Coty reduz prejuízo em 97,8% no 2º tri fiscal, para US$ 21,1 milhões
A multinacional de produtos de beleza Coty reduziu o prejuízo atribuído aos controladores em 97,8% no segundo trimestre fiscal de 2020, passando de US$ 960,6 milhões para US$ 21,1 milhões. No período de outubro a dezembro de 2019, o prejuízo por ação ficou em US$ 0,03.
Fundada na França e sediada em Nova York, a empresa teve receita líquida de US$ 2,34 bilhões no segundo trimestre fiscal, queda de 6,6% na comparação anual. No Brasil, o grupo é dono de marcas populares como os esmaltes Risqué e os produtos de cuidados pessoais Monange, Bozzano e Paixão.
No desempenho por região geográfica, a Europa teve avanço de 1,5% na receita, totalizando US$ 1,17 bilhão, mas em moeda constante caiu 2,4%. O segundo maior mercado, a América do Norte, atingiu US$ 635 milhões em vendas, cifra 6,3% menor em base anual, que considerada a moeda constante caiu 14,4%.
A região Almea, formada por Ásia, América Latina, Oriente Médio e Norte da África, somou US$ 537,1 milhões, queda de 1,7%, ou de 5,3% em moeda constante.
A Coty, que distribui perfumes e cosméticos de luxo das marcas Tiffany & Co, Burberry, Chloé, Calvin Klein e Hugo Boss, além de produtos da Wella para salões de cabeleireiro, justificou que a queda em base comparável foi influenciada pela redução proativa da divisão de produtos de beleza populares no Oriente Médio e na América Latina.
Apesar da queda no segundo trimestre fiscal de 2020, a receita da Coty ficou ligeiramente acima da previsão dos analistas ao atingir US$ 2,345 bilhões. A divisão de produtos para uso profissional, colocada à venda em outubro de 2019, teve o melhor desempenho no período, com alta de 2,2% na receita, para US$ 528,8 milhões.
Houve forte demanda dos produtos para cabelos good hair day (GHD), enquanto as demais marcas para cabelos tiveram avanço entre 1% e 3%. Além da Wella, a Coty distribui outras marcas como Clariol, Nioxin e Sebastian Professional. Na Europa, os esmaltes da O.P.I ajudaram a impulsionar a categoria.
Segundo o relatório de resultados, as vendas na região Almea, formada por Ásia, América Latina, Oriente Médio e Norte da África, “foram relativamente estáveis”, mas a América do Norte obteve recuo em produtos para as unhas.
Reestruturação dos negócios
Na tentativa de reverter o prejuízo, a multinacional controlada pela Jacobs Douwe Egberts (JDE) anunciou em outubro do ano passado um plano para reestruturar os negócios, que inclui a venda da operação brasileira, da divisão de itens para profissionais e de produtos para cabelos.
Principal negócio da Coty, a divisão de luxo teve crescimento de 1,3% na receita entre outubro e dezembro, para US$ 1 bilhão, com destaque para o varejo de viagens e regiões como Almea e Europa. As maquiagens da Gucci tiveram bom desempenho, assim como os lançamentos das fragrâncias Hugo Boss Alive e Calvin Klein Everyone.
A unidade de produtos de beleza populares viu as vendas caírem 6,7%, em base anual, para US$ 799,7 milhões. A multinacional decidiu reduzir a presença de seus produtos em canais de venda em alguns países da Ásia, América Latina, Oriente Médio e Norte da África para elevar a margem bruta. Na Europa, a receita também recuou no período.
Operações do Brasil têm vários interessados
Colocadas à venda pela Coty em outubro de 2019, as operações do Brasil, de produtos para uso profissional em salões e cuidados com os cabelos, “tem muitos interessados confirmados”, afirmou Pierre-André Terisse, diretor financeiro, em teleconferência com analistas.
“Continuamos neste processo de análise, cuja decisão acontecerá até o verão de 2020. Neste momento, não posso dar mais detalhes”, disse Terisse. A decisão sobre as vendas dos ativos será tomada até junho. O executivo acrescentou que a operação no Brasil é um negócio crescente.
A revisão estratégica dessas divisões está sendo conduzida pelo Credit Suisse. No ano passado, Pierre Laubies, presidente da Coty, afirmou a estratégia será manter o foco no varejo de luxo, que responde pela maior parte da receita;
Dentro da estratégia de conquistar maior participação de mercado no público jovem, a Coty comprou em novembro uma participação majoritária por US$ 600 milhões na empresa de maquiagem e cuidados com a pele fundada por Kylie Jenner, celebridade que é irmã de Kim Kardashian.
Fonte: Valor Econômico 05.02.2020