Skala Cosméticos alcança novos horizontes com a aquisição majoritária pela Advent
Reconhecida por sua linha de potes de cremes capilares, a Skala Cosméticos, com sede em Minas Gerais, conseguiu fortalecer sua presença global e estabelecer-se como uma das principais marcas do Brasil no ramo, aproveitando o impulso das redes sociais para ampliar suas atividades. Esse avanço despertou o interesse da Advent, uma gestora de investimentos que recentemente adquiriu a maioria das ações da empresa.
“Há cinco anos, priorizamos o setor de beleza. Investimos em empresas estrangeiras, como Olaplex e Orveon nos Estados Unidos, e Parfums de Marly na França, e agora estamos voltando nossa atenção para o mercado nacional. No Brasil, embora já tenhamos um portfólio de produtos de consumo, esta é nossa primeira incursão no segmento de cuidados capilares”, afirmou Rafael Patury, sócio-executivo da Advent. A marca californiana de produtos capilares Olaplex foi adquirida em 2019, enquanto a Orveon foi estabelecida em 2021 após a compra de marcas da Shiseido, como bareMinerals e Laura Mercier.
As negociações entre a Advent e os acionistas da Skala começaram há mais de dois anos. Durante esse período, um vídeo viral de uma consumidora peruana elogiando os hidratantes para cabelos cacheados e crespos da Skala provocou um aumento significativo nas encomendas internacionais. Para atender à demanda crescente, a Skala ampliou sua rede de distribuidores nos Estados Unidos de dois para doze no último ano.
Atualmente, a empresa exporta para cerca de 40 países, com mais de 60 por meio de distribuidores regionais. Embora o mercado internacional represente apenas 10% das vendas da Skala, está crescendo a uma taxa duas vezes maior que o mercado brasileiro. A empresa de Uberaba registrou um crescimento médio de 30% nos últimos oito anos no Brasil, alcançando um faturamento de R$ 1 bilhão no ano passado.
Com mais de 200 milhões de produtos vendidos anualmente, incluindo 155 tipos diferentes, a Skala também lançou recentemente linhas voltadas para bebês e crianças. Embora os acionistas não divulguem a margem de lucro, a empresa é lucrativa.
O novo acionista majoritário já implementou mudanças na administração, nomeando Cyro Gazola como CEO em uma fase de transição. Gazola, que passou 22 anos em posições estratégicas na P&G em cinco países e teve passagens pela Mondelez e Caloi, assume o cargo. Além dos dois assentos ocupados pela Advent no conselho, a gestora trouxe dois membros independentes: Alberto Carvalho, ex-CEO da P&G no Brasil, e Andrea Mota, ex-diretora executiva de O Boticário.
Além de fornecer capital para expandir a capacidade de produção e aumentar as vendas internacionais, a Advent adquiriu a participação de alguns investidores antigos da Skala. No entanto, os principais gestores do negócio, Antonio Sousa, Maria Claudia Lacerda e Publio Emilio Rocha, permanecem como acionistas minoritários.
Sousa, que ocupava o cargo de CEO, afirma que o desempenho da empresa nos últimos anos é resultado de uma estratégia estabelecida há quase uma década. Ele chegou à Skala em 2006 e, após a morte do principal acionista Oscar Lacerda em 2015, juntamente com Maria Cláudia, traçou um plano para garantir o futuro da empresa.
O foco foi concentrado na marca Skala, com a descontinuação da Bell Soft, resultando em uma pressão temporária sobre as margens. “Embora existissem marcas de qualidade no mercado de produtos capilares, elas eram voltadas para um segmento mais alto. Decidimos que a Skala seria o melhor produto para a base da pirâmide”, explicou Sousa. “No início, pode ter parecido um movimento arriscado devido à compressão das margens, mas sempre pensamos no longo prazo. Não foi apenas sobre lançar um produto revolucionário, mas sobre investir em qualidade.”
Oito anos depois, o volume de vendas aumentou cinco vezes e o faturamento cresceu oito vezes. As mudanças nos produtos e a estratégia de marketing nas redes sociais rejuvenesceram a marca, cujo público-alvo são jovens das classes C e D.
Embora a consolidação seja sempre considerada, os planos da Advent para a Skala no médio prazo não incluem uma agenda de fusões e aquisições, mas sim uma expansão orgânica. O investimento da gestora foi realizado por meio do fundo LAPEF VII, um veículo de US$ 2 bilhões dedicado à América Latina.