Maracujá-do-mato amazônico pode ser usado em cosméticos, aponta estudo
Testes indicam que extrato do fruto é rico em componentes antioxidantes e pode ser aplicado na fabricação de produtos antienvelhecimento e inibidores de manchas na pele
Espécie nativa da Amazônia, o maracujá-do-mato (Passiflora nitida Kunth) é planta trepadeira com folhas grandes e de coloração vermelha. Os seus frutos se assemelham às espécies de maracujá tradicionais.
Com alto potencial biológico, o extrato do maracujá-do-mato possui componentes antioxidantes e inibidores de enzimas responsáveis pela produção de melanina, ideais para utilização em fórmulas cosméticas.
A constatação é de pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Sergipe (UFS) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em estudo publicado na Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences nesta sexta-feira (2).
Os pesquisadores analisaram as propriedades fisíco-químicas da folha do maracujá-do-mato, realizando a caracterização do extrato das folhas. A coleta foi realizada em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Obtivemos um extrato seco da folha, utilizando a técnica da secagem, onde o extrato líquido vira um pó. Este foi submetido a diversos testes para chegar aos resultados”, explica o cientista Ádley Lima, um dos autores do estudo e coordenador do projeto de pesquisa.
Os pesquisadores também exploraram os potenciais antioxidantes do maracujá-do-mato, bem como a ação inibidora da enzima que produz melanina. “Os resultados foram favoráveis para aplicação do extrato do maracujá-do-mato em produtos cosméticos antienvelhecimentos e inibidores ou diminuidores de manchas escuras na pele”, destaca Lima.
De acordo com o pesquisador, apesar de possuir potenciais para a indústria cosmética e farmacêutica, o maracujá-do-mato não é uma planta muito explorada. “Nossa pesquisa valoriza um produto nativo da Amazônia, que ainda não é muito conhecido. Na indústria, possuímos diversos produtos à base de outras espécies de maracujá, mas deste em específico, não”, explica.
Em um país tropical, com radiação solar evidente, os resultados vêm para melhorar a qualidade de vida das pessoas. “Estamos levando para a sociedade a informação destas propriedades e já possuímos a ponte entre a universidade e indústria por meio da autora principal. Em breve, teremos um cosmético à base de maracujá-do-mato”, conclui o professor. O estudo, comprovando a eficácia das propriedades da planta, faz parte de uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para dar registro ao produto.
Fonte: Revista Galileu 02.09.2022