Granado eleva receita em 17% e amplia rede
Aos 150 anos, companhia prevê faturamento de R$ 680 milhões
Uma das mais conhecidas marcas brasileiras de perfumaria e cosméticos, a carioca Granado, completou 150 anos em janeiro com planos de investir R$ 60 milhões na abertura de lojas neste ano, intensificar sua presença na Europa e reforçar a identidade da Phebo, adquirida da Procter & Gamble em 1998.
Sob controle do inglês Christopher Freeman, de 76 anos, que adquiriu a empresa dos descendentes da família fundadora em 1994, a Granado espera faturar R$ 680 milhões em 2020, 15% a mais do que no ano passado. Em 2019, as vendas já cresceram em ritmo acelerado, de 17% na comparação ao ano anterior.
“Além dos investimentos em lojas, o crescimento é possível com o aumento dos pontos de venda no atacado, maior cadastramento de produtos nas unidades, levando promotores de vendas aos pontos para realizar apresentações e com ações de experimentação dos produtos”, diz Freeman.
A longevidade da Granado é um feito raro em um país em que mais da metade das empresas fecha as portas com cinco anos de operação. A fabricante de produtos de higiene e beleza integra um seleto grupo de empresas centenárias do qual também fazem parte, entre outras, Casa da Moeda, Banco do Brasil, Cia Hering e Alpargatas.
Parte da sobrevivência da Granado nas décadas recentes se deve a Freeman. Quando assumiu o controle em 1994, a Granado era uma empresa com problemas financeiros e parada no tempo.
Inicialmente, Freeman queria focar a atuação da Granado na produção. Depois de comprar a Phebo em 1998, decidiu investir também em uma rede de lojas próprias. Sua filha Sissi Freeman, atualmente diretora de marketing, auxiliou no processo de redesenhar embalagens e criar uma identidade para as marcas.
Fundada na atual rua 1º de março, no centro do Rio, em sobrado ainda ocupado por uma loja da empresa, a Granado hoje atrai consumidores também por seu estilo “vintage”, que reproduz antigas embalagens da marca, além de lojas inspiradas em farmácias do século XIX, com materiais de demolição e piso de ladrilho.
A Granado tem 81 lojas, das quais 76 da marca Granado e 6 da Phebo. O Estado de São Paulo concentra a maioria dos pontos, 22 unidades, incluindo a do Mooca Plaza Shopping, a ser inaugurada na segunda quinzena de março, e da rua Oscar Freire, no sofisticado bairro dos Jardins, prevista para ser inaugurada ainda neste primeiro semestre.
“A empresa costuma abrir dez lojas por ano. E não pretendemos crescer mais rápido do que isso. É preciso escolher bem o ponto, encomendar móveis da loja, contratar pessoal, treiná-los”, diz Freeman, que recebeu o Valor no escritório da empresa localizado em um novo prédio na zona portuária do Rio.
As lojas próprias permitem à empresa trabalhar um mix mais amplo de produtos das marcas, assim como mercadorias de maior valor agregado, que chegam a R$ 200 em alguns kits. Mas a maior parte (75%) do faturamento da empresa vem das vendas em farmácias e supermercados espalhados pelo país.
A fábrica de Japeri, localizada na região metropolitana do Rio, produz atualmente 110 milhões de sabonetes por ano. Em novembro do ano passado, a empresa fechou a unidade fabril da Phebo em Belém e a produção ficou concentrada na unidade do Rio. Em dez anos, a Granado investiu R$ 400 milhões na fábrica fluminense.
Apesar do fechamento da unidade em Belém, a Granado pretende reforçar a identidade da marca. Segundo Sissi, as marcas estão traçando caminhos diferentes. A ideia é que a Granado tenha um perfil mais voltado para a venda em farmácias, com produtos de tratamento e tradicionais. O caminho da Phebo seria mais ligado ao universo da moda.
“Queremos que a Phebo seja identificada não apenas pelo sabonete. Lançamos mais produtos da marca, principalmente em perfumes, e repaginamos muita coisa”, afirma Sissi. “Pouco a pouco, podemos ter lojas das duas marcas no mesmo shopping, por exemplo.”
A internacionalização é outra etapa mais recente da reinvenção da Granado conduzida por Freeman. A empresa tem atualmente três lojas em Paris. O sonho do inglês é agora abrir uma unidade em Londres.
Fonte: Valor Econômico 26.02.2020