Após uma década, CEO da Unilever vai deixar cargo
Paul Polman, executivo-chefe da Unilever, vai deixar o cargo em janeiro, encerrando uma década no comando da gigante de produtos de consumo.
A saída ocorre meses depois de o executivo ter perdido uma disputa traumática com acionistas sobre a mudança da sede da empresa para fora de Londres.
Polman será substituído por Alan Jope, o executivo escocês responsável pela divisão de beleza e cuidados pessoais, que é a maior da Unilever.
A tentativa de Polman de simplificar a estrutura corporativa anglo-holandesa da Unilever, consolidando sua sede em Roterdã, expôs as tensões entre a dupla líder da empresa – o executivo-chefe e Marijn Dekkers, presidente do conselho, ambos holandeses – e os acionistas britânicos. Os investidores ficaram com a impressão de que a empresa estava procurando proteção na Holanda, onde uma aquisição hostil como a que a Kraft Heinz tentou no ano passado seria impossível.
Ontem, Dekkers negou a hipótese de que a saída de Polman estivesse ligada ao esforço fracassado de simplificação corporativa, ou que a nacionalidade de Jope tenha influído para sua escolha. Em anos anteriores, a divisão de poder na Unilever significava que os cargos de presidente do conselho e executivo-chefe tendiam a ser divididos entre executivos holandeses e britânicos.
“Depois de um processo extensivo, escolhemos o melhor candidato disponível, independentemente de sua nacionalidade”, disse Dekkers. “A escolha de Alan representa a continuidade.”
Mas a saída de Polman, um proeminente defensor do chamado capitalismo de múltiplas partes interessadas, que exige que as empresas estejam conscientes de seu impacto social mais amplo, sinaliza o fim de uma era na Unilever.
Como outros grupos mundiais de bens de consumo, a empresa está tentando conservar a lealdade dos consumidores enquanto seus gostos e hábitos de compras mudam rapidamente e as compras on-line reordenam a antiga hierarquia no varejo.
As ações da Unilever superaram em muito o índice FTSE 100 durante o mandato de Polman, subindo cerca de 150% desde 2009, enquanto o FTSE 100 está 70% mais alto. O executivo descreveu sua luta bem-sucedida contra a tentativa de aquisição hostil pela Kraft Heinz como uma “experiência próxima da morte”.
A última medida significativa de Polman seja uma aquisição de tamanho médio para ampliar a presença da Unilever na Índia; o executivo é o finalista nas negociações para comprar o negócio de nutrição ao consumidor da GlaxoSmithKline.
Jope, de 54 anos, construiu toda a sua carreira na Unilever. Ele subiu na hierarquia trabalhando em grandes mercados emergentes, como China e Rússia, assim como nos Estados Unidos. Ontem, a empresa informou que Polman vai permanecer por um período de transição de seis meses.
Uma das decisões mais importantes de Jope será se vai ou não manter as metas ambiciosas de vendas e margem de crescimento que Polman definiu logo depois de evitar a tentativa de aquisição pela Kraft Heinz. As metas fixadas são de crescimento das vendas entre 3% e 5%, e de elevação da margem para 20% até 2020. Isso deixa a Unilever numa posição delicada em meio a suas tentativas de reduzir custos e estimular a demanda por novos produtos.
Fonte: Valor