Os prós e contras dos tipos de desodorantes para a saúde da pele
Basta entrar na farmácia ou chegar até as gôndolas de perfumaria no supermercado para se deparar com uma infinidade de modelos de desodorantes.
E não é para menos, já que o Brasil é o segundo maior consumidor do produto, de acordo com uma pesquisa realizada pela Euromonitor International. Só no ano passado, por exemplo, o país registrou cerca de R$ 11,591 bilhões em vendas.
Com um público cada vez mais assíduo em deixar o suor de lado (e o mau odor, também), a indústria de produtos de higiene não para de investir em novas opções. Mas aí fica a questão: qual é o melhor para a sua pele? VivaBem conversou com diversos especialistas e montou um verdadeiro dossiê com as informações necessárias para você fazer a melhor escolha.
Antitranspirantes
São produtos destinados a inibir ou diminuir a transpiração, principalmente quando ela é excessiva, também conhecida como hiperidrose. Além disso, o desodorante evita o cheiro desagradável, que é denominado de bromidrose e ocorre quando as bactérias presentes na pele se alimentam do suor e de compostos orgânicos (como pele morte).
“O produto bloqueia os ductos de passagem do suor para o meio externo, ao reduzir a secreção das glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas”, esclarece Mariele Bevilaqua, médica dermatologista do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
Portanto, pessoas que sofrem com a transpiração exagerada ou com o mau odor se beneficiam bastante do antitranspirante. Por outro lado, ele pode causar irritação em peles mais sensíveis. Os antitranspirantes estão disponíveis em diferentes formatados, como spray, aerossol, creme, roll-on, stick (explicamos todos abaixo).
Aerossol e spray
Bastante usados quando o objetivo é a facilidade de aplicação, estes produtos têm a característica de manter as axilas secas por mais tempo, sendo indicados para quem apresenta suor excessivo. Por isso, são mais usados por quem tem hiperhidrose e precisa reaplicar o desodorante mais vezes ao dia.
Mas, atenção: os desodorantes não são indicados para peles sensíveis, pois podem causar alergia. Já o alumínio presente na composição, ao ser inalado, pode ser tóxico, porque é um metal pesado. No caso do aerossol, em específico, por conta do sistema usado, que é o de jogar as partículas líquidas ou sólidas por meio de um gás sob pressão, o produto tem um maior risco de desperdício.
Roll-on
Esta versão é mais delicada para aplicar e não escorre pela pele. Além disso, por não conter elementos que possam irritar a derme, é bastante indicado para quem tem pele sensível. “Apesar de prático para passar, demora a secar. Outra desvantagem importante de ser lembrada é que, por ter contato direto com a pele, o produto pode ser contaminado”, alerta Esther Palitot, médica dermatologista do Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), vinculado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Stick
Bastante parecido com o roll-on, vem em formato de bastão, é prático e tem toque seco. Alguns dermatologistas costumam indicar o produto para os praticantes de esportes. Isto por conta do maior tempo de contato do desodorante com a pele, o que reduz a transpiração excessiva e maus odores. Por outro lado, o produto pode deixar uma camada mais espessa na pele e manchar as roupas.
Creme
É considerado o que mais hidrata a pele, já que leva na sua formulação ingredientes emolientes que suavizam a derme. Por isso, é indicado para pele sensível, pessoas que precisam de proteção máxima e para quem faz depilação com lâmina. A única atenção fica para o modo de espalhar o produto: é necessário usar as mãos, não sendo tão prático quanto as outras opções.
Com álcool
Por mais que este componente venha sendo abolido das fórmulas dos desodorantes, por seu grande risco de causar irritação, ressecamento e coceira na pele, alguns produtos ainda contêm álcool. Isto por conta da ação antimicrobiana do elemento, o que evita o crescimento das bactérias que causam o mau cheiro.
Com aloe vera, camomila e calêndula
Estes três extratos vegetais proporcionam ação calmante, por isso são bastante indicados para quem tem pele sensível, já que reduz o potencial de irritabilidade das formulações dos desodorantes.
Sem alumínio
Considerada uma boa opção para peles sensíveis e para quem não é favorável ao uso do metal. Isto porque o alumínio forma um gel que obstrui temporariamente os poros que liberam o suor. Por causa disso, existe o risco de obstrução e de inflamação da glândula sudorípara.
Por outro lado, as fórmulas sem alumínio, muitas vezes, não oferecem ação antitranspirante, o que pode se tornar um problema para quem tem hiperhidrose. “O uso tópico de alumínio se mostra seguro e vários estudos demonstram isso. É muito mais um mito do que alguma vantagem do uso de produtos alumínio free”, afirma Bevilaqua.
De cristal
Também conhecido por desodorante de pedra, é considerada uma alternativa natural ao uso dos desodorantes convencionais. A explicação é que este tipo de produto é feito a partir de um mineral chamado alúmen de potássio, também conhecido como sulfato de potássio e alumínio. Ao contrário dos sais de alumínio usados em antitranspirantes, o alúmen não impede a transpiração, só ajuda a controlar o crescimento de bactérias que podem causar odor nas axilas.
Leite de magnésia
O produto contém hidróxido de magnésio, que atua como desodorante por deixar o pH da região das axilas mais alcalino, além de dificultar a proliferação de microrganismos e o mau odor. Porém, sua eficácia é muito menor do que os outros desodorantes.
Em barra
Produto vendido em formato sólido, é feito com componentes naturais, como óleos essenciais, que formam uma camada que adere às axilas e contribui na hidratação da pele. Este desodorante age no controle do odor por atuar contra as bactérias causadoras do mau cheiro. A desvantagem do produto é que ele não impede o suor.
Um ponto de atenção é que, geralmente, o desodorante em barra é feito com a associação de extratos vegetais e bicarbonato de sódio, para elevar o pH da pele e reduzir a ação bacteriana, combatendo o odor. “Devemos lembrar que, se o bicarbonato já agride os tecidos —muito utilizado para branquear manchas na roupa—, imagine o estrago que faz na nossa pele?”, questiona Bevilaqua.
Os naturais em voga
Atualmente, vários fabricantes têm tirado da formulação dos desodorantes elementos refutados pelas pessoas que buscam viver uma vida mais natural. É o caso dos produtos em cristal, sem alumínio, parabenos e triclosan, ou em barra. Mas é bom ficar atento em casos de hiperhidrose.
“Os produtos costumam não impedir a transpiração, apenas controlar o odor pelo seu efeito antisséptico”, alerta Eleolina Lara Kaled Neta, dermatologista do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba.
Mas, afinal, o que é o suor?
Produzido pelas glândulas sudoríparas, o líquido —composto por água, sais minerais e outras substâncias— tem o intuito de regular a temperatura corporal, que está elevada. E esqueça este mito de que suor e mau cheiro estão relacionados.
“O odor desagradável se dá pela proliferação de bactérias nas axilas, que acontecem com ou sem o desenvolvimento do suor. Outras condições também podem influenciar o mau cheiro como o consumo de álcool, alimentação (alho e curry, por exemplo), medicações, e doenças metabólicas e sistêmicas”, esclarece Fabiana Seidl, dermatologista e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
Fonte: UOL 28.10.2021