Casa de moda lança coleção de perfumes com cinco fragrâncias inspiradas em Veneza e essências de várias partes do mundo, da mirra somali à pimenta brasileira
Desafie Matthieu Blazy a dizer que a moda perdeu sua diversão. Desde que se tornou diretor criativo da Bottega Veneta em 2021, o designer franco-belga tem cuidadosamente curado cada coleção, desfile e campanha. Apenas Blazy poderia nos fazer acreditar que uma camisa feita inteiramente de couro parecia flanela ou que um vestido cintilante era coberto de lantejoulas.
No início deste ano, Blazy trouxe o influenciador Jacob Elordi como embaixador, onde ele imitou um coelho — uma referência sugestiva ao seu papel aclamado na comédia *Saltburn*, de Emerald Fennell. Mantendo o tema lúdico, o último desfile da marca para a coleção de verão 2025 trocou os assentos tradicionais por 60 pufes inspirados no reino animal e no icônico Sacco da Zanotta, uma peça de design criada em 1968 pelos designers italianos Piero Gatti, Cesare Paolini e Franco Teodoro.
A verdadeira genialidade? Nomear a coleção de “A Arca” e dispor os assentos em pares. A busca mágica de Blazy pela criatividade não só cativa, mas também se reflete em produtos refinados e meticulosamente elaborados, o que torna a Bottega Veneta excepcional.
Nesse contexto, Blazy apresenta sua primeira linha de fragrâncias da Bottega. Com cinco perfumes de alma distinta e forte personalidade, mas unidos em uma narrativa única. De fato, Veneza e o Intrecciato, o famoso padrão de couro da Bottega Veneta, foram as fontes de inspiração para essas criações olfativas. Cada perfume é concebido como uma mistura de ingredientes de diferentes países, que têm raízes em Veneza, a República Marítima. O objetivo declarado da marca é “contar uma história global, destilando essências de todos os cantos do mundo para criar fragrâncias evocativas que despertam os sentidos e capturam a imaginação.”
Sunstroke é uma das primeiras criações olfativas de Blazy. Ele quis replicar o aroma da pele após um dia de praia. O resultado é uma fragrância com toques mediterrâneos que combina notas relaxantes do óleo de angélica francês com a sensualidade da flor de laranjeira marroquina. Uma fragrância que utiliza notas distantes para evocar memórias próximas. Essa experiência se une a outro destaque da coleção, Acqua Sale, criado para evocar o aroma da água salgada no corpo, utilizando uma pirâmide olfativa centrada no labdanum amadeirado da Espanha e no óleo de zimbro da Macedônia.
Come with Me, por sua vez, mescla as notas cítricas da bergamota italiana com acordes de manteiga de íris francesa. A atmosfera muda com Déjà Minuit e Alchemie, as duas fragrâncias que completam a coleção, que buscam inspiração na noite. Elas exalam escuridão, sedução e mistério ao combinar gerânio de Madagascar com cardamomo da Guatemala. Déjà Minuit, por sua vez, evoca pimenta-rosa do Brasil e mirra da Somália.
Cada fragrância reflete a profundidade que Blazy está disposto a explorar, expandindo sua imaginação. Elas não apenas contêm, mas também simbolizam o artesanato e a herança da Maison.
As embalagens são feitas de vidro translúcido, com uma forma fluida e sinuosa. Polida, a garrafa imita a estética do vidro soprado artesanal e apresenta bolhas de ar mutáveis. Essas bolhas, geralmente vistas como imperfeições, tornam-se a assinatura de uma série de objetos absolutamente únicos, onde nenhum é igual ao outro. Além disso, o frasco repousa sobre uma base de mármore Verde Saint Denis, o mesmo mármore que caracteriza o design das lojas da Maison na era Blazy.
Essa base não só eleva os perfumes além de sua função, mas também evoca as paredes, pisos e fachadas de mármore da arquitetura veneziana. E é também na Lagoa que se encontra a joia das fragrâncias da Bottega Veneta, feita de madeira e inspirada nas fundações dos palácios que flutuam sobre a água. Um Objets d’Affection, um tesouro a ser preservado, pois é reutilizável e feito de materiais ecologicamente sustentáveis.