita tem, atualmente, uma equipe com 13 distribuidoras e cerca de 500 consultoras pelo país. Nos últimos seis meses, a marca cadastrou 177 novas revendedoras, sobretudo, por conta da perda de renda destas profissionais na pandemia, como acrescenta Bárbara: “Essas meninas formaram uma corrente de divulgação, passando uma para outra. A venda dos cosméticos BetoBita é acompanhada por uma consultoria capilar e, por esse motivo, o papel das revendedoras diretas é muito importante. Antes, elas vendiam para ter um ganho extra, porém, após serem demitidas, a BetoBita passou a ser a sua renda principal. Uma revendedora consegue tirar por mês, em média, cerca de R$ 2,5 mil”.
Cosmético verde
Todo contato com o cliente começa nas redes sociais. As revendedoras também possuem uma loja própria no site oficial da BetoBita. O portfólio da marca vegana conta com 46 produtos para todos os tipos de cabelo, mais a linha corpo e custam, em média, R$ 40.
“Não é só ter produto disponível, mas um atendimento para tirar dúvidas, orientar. É um atendimento personalizado. Isso fez com que nós crescêssemos muito. Nunca fizemos propaganda na televisão, nem colocamos outdoor. Tudo que conquistamos veio dessas vendas diretas”, revela a empresária.
Para fortalecer ainda mais as vendas, além do trabalho das consultoras, a marca investiu em parcerias com influenciadoras digitais. “Precisamos de muita dedicação, organização e uma equipe muito unida. Somos parceiros na vida. O desafio é manter esse atendimento mais pessoal, mais íntimo. O auge, para mim, é ver essas clientes falando nas redes sociais sobre a BetoBita, que elas usaram e gostaram, que a consultora fez um bom trabalho. Ouvir isso é magnífico”, reforça.
Para Bárbara, o mercado dos veganos é cada vez mais promissor. Após conseguir comprar a casa própria, o sonho agora é exportar os produtos e tornar o Instituto BetoBita um centro de treinamento. “Conquistamos o selo Eu Reciclo nas nossas embalagens e o selo Veganismo no Brasil. Tudo isso agrega em um momento em que as pessoas estão mais preocupadas com os resíduos que produzem. Vamos começar a exportar para a Europa. Já conseguimos embarcar para a Holanda e Espanha. Outra meta é tocar para frente o projeto do instituto como um centro de formação para as profissionais da área. Não é só um serviço de salão, mas um lugar onde possam se reciclar e aprender mais”, completa.
Os conselhos de Bárbara
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Tenha um propósito muito claro e bem definido para que os consumidores possam ‘admirar’ a sua marca, conquistando, assim, a fidelidade deles.
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Estude bem o perfil e os hábitos de consumo do seu cliente. Avalie com frequência os resultados e ajuste as estratégias, além de estabelecer uma rede forte de parceiros, fornecedores e colaboradores.
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Conheça todos os processos “Quando eu produzia os cosméticos na minha cozinha e não dava certo, eu ficava ali insistindo. Pesquisava, mudava fórmulas e concentrações. Sempre acreditei que o produto ia chegar no ponto que eu pretendia”, pontua Bárbara.
Fonte: Correio 24 horas – 05.10