Brasil domina mercado de perfumes na América Latina
Estudo da Euromonitor analisa hábitos e forma de consumo do mercado latino-americano onde as marcas populares imperam e as de luxo ainda engatinham
O mercado de perfumes na América Latina vem se mostrando resiliente em meio a crises econômicas, com um desempenho que supera outros produtos de beleza. Segundo estudo realizado pela Euromonitor, o mercado cresceu 5% entre 2010 e 2015 e o Brasil é quem lidera esse avanço. Com um “império” de marcas populares, o país responde por mais de US$ 6 bilhões de um total de US$ 10,7 bilhões na América Latina. Dos perfumes luxuosos aos mais ecônomicos, a categoria registra um crescimento que ultrapassa os grandes centros urbanos.
Como era de se esperar, diante da crise econômica, a busca pelo preço baixo impera. O mercado latino-americano de perfumes também é marcado pela falta de competição e de variedade. De acordo com a Euromonitor, este cenário se sustenta devido ao próprio modelo de comercialização: as vendas diretas são o canal mais forte – em alguns países respondem por mais da metade das vendas totais. “Os grandes distribuidores estão posicionados na categoria popular oferecendo assim pouca variedade de marcas ou produtos aos consumidores”, diz o estudo da Euromonitor. Considerando a América Latina, as marcas populares respondem por 83% das vendas – um número impulsionado sobretudo pelo gosto do consumidor brasileiro.
No Brasil, segundo a Euromonitor, o preço e o aroma são os fatores determinantes para conquistar os consumidores. Mesmo marcas conhecidas como a Natura, que vem investindo em maior qualidade, protagonizam uma preocupação em manter os precos acessíveis ao consumidor, diz a consultoria.
Força brasileira
O hábito de usar perfume de forma regular e várias vezes ao dia é forte no Brasil. A mulher brasileira, que representa a fatia maior no consumo de perfumes, tende a reaplicar o produto mais do que uma vez ao dia. O estudo apontou uma clara divisão: os brasileiros do Norte do país são os maiores consumidores dos perfumes, enquanto o interesse vai diminuindo para o sul do país.
Outra característica de mercado é que o segmento premium vem crescendo no Brasil, bem como no México e na Colômbia. O surgimento de novos canais de distribuição e venda propiciados pela internet, além da implantação de redes e lojas no varejo especializado, caso da Sephora e Beauty Box, abrem caminho para o apetite do consumidor. Aqui, a diferença é que o maior faturamento do setor não estaria ligado necessariamente ao aumento na demanda. “É mais uma consequência da desvalorização do real, que forçou fabricantes a aumentarem os preços no varejo, do que um apetite dos consumidores”, avalia a Euromonitor.
Grande parte do crescimento do mercado brasileiro deve-se à expansão do Boticário, que adotou uma estratégia de crescimento no número de lojas pelo país. A companhia disputa espaço com a Natura, que mantém a posição de liderança na América Latina por quase uma década, e que por sua vez também vem apostando nos últimos anos na abertura de lojas especializadas. Abaixo, confira quais são as marcas com maior número de vendas no Brasil:
Empresa com mais vendas em 2015
1 Boticário
2 Natura
3 Avon
4 Puig
5 Suissa Industria e Comercio
6 Grupo Silvio Santos
7 Coty
8 Lvmh Moet Hennessy Louis Vuitton
9 L\’Oreal
10 Procter & Gramble
11 IPEC Indústria de Perfumes
12 Fanape – Fábrica Nacional de Perfumes
13 Johnson & Johnson
14 Hypermarcas
15 Dana Classic Fragrances
16 Clarins
17 Perrigo
18 Casa Granado
19 Shiseido
20 Estee Lauder
Fonte: Euromonitor Abril/2017
Futuro
Não é exagero discutir o futuro do mercado de perfumes com foco na América Latina. A região, com faturamento de US$ 10,7 bilhões, tem um peso maior na indústria do que na América do Norte. Fica atrás apenas da Europa Ocidental.
Não fosse a turbulência econômica, a América Latina poderia ter crescido ainda mais nos últimos anos. “As compras que ocorrem na região são ditadas de forma geral pelas circunstâncias e momento do consumidor e não por uma escolha entre marcas, por exemplo”, avalia a Euromonitor.
Com o crescimento número de lojas especializadas na área de beleza, as vendas diretas perderão espaço nos próximos anos, principalmente no Brasil, México e Argentina. Segundo o estudo, a visão de mercado para o setor mudará substancialmente e passará a ser influenciada por especialistas de beleza (que vão ganhar maior evidência na mídia e redes sociais) e a chegada dos produtos a centros urbanos de menor porte. Esses fatores vão estimular a competição entre as empresas do segmento e levar ao surgimento de nichos e marcas específicas. E, de novo, quem vai ganhar espaço é o mercado premium: a projeção da Euromonitor indica um crescimento de 6% nas vendas entre 2015 e 2020. Entre as marcas populares, a previsão é de crescimento de 3% no mesmo período.
Fonte: Época Negócios