Como impulsionar o uso de cosméticos para as mãos e pés no Brasil
Por Juliana Martins
Os produtos para o corpo são bastante populares no Brasil. Dados da Mintel, publicados no relatório Produtos para Cuidados com o Corpo, de 2015, revela que cerca de 53% dos brasileiros usam produtos como loções hidratantes e esfoliantes, uma vez por dia ou mais. Já produtos específicos para mãos e pés apresentaram uma porcentagem muito menor de utilização: 24% dos consumidores disseram usar produtos para as mãos e apenas 12% produtos para os pés diariamente. Já no Reino Unido, 46% dos respondentes disseram utilizar cremes para as mãos, segundo o relatório Body, Hand and Footcare – UK, Junho de 2014. Talvez por causa das baixas temperaturas na maior parte do ano no país, a população veja a necessidade de hidratar sempre esta parte do corpo, uma das mais afetadas pelo frio.
A pesquisa do Brasil mostrou ainda que, por exemplo, 27% dos brasileiros afirmaram não ter usado produtos específicos para o corpo nos últimos seis meses. Quanto aos produtos para as mãos, 62% disseram não ter usado este tipo de produto, e mais de sete em cada dez brasileiros, 73%, disseram não ter passado produtos para os pés no último semestre. Quando perguntados sobre a importância de hidratar o corpo regularmente, 27% dos brasileiros que usaram produtos corporais nos últimos seis meses disseram ser importante hidratar mãos e pés regularmente (29% são mulheres e 24%, homens). Para fazer uma comparação, 61% dos usuários americanos e 57% dos usuários britânicos consideram essa ação importante (de acordo com os relatórios Body, Hand and Footcare – US, Junho de 2014 eBody, Hand and Footcare – UK, Junho de 2014).
Alguns fatos poderiam explicar essa baixa utilização, pelos consumidores brasileiros, de produtos específicos para mãos e pés. Em primeiro lugar, essas partes do corpo são menos visíveis do que outras, então talvez as pessoas não considerem tão necessário tratá-las. Além disso, o clima quente e tropical existente na maior parte do território nacional contribui para que a umidade em grande parte do país seja alta, fazendo com que os brasileiros não sintam tanto (como no hemisfério Norte, por exemplo) a necessidade de hidratar estas partes do corpo que estão menos expostas. Outra hipótese é que, provavelmente, muitos consumidores utilizem o mesmo produto para o corpo nas mãos e pés, expandindo assim esta utilização com um mesmo e único produto.
Para tentar aumentar esta utilização e fazer com que os consumidores se sintam mais atraídos por esses tipos de produtos, as marcas poderiam criar produtos com uma comunicação criativa, mostrando a importância das substâncias existentes nas fórmulas dos cremes, manteigas ou óleos para mãos e pés.Outra ideia seria criar métodos específicos de uso, como por exemplo um creme que o consumidor passe antes de dormir e deixe agir enquanto dorme. Ou para ocasiões especiais, como por exemplo um óleo que hidrate mãos e pés após a praia, ou após a prática de esportes.
Ou então, elas poderiam tentar aumentar a curiosidade dos consumidores desenvolvendo produtos de maior valor agregado como produtos que hidratem mãos e pés e que ao mesmo tempo fortaleçam as unhas, ou que hidratem e ao mesmo tempo evitem os efeitos da exposição ao sol com formulações que contenham fator de proteção solar. Ou ainda, e por que não, itens que hidratem e perfumem a pele das mãos e pés ao mesmo tempo que combatam os germes.
Juliana Martins é especialista de Beleza e Cuidados Pessoais da Mintel, no Brasil. Ela possui dez anos de experiência nas áreas de comunicação e marketing no Brasil e na França, onde trabalhou com inteligência de mercado na Chanel Parfums Beauté, em Paris. Formada em jornalismo pela PUC-Rio, tem dois MBAs na França, um em Comunicação Empresarial e outro, em Marketing.