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Cosmetic Innovation - Know More. Create More.RadarCuidado com a pele do rosto ganha protagonismo e turbina negócios

Cuidado com a pele do rosto ganha protagonismo e turbina negócios

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Skincare move empreendedores de portes pequeno e médio, como Sallve, B.O.B. e Quintal, além de gigantes como O Boticário; redes sociais viram canal de difusão, com postagens de ‘modos de usar’

No ano em que passamos a maior parte do tempo com o rosto coberto pelas máscaras, a rotina de cuidados com a pele ganhou projeção e confirmou para o mercado a existência de uma parcela robusta de interessados em produtos de beleza desta categoria, conhecida como skincare.

Não é por acaso que o Grupo Boticário anunciou em setembro o reposicionamento da sua marca de maquiagens Quem disse, Berenice?, que passará a focar em cuidados para a pele (do rosto e do corpo) com a linha Skin.q.

Nativos digitais e com canais de comunicação direta com o consumidor, pequenos empreendedores tateiam esse mercado há mais tempo e escalaram empresas em meio à pandemia, considerada por eles uma mola propulsora para o setor.

Para a publicitária e influenciadora digital Julia Petit, o mercado da skincare bebeu da fonte do boom da maquiagem, há cerca de cinco anos. “Para mim, era um passo quase inevitável que as pessoas iriam começar a prestar atenção na qualidade da pele e no quanto a pele saudável melhora o resultado da maquiagem”, diz.

Com a leitura de que os produtos de beleza que já existiam eram divididos entre marcas tradicionais e fármacos (industriais ou manipulados), Julia entendeu que havia um espaço a ser conquistado, apostando principalmente na relação entre empresa e cliente.

“Todo mundo estava fazendo a mesma coisa, ainda trabalhando aquela maneira meio antiga de comunicar imperfeições, para então oferecer um produto para solucionar o problema que a própria marca colocou na pessoa”, afirma.

Foi assim que ela cofundou a Sallve em junho de 2019. A marca conta atualmente com uma linha de oito produtos focados em limpeza, esfoliação, hidratação, entre outros produtos para cuidar do rosto.

“A gente não cria nada da nossa cabeça. Passo o dia inteiro com o dedo ligado na tomada da comunidade, escutando as pessoas na rede social para entender as insatisfações, o que elas estão desejando e que, às vezes, não conseguem nem explicar para a gente.”

A Sallve, conta Julia, passa por algumas etapas até lançar um item e faz o que ela chama de “quiz da pele”, entendendo o que as pessoas usam e não usam. Depois da análise desses dados e do desenvolvimento dos produtos com os times de dermatologistas e pesquisa, ele é testado em laboratório e volta para a comunidade.

“A efetividade vem muito da experiência das pessoas (clientes da comunidade), que um teste de laboratório não traz, pois é hermético.” A Sallve tem 80 funcionários e as vendas cresceram cinco vezes desde março deste ano.

Sobre a consolidação do mercado e, com isso, o aumento de empresas e até gigantes à procura de uma fatia, Julia acredita que esse é o melhor dos cenários. “O mais legal é um mercado diverso, porque a penteadeira de ninguém tem uma marca só. Para a gente é maravilhoso que esse mercado esteja crescendo, seja do ponto de vista dos clientes, das marcas e de possíveis investimentos nessas empresas.”

Também de olho no que o cliente deseja, a B.O.B (Bars Over Bottles), empresa especializada em xampus e condicionadores naturais em barras, lançou há três semanas duas barras de limpeza facial. Essa é a primeira linha que não tem como foco o cabelo.

“Tem ideias que não estavam no radar e de repente você começa a ver uma recorrência de comentários e e-mails de pessoas pedindo produtos específicos. A gente tem até uma espécie de um formulário que mandamos em nossa newsletter para captar essas informações”, conta a sócia-fundadora Andréia Quércia.

A empresa já vendeu 5 mil itens das barras faciais em menos de um mês, o que fez com que ainda não conseguisse formar um estoque dos produtos. Uma barra para peles sensíveis está em desenvolvimento e a empresa cresceu quatro vezes em volume de vendas em meio à pandemia.

Empresa cria spin-off após mapear potencial do skincare

Há mais tempo no mercado, a Quintal Dermocosméticos foi fundada em 2016 a partir de uma demanda detectada na marca-mãe, a Feito Brasil, de produtos para banho. “A Feito Brasil lançou em 2011 uma máscara de argila, que fez muito sucesso. Era o único produto para o rosto. E foi vendo esse sucesso que nasceu a Quintal”, explica o CEO Giulio Peron.

Hoje, a empresa tem pouco mais de 20 itens no portfólio, desde antiacne, antissinais, hidratantes, esfoliantes até as máscaras de argila, na lista de produtos mais vendidos. De acordo com Giulio, a pandemia impulsionou o e-commerce da Quintal, que apresentou alta de 500% no volume de vendas. Em faturamento, a empresa cresceu de R$ 4,2 milhões, em 2019, para R$ 7 milhões até o momento.

Além do e-commerce próprio, a Quintal ainda vende em lojas, como Sephora, e fez parcerias com empresas de outros setores, como a Amaro (moda) e a Westwing (decoração). “A Amaro criou na pandemia um coletivo de marcas focadas em bem-estar. Passamos a vender pela plataforma deles desde maio. Fomos uma das cinco primeiras marcas a entrar nesse coletivo”, conta Giulio, sobre o interesse da empresa de moda em incorporar itens de skincare.

“O skincare virou uma verdadeira febre. Quem nunca tinha provado uma máscara nessa quarentena provavelmente provou ou viu muita gente nas redes experimentando. Além disso, teve o olhar do cliente para a sustentabilidade. Somos uma empresa B (modelo de negócios baseado no desenvolvimento social e ambiental) e as pessoas começaram a dar muito mais valor para essa questão”, acredita o CEO.

Do desenvolvimento à produção, todos os itens são feitos pela própria equipe, que conta com 38 funcionários e 50 mil itens por mês. Agora, a empresa se prepara para a expansão internacional.

Consumidor digitalizado e redes sociais potencializam mercado 

Uma busca rápida por #skincare no Instagram mostra 67,3 milhões de publicações. Há também a variação #skincareroutine, com 12,9 milhões. As redes sociais são o principal canal de difusão sobre rotinas de cuidado com a pele e produção de conteúdo, feita por influenciadores e as próprias marcas. Para elas, a ferramenta aumenta a visibilidade e abre um canal direto para a conversa com o cliente.

“Se não tivesse rede social, o boom do skincare não teria acontecido neste ano com a mesma intensidade”, arrisca Giulio Peron, da Quintal. Para ele, ensinar as pessoas sobre como utilizar os produtos e criar uma rotina de skincare é muito mais simples de ser feito por meio das redes sociais.

“O Instagram ajuda a ser um tipo de manual de uso dos produtos, que alavanca vendas. As redes sociais são uma baita ferramenta de exposição de marcas que estão nascendo, como a nossa”, acredita Andréia, da B.O.B.

 

 

 

 

 

Fonte: Estadão 15.01.2021

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