Uso de ingredientes híbridos, parcerias entre indústria têxtil e cosmética e cosméticos em pó podem vir a ser grandes novidades do futuro.
Por enquanto, avanços permitem tratar a pele com peptídeos e prebióticos, ambos capazes de melhorar a saúde do tecido cutâneo
Acompanhar a evolução cosmética ao longo de anos nos permite ver o quanto a tecnologia foi preponderante para oferecer uma verdadeira revolução nos cuidados com a pele. “A biotecnologia cosmética e os avanços nas áreas de engenharia genética e fermentação de ingredientes fizeram com que os produtos para a pele atingissem o verdadeiro apogeu, não apenas hidratando, mas oferecendo inúmeros benefícios, como tratamento de manchas, rejuvenescimento, controle da oleosidade, melhora da textura e renovação celular”, explica a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gestora técnica da Biotec Dermocosméticos e especialista em tendências cosméticas. Aliás, é por conta desse avanço que hoje nas prateleiras é possível ver cosméticos antifadiga (que ‘combatem’ os efeitos da fadiga na pele) e produtos com ação até sobre os telômeros (as extremidades dos cromossomos e hoje considerados fatores chaves para o envelhecimento de todo o organismo, inclusive da pele).
Segundo Maria Eugênia, em um passado não muito distante, a associação era óbvia: ativo cosmético estava relacionado a extratos vegetais ou ingredientes derivados de animais. “Agora também sabemos que eles podem ser ‘feitos’ em laboratório, com uso da biotecnologia e fermentação de ingredientes. A produção de cosméticos naturais baseada em plantas usa muitos recursos, como área de cultivo, água, energia e trabalho humano. Com o uso da biotecnologia, diminuímos o uso de plantas e animais produtores de ingredientes cosméticos. Do mesmo modo, o uso de micro-organismos para fabricar esses ingredientes substitui plantações e a crueldade animal. Em laboratório, é possível alterar e modificar a molécula, buscando seu maior resultado clínico, melhorando a capacidade de permeação, cuidando da microbiota da pele e também tornando a molécula mais estável”, explica Maria Eugênia. As substâncias atuais, segundo a especialista, tornam os produtos com ação mais direcionada e tratam a pele com capacidade regenerativa superior, atuando na longevidade celular, protegendo e até estimulando o reparo do DNA de células e de fatores de crescimento natural da pele.
As novidades mais importantes já disponíveis incluem a utilização de peptídeos e prebióticos em cosméticos. “Os peptídeos são moléculas originadas da quebra de proteínas e sua produção parte de micro-organismos. Eles são considerados grandes avanços, pois são capazes de penetrar em camadas mais profundas da pele e podem agir como sinalizadores, carreadores ou inibidores de neurotransmissores”, diz a especialista. É exatamente aqui que entram os cosméticos que protegem os telômeros, como o Be Ageless, lançamento da Be Belle. “Esse sérum tem mecanismo anti-idade inovador, já que é capaz de atuar justamente sobre os telômeros, que são a chave do envelhecimento, para protegê-los e reverter os danos ao DNA, assim prolongando a longevidade celular, restaurando os níveis de colágeno e desacelerando o processo de envelhecimento, o que resulta na melhora dos sinais da idade, como rugas, manchas e flacidez, e recuperação da firmeza, luminosidade e contorno facial, com efeito tensor, lifting e antigravidade”, destaca Ludmila Bonelli, cosmiatra, especialista em dermatocosmética e diretora científica da Be Belle. “Be Ageless é capaz de agir sobre o DNA e, consequentemente, sobre os telômeros graças à presença do Telomerase Complex em sua composição. O Telomerase Complex é um blend de biopeptídeos miméticos com efeito Telo-Protetor, atuando assim na redução nos níveis de progerina, proteína que desencadeia um processo de envelhecimento celular, e no estímulo da produção e reativação das sirtuínas, popularmente conhecidas como proteína da longevidade. Dessa forma, o ativo é capaz de prolongar o ciclo de vida celular, além de aumentar a síntese de colágeno e inibir a ação das metaloproteinases, enzimas responsáveis pela degradação das fibras colágenas e elásticas”, diz a cosmiatra.
Já os prebióticos, segundo a farmacêutica Maria Eugênia, são substâncias que beneficiam a sobrevivência e proliferação de bactérias saudáveis para o nosso organismo. “Eles têm seu uso em cosméticos estimulado por garantir a manutenção da microbiota da nossa pele”, explica Maria Eugênia. O ativo Aldavine 5X é um exemplo, pois trata-se de uma combinação de dois polissacarídeos sulfatados (galactanos e fucanos), oriundos respectivamente das algas Ascophyllum nodosum e Aspargopsis armata, que têm capacidade prebiótica e promovem a integridade dos microcapilares da pele. Com isso, o ativo combate as principais causas das manchas escuras e bolsas ao redor dos olhos: extravasamento dos microcapilares, inflamação local e flacidez.
Falando sobre o futuro, a especialista Maria Eugência conta que a Cosmetologia será pautada, invariavelmente, por bases científicas, funcionais e preventivas. “O consumidor já busca produtos que, além de oferecerem diversos benefícios, economizem tempo e dinheiro. É o caso dos cosméticos híbridos, que já possuem expoentes no campo de ativos cosméticos, mas serão uma realidade cada vez mais vista em produtos industrializados. O ativo Hyaxel é um excelente exemplo de ingrediente híbrido, pois temos 4 benefícios em um único ativo: aumento da espessura da epiderme, hidratação profunda, melhora da cicatrização e estímulo da produção de ácido hialurônico”, explica ela.
Também veremos cosméticos em pó, com o objetivo de menos uso de água no processo, figurando como uma tendência sustentável muito importante. “Tudo isso, claro, sem perder a eficácia. Também é possível vislumbrar associações de empresas cosméticas com indústrias de tecido. Isso representará uma otimização de tratamentos, com o objetivo de suprir carências ou deficiências da pele, por meio da produção de tecidos cosméticos, ou seja, tecidos que possam entregar ingredientes cosméticos para ação efetiva na pele. O estudo da genética também será cada vez mais forte e influenciará os lançamentos. Outra forte tendência será a imunocosmetologia, que tem como objetivo a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio destas funções de defesa da pele. Nesse sentido, podemos citar como exemplo o ativo Stimuline, originário de um extrato purificado de Beta Glucans de membrana de Saccharomyces cerevisiae. Ele mantém o sistema imunológico da pele em estado de alerta, estimula a reparação dos danos, protege das agressões e do envelhecimento natural”, enfatiza a farmacêutica.
Por fim, a especialista destaca que veremos cada vez mais cosméticos com efeitos instantâneos, mas com ação terapêutica efetiva, tratando realmente a pele a curto e a longo prazo. “Temos por exemplo o ativo Densiskin D+, ativo dermocosmético de última geração que associa Polipeptídeos Marinhos ligados ao Metilsilanetriol em alta concentração. Possui uma ação tensora imediata combinada com uma ação profunda reestruturante. Outra possibilidade é o ativo natural Sculptessence, extraído da semente do linho e rico em poliosídeos reversos, que agem nas desordens relacionadas ao enfraquecimento da pele, proporcionando o redesenho da face, resultando em um efeito de harmonização facial”, diz Maria Eugênia. “Todas essas inovações trarão benefícios terapêuticos, mas impactarão também em uma mudança socioambiental profunda e responsável”, finaliza.