Mutari já exporta cosméticos profissionais para 20 países
Com fábrica em Belo Horizonte, marca tem capacidade de produzir 250 mil itens por mês
“Mutari”, do latim, significa “transformação”. Para Olindo Batistelli, 55, presidente do Grupo Mutari, a palavra dá significado a uma busca constante de uma beleza maior tanto exterior como interior. Foi com esse desafio que o administrador de empresas abriu a empresa de cosméticos profissionais de tratamento do cabelo, estética corporal e facial. De uma fábrica de fundo de quintal de 500 m², em 1996 – hoje são nove galpões distribuídos em cerca de quatro bairros de Belo Horizonte com 120 funcionários – a Mutari está em 500 distribuidores específicos da área profissional, a maioria, salões de beleza e clínicas de estética em todos os Estados brasileiros, além da loja virtual, de produtos para uso do consumidor final.
Além disso, a marca mineira exporta para 20 países da Europa, da África, do Oriente Médio, da América do Norte e da América do Sul. Hoje, 5% do faturamento da Mutari vem das exportações, mas, nos próximos dez anos, a meta de Batistelli é chegar a 30% do faturamento. “A Mutari já tem uma empresa nos EUA, e o foco é ampliar os negócios nos EUA também. Lá fora procuram muitos produtos para transformação da forma do cabelo. Hoje, o Brasil é um dos países que dominam o mercado de produtos profissionais”, conta.
Portfólio e produção
Com um portfólio de 300 itens divididos entre os segmentos capilar profissional e de estética, os produtos da Mutari envolvem a transformação da forma (de cacheado para liso, por exemplo), colorações, finalização, tratamento profissional, manutenção, uso diário, além dos produtos da estética corporal e facial. “Não estamos em pontos de venda do varejo. É uma estratégia. São produtos de alta performance com preços maiores que o varejo”, diz.
Na fábrica de 2.500 m² no bairro Castelo, a operação é feita em um turno. A capacidade de produção da Mutari é de 250 mil itens por mês. Hoje, produz metade disso – 125 mil itens. Por isso, Batistelli criou estratégias para crescimento – a primeira delas – trabalhar o mercado externo e diversificar o mix de produtos com a entrada na área de estética. “Ampliamos o time de prospecção para aumentar o número de distribuidores e aumentar o share de mercado, e entramos no e-commerce onde trabalhamos com os produtos de uso para o consumidor final”, conta Batistelli, que também está terceirizando para marcas internacionais. É que o câmbio favorece a exportação, e o produto fica mais competitivo lá fora.
Empresa começou a história a partir de um sonho da família
Olindo Batistelli conheceu a esposa France, farmacêutica industrial, na primeira empresa de cosméticos que trabalhou. O casal mais um irmão de Batistelli, Vilfredo, administrador de empresas, começaram a sonhar em ter a própria empresa de cosméticos em 1991. “Só que, nesse meio-tempo, eu fui trabalhar numa outra empresa, onde fiquei quatro anos. Vi que já estava preparado e tinha que partir para nosso sonho, quando entrou o outro irmão, Leandro, e em 1996 montamos a empresa”, lembra Batistelli.
A Mutari começou em Belo Horizonte, por meio do projeto Mãos de Minas, no qual o governo dava um benefício para artesãos tanto na área fiscal como vigilância sanitária. Em seis meses, a Mutari já havia estourado o limite de faturamento para ficar no programa. A produção inicial era de três perfumes, 3.000 itens por mês. “Começamos a diversificar e lançamos um reparador de pontas para ter entrada nos salões em 1997”, informa.
Ainda em 1997, com um volume de faturamento maior, a família Mutari foi orientada a montar uma indústria dentro dos padrões da Anvisa.
O investimento inicial no negócio foi de US$ 20 mil em 1996. “Logo no início, conseguimos aprovar o projeto no BNDES, e aí o ex-governador Itamar Franco decretou a moratória, e esse foi o primeiro aperto. Continuamos a obra e conseguimos”, diz.
Peculiaridade
Produto. Com ativos específicos, a Mutari tem linhas de tratamento para cada tipo de cabelo. Se uma mulher tem cabelo cacheado e alisou e ficou loura, por exemplo, tem um tipo de produto.
Expectativas
– Olindo Batistelli traçou um cenário pessimista de 2,5% de crescimento; um mediano, de 5%; e um otimista, de 7,5%. A alta está próxima do mediano.
– “Até 2010, a empresa crescia mais de 30% ao ano. Depois, reduziu, e no final do governo Dilma não chegava a mais de dois dígitos. Em 2018, foi de 1% ante 2017, e, se não fosse a exportação, tinha caído mais”, conta Batistelli.
Fonte: O Tempo 18.04.2019