Estados Unidos foram o principal país de destino dos produtos capilares brasileiros nos quatro primeiros meses deste ano

A cidade de Miami, nos Estados Unidos, tem sido uma das apostas das pequenas e médias fabricantes de cosméticos brasileiras para ampliar o faturamento e ganhar destaque no mercado internacional, especialmente no segmento de cabelos. A categoria foi a recordista em exportações no ano passado, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), somando US$ 200,2 milhões em faturamento, alta de 8,9% no comparativo anual. Ainda de acordo com a Abihpec, os Estados Unidos foram o principal país de destino dos produtos capilares brasileiros nos quatro primeiros meses deste ano.

O sucesso dos produtos capilares brasileiros no exterior, relacionado à diversidade de fios presentes no país e à necessidade constante de inovação, tem levado empresários a lançarem suas marcas já mirando no mercado internacional.

O analista da consultoria Circana, Daniel Moramoto aponta que vários dos expositores presentes na feira de negócios Cosmoproof, realizada nos Estados Unidos no início deste ano, chamaram atenção dos empresários mesmo sem rótulos em inglês nas embalagens.

De acordo com Moramoto, a realização da última edição da feira não ter sido em Las Vegas e sim em Miami, região com forte presença latino-americana, é uma das evidências do potencial da região. “A miscigenação brasileira fez com que o Brasil fosse polo de pesquisa, com multiplicidade de peles e cabelos. A categoria de cabelo sempre foi uma das mais relevantes, por ser muito mais diversa nesse sentido, o que leva que as marcas desenvolvam produtos mais inovadores”, afirmou ao Valor.

A categoria de produtos para cabelos no ano passado contribuiu para o patamar recorde de exportações da indústria brasileira de beleza, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Dos US$ 911,2 milhões exportados ano passado, US$ 200,2 milhões são advindos de produtos para cabelos, o que representa alta de 8,9% em relação ao desempenho da categoria em 2022. Nos quatro primeiros meses deste ano, segundo a Abihpec, a categoria somou US$ 67,8 milhões em exportações, sendo os Estados Unidos o principal país de destino.

A capacidade de atender ao mercado internacional foi um dos requisitos para o lançamento da marca Piave Cosmetics, que acaba de estrear simultaneamente nos mercados brasileiro e americano. A empresária Carolina Ronchesi, que até então era dona de um salão de beleza na capital paulista, afirma que todo o investimento na criação da marca, manutenção do escritório nos Estados Unidos e formação do estoque inicial demandou R$ 2 milhões, levantados a partir de recursos próprios.

Após a experiência de três anos atuando como distribuidora de produtos brasileiros com um escritório sediado em Miami, a empresária decidiu criar a marca própria de produtos capilares e espera recuperar os investimentos em receita a ser alcançada ainda neste ano.

A distribuição da linha profissional de produtos será feita em modelo B2B, com expectativa de mil salões parceiros no Brasil até o final deste ano. Outra linha da Piave, direcionada ao uso doméstico, será distribuída simultaneamente nos mercados brasileiro e americano. Os produtos são formulados a partir de propriedades do pistache. “Apesar de ser um mercado muito competitivo, ele está sempre em alta e com espaço para crescer. O pistache não é um ingrediente utilizado por outras marcas, então é uma inovação que estamos trazendo”, afirma Carolina Ronchesi.

Outra empresa americana com DNA brasileiro é a Braé Hair, cujos rótulos já destacam que os produtos são produzidos no Brasil com exclusividade para a marca. O CEO Renato Antunes conta que criou a Braé em 2015, em Miami, com a proposta de produtos que preparassem os fios para procedimentos como escova progressiva — e levar a beleza dos cabelos brasileiros para o público americano. A partir de 2018, a companhia expandiu seu portfólio para além do uso profissional, com várias linhas também para uso doméstico.

Desde 2020, a companhia também diversificou seus canais e, além das operações B2B com revenda em salões de beleza, também operam vendas on-line em lojas parceiras e em um e-commerce próprio. O faturamento da Braé no ano passado ultrapassou R$ 8,3 milhões, o que representa salto de quase quatro vezes ante a receita de 2022. Para este ano, a companhia espera alta de 30% a 40%.

Fonte: Valor 16.06.2024