Empresas dos setores cosmético, farmacêutico e de saúde são alvos

A Rosatom Healthcare (RHC), subsidiária da estatal russa de energia nuclear Rosatom, vai operar um centro de irradiação no Estado de São Paulo. A empresa vai trabalhar em conjunto com a companhia brasileira CK3, com o apoio da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvesteSP).

A joint venture vai usar tecnologia russa para emitir feixes de elétron e raios X capazes de realizar a esterilização de produtos farmacêuticos, cosméticos e de saúde. “Vamos oferecer uma alternativa mais sustentável de radiação ionizante”, afirma Raphael Guiguer, diretor da CK3.

Segundo ele, no mercado brasileiro predomina a radiação gama, feita a partir do cobalto 60. “Esse é um material radioativo, mais difícil de eliminar.”

O entrevistado diz ainda que existem poucas alternativas para esse serviço no País, o que fortalece a aposta na operação. “O mercado daqui ainda é monopolizado, existe pressão por uma nova alternativa.”

O centro de irradiação ficará no Estado de São Paulo, em um município ainda não determinado, e deve começar a funcionar em 2020, afirma Guiguer.

De acordo com nota divulgada pela InvesteSP, o diretor-geral da companhia russa, Denis Cherednichenko, vê grande potencial no mercado brasileiro e aposta que o serviço de irradiação poderá “melhorar significativamente” a segurança e a qualidade dos bens e serviços no País.

Ainda segundo o comunicado, o executivo russo acredita que o método de esterilização por radiação vai aumentar o “potencial de exportação” das empresas brasileiras que produzem itens para o ramo de medicina.

A InvesteSP está auxiliando as companhias na definição do local em que será instalado o centro de irradiação. “Também ajudamos na parte tributária, que pode ser complicada para estrangeiros, e na interlocução com os outros níveis de governo”, afirma Sérgio Costa, diretor da área de negócios da agência de fomento paulista.

Ele também destaca a importância da esterilização para os exportadores do País. “Esse processo é exigido por vários países que compram do Brasil, porque garante a eliminação de pragas e a integridade dos bens.”

A RHC foi criada com o objetivo de desenvolver produtos para medicina nuclear e radiologia médica, além de equipamentos industriais para a esterilização a partir da radiação ionizante, com base em emissores de feixe de elétrons e de raios X.

Já a Rosatom, responsável pela RHC, é a companhia russa responsável pela energia nuclear do país. Criada pelo presidente Vladimir Putin em 2007, a empresa tem escritórios em mais de uma dezena de países, inclusive o Brasil.

Fonte: DCI