Perda global da Avon atinge US$ 1 bi e pedidos caem no mercado brasileiro
A fabricante de cosméticos Avon registrou prejuízo líquido global de US$ 1,15 bilhão em 2015, quase três vezes mais que as perdas verificadas um ano antes, de US$ 388,6 milhões um ano antes. A receita líquida caiu 19% no intervalo, para US$ 6 bilhões. No Brasil, a receita em dólar caiu 34%, segundo balanço divulgado ontem.
Os resultados foram fortemente afetados pelo câmbio. No quarto trimestre do ano passado, a receita nominal da Avon caiu 44% no mercado brasileiro. Em dólar constante, o recuo ficaria em 14%. A companhia observou, no relatório de resultados, que parte significativa dessa queda deve-se a fatores tributários – ausência de créditos do imposto sobre valor adicionado e alterações no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Quando se analisa a receita em dólar constante, excluindo o impacto desses dois itens, o recuo teria sido de 2%, principalmente pelo menor número médio de encomendas, apesar do aumento de representantes de vendas ativas.
A empresa afirmou que a operação no Brasil continua a ser afetada pelo ambiente macroeconômico difícil e por altos níveis de competição. Mas cita que aumentos de preços em parte compensaram a queda de pedidos.
No mundo, a receita líquida diminuiu 20% nos três meses encerrados em dezembro, para US$ 1,6 bilhão. Em moeda constante, sem o impacto da venda da marca Liz Earle e de efeitos tributários no Brasil, a receita teria subido 6%, de acordo com a companhia.
As vendas da empresa na América Latina diminuíram 26% no trimestre, para US$ 779,2 milhões. Em moeda constante, a receita ficaria estável na região.
“O desempenho operacional para o quarto trimestre e o ano fiscal ficou em linha com nossas previsões recentes”, disse a presidente Sheri McCoy em relatório que acompanha o balanço. “Olhando para 2015, nossos principais mercados tiveram melhoras contínuas no desempenho geral. Importante notar, nós melhoramos as tendências de representantes ativas na comparação anual – com crescimento de 1% no ano”, acrescentou.
O total de representantes ativas no mundo cresceu 2% em relação a um ano antes, mas a melhora na Europa, Oriente Médio e África foi parcialmente ofuscada por quedas em países da América Latina com alta inflação (Venezuela e Argentina). A média de encomendas caiu 1%.
Em janeiro, a companhia anunciou um plano de recuperação, que inclui esforços de redução de custos para melhorar sua estrutura e reinvestir em crescimento. A Avon prevê economias, antes de impostos, de US$ 350 milhões em três anos, sendo US$ 200 milhões com a rede de fornecimento e US$ 150 milhões de outras reduções de custos.
Para melhorar o desempenho no Brasil, a companhia está revendo seus preços, o portfólio e as iniciativas para aumentar a produtividade nos centros de distribuição e na fábrica.
A operação brasileira deve receber uma parte significativa do aporte que será feito pela firma de private equity Cerberus, que firmou acordo em dezembro último para comprar 80% da Avon nos Estados Unidos e uma participação de 16,6% na companhia global por US$ 605 milhões.
Fonte: Valor