Nova técnica drug delivery facilita absorção de substâncias na pele
Na cosmiatria, as indicações são para o tratamento de melasma, rugas, flacidez, cicatrizes traumáticas, estrias, cicatrizes de acne e queda de cabelos
A pele tem a capacidade de absorver diversas substâncias. Algumas penetram as camadas mais superficiais e, outras, as mais profundas do órgão, podendo entrar inclusive na corrente sanguínea. A penetração de substâncias de cosméticos, por exemplo, nem sempre é possível por causa de barreiras naturais – como principalmente o estrato córneo (camada mais externa da pele, composta por queratina). Uma nova técnica, denominada drug delivery, vem sendo proposta para auxiliar a penetração de produtos tópicos nas camadas internas. Ela consiste na “entrega” de medicação na pele imediatamente após o uso de laser ablativo ou de microagulhamento, criando canais de abertura, o que facilita a absorção da droga. O assunto já é discutido mundialmente faz alguns anos, mas apenas mais recentemente a técnica vem sendo utilizada como uma das melhores alternativas.
O drug delivery pode ser adotado para rejuvenescimento, estrias, cicatrizes, melasma, queda de cabelos, etc. A dermatologista Luiza Pitassi, coordenadora do Ambulatório de Cosmiatria do Hospital de Clínicas (HC), conta que o drug delivery tem sido empregado na Unicamp através de protocolos de tratamento na área de Cosmiatria e que, em breve, novos estudos serão desenvolvidos (por meio da elaboração de protocolos clínicos) para o uso desta técnica no tratamento do câncer de pele, o mais incidente no Brasil.
Segundo Luiza, é uma técnica que consiste na utilização de métodos para aumentar a permeabilidade da pele e melhorar a penetração cutânea de medicamentos. A absorção de medicamentos enfrenta um grande desafio que é a função de barreira da pele, que limita a absorção de muitos ativos. Somente algumas moléculas têm a capacidade de atravessar esta barreira, e a biodisponibilidade cutânea da maioria das drogas é baixa, variando de 1 a 5%.
Recentemente, o uso de lasers como promotores de drug delivery tem demonstrado ótimos resultados na entrega de medicamentos na pele de forma uniforme e controlada. Os lasers ablativos (CO2 10.600nm e o Erbium YAG 2940nm) criam microcanais na pele chamados de microzonas térmicas que auxiliam nesse trabalho. Outro método de ablação do tecido associado à técnica de drug delivery é realizado por meio da radiofrequência fracionada com agulhas. Neste procedimento, a aplicação da energia é feita por meio de eletrodos finos na pele, com formação de microporos que permitem o transporte de drogas e macromoléculas, sendo utilizada para as mesmas indicações que os lasers ablativos.
Um outro exemplo é o uso de procedimentos com aparelhos de microagulhas através do rolamento de agulhas na pele, criando condutos que permitem que substâncias (desde pequenas moléculas até macromoléculas) possam penetrar. Estes microcanais facilitam a entrega da droga de maneira eficiente e podem aumentar em até 80% a absorção de moléculas maiores. Imediatamente após o procedimento, é realizado o drug delivery com aplicação dos princípios ativos através de uma massagem durante dois minutos nas áreas tratadas.
Recentemente, tem sido empregada ainda uma nova técnica chamada de microinfusão de medicamentos na pele para tratar várias doenças dermatológicas. Esta técnica permeia os medicamentos na derme de forma eficaz e precisa através de uma máquina que utiliza microagulhas, em movimentos de vai e vem, com velocidades e profundidades controladas.
Na cosmiatria, as indicações mais comuns de drug delivery são para o tratamento de melasma, rugas, flacidez, cicatrizes traumáticas, estrias, cicatrizes de acne e queda de cabelos. Esta técnica também tem sido empregada no tratamento do câncer de pele. As substâncias mais utilizadas com essa técnica são vitamina C, E, ácido ferúlico, ácido hialurônico, ácido polilático, ácido retinoico, toxina botulínica, metotrexato, 5-fluorouracil (5-FU), imiquimode, mebutato de ingenol, minoxidil, fatores de crescimento, ácido 5-aminolevulínico e metilaminolevulinato.