Startup cria solução que substitui cartilagem e tecido
Ideia é acelerar cultivo de células para produzir minitecidos e miniórgãos
Um conceito que, à primeira vista, pode parecer tirado do roteiro de filmes de ficção científica, é a solução apresentada pela Biomimetic Solutions, startup que surgiu no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CefetMG). A produção de tecidos e órgãos fora do corpo humano é o objetivo do produto desenvolvido por duas professoras da instituição, especialistas na área de Engenharia de Tecidos e Polímeros, juntamente com três alunos do curso de Engenharia de Materiais.
A plataforma biodegradável fabrica tecidos e órgãos em 3D, que mimetizam tecidos humanos funcionais para aplicação em pesquisas, testes, terapias e substituição de tecidos danificados, como no caso de queimaduras.
“A ideia é melhorar e acelerar o cultivo de células para produção de minitecidos e mini órgãos para testes in vitro, com o objetivo de produzir pele artificial e outros tipos de tecidos como cartilagem e tecido cardiovascular. No futuro queremos testar os produtos com vários tipos de células para entender aonde ele vai se comportar melhor, mas o nosso foco principal agora é na produção da pele”, explica a sóciofundadora e CEO, Lorena Viana Souza.
Denominada Scaffold, a plataforma está em fase de testes biológicos em parceria com laboratórios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), usando células animais e humanas para o processo de validação do produto. A necessidade das indústrias de cosméticos e farmacêuticas de eliminar testes em animais até 2019 é um dos fatos que justifica a prioridade pela produção de pele artificial segundo Souza. “Entre os métodos alternativos para essas empresas estão os testes na pele sintética. Atualmente, a pele produzida é feita com uma estrutura à base de colágeno, que é uma matriz mais cara, com método de produção muito sofisticado e tem origem animal. O que desenvolvemos é uma estrutura sintética que tem características bactericidas e regenerativas, acelerando o crescimento celular”, afirma a CEO.
Os aditivos naturais usados nos scaffolds da Biomimetics permitem controlar propriedades como taxa de biodegradação, porosidade e propriedade mecânicas, garantindo um local adequado para o crescimento celular. De acordo com a também sócia fundadora e CEO, Alana Benz, esse é o diferencial em relação às técnicas adotadas atualmente pela indústria, que proporciona uma redução de cerca de 65% nos custos de produção. “As células injetadas na plataforma começam a crescer e se diferenciar até virar uma estrutura de pele e é muito importante que o tecido seja tridimensional, com altura e camadas para se assemelhar ao tecido real. Além disso, os aditivos usados no nosso produto fazem com que ele seja mais barato do que os scaffolds que usam o colágeno e conferem propriedades diferenciadas como melhoria da capacidade regenerativa dos tecidos”, esclarece Benz.
Aproveitando esse grande potencial de mercado, a startup está em contato com laboratórios e empresas de cosméticos e a meta, segundo Souza, é validar todos os produtos para começar o processo de venda e captação de clientes até o final deste ano. A sócia fundadora conta ainda que os primeiros dois meses de participação no programa de aceleração Fiemg Lab foram imprescindíveis para adequar uma ideia acadêmica a um modelo de negócios “Como nós viemos da universidade com um projeto bastante acadêmico, não tínhamos visão de como modelar um negócio. Participar programa é importante porque aprendemos a transformar uma tecnologia tão técnica em um modelo de negócios”, comenta Souza.
Fonte: Diário do Comércio