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Cosmetic Innovation - Know More. Create More.RadarBeleza em pílulas: conheça os riscos e benefícios dos nutricosméticos

Beleza em pílulas: conheça os riscos e benefícios dos nutricosméticos

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Entre o remédio e o cosmético, a suplementação alimentar se posiciona como um novo recurso no mercado.

Cada vez mais populares pela promessa de resultados estéticos por meio da ingestão de cápsulas, chás e afins –, as prometidas eficácias e os riscos guardados em frascos vendidos sem prescrição médica

A busca por bem-estar e beleza percorre um caminho amplo, cheio de contornos possíveis – e desejáveis. Para a saúde da pele, do cabelo, do corpo e das unhas, as opções são fartas: de cosméticos tópicos a alimentação, passando por hábitos e estilo de vida. Na intersecção entre esses vetores estão os nutricosméticos, nutracêuticos ou cosméticos in, suplementos alimentares cada vez mais populares que prometem tentadores resultados estéticos pela ingestão de cápsulas, comprimidos mastigáveis, géis, chás, gomas, sachês e toda sorte de formatos. Todos vendidos livremente, sem prescrição médica.

Aqui, no entanto, o famoso “mal não faz” que o brasileiro adora entoar enquanto enche a cesta de frascos turvos na farmácia deve ser questionado. Será mesmo que o uso indiscriminado dessas pílulas é tão inofensivo quanto se acredita?

Com o objetivo de unir benefícios nutricionais a propriedades farmacêuticas específicas, o nutracêutico – termo criado em 1989 pelo médico ítalo-americano Stephen DeFelice – nasceu para suplementar o déficit de determinados itens no organismo. As promessas se revezam entre uma pele com mais viço e elasticidade, maior proteção aos efeitos da radiação solar, unhas fortalecidas, ossos mais resistentes, volume e força dos cabelos, tratamento da celulite, redução de medidas e o que mais couber em vidrinhos. O céu parece ser o limite para a ação desses produtos comercializados sem prescrição por farmácias regulares ou de manipulação.

Com o conceito muito próximo ao de uma pílula mágica, é fundamental entender a ação, a restrição e o poder desses recursos, partindo do princípio mais básico de que eles devem, sempre, estar relacionados à recomendação médica. “Ao ingerir qualquer tipo de medicamento, seja ele sintético, seja natural, há o risco de interação farmacológica caso o paciente tome algum outro medicamento ou suplemento alimentar (caso dos nutracêuticos), resultando na anulação de algum efeito ou, nos piores casos, em danos colaterais como intoxicação, sobrecarga renal, alergia, gases, hipertensão, entre outros”, alerta o endocrinologista Filippo Pedrinola, de São Paulo.

Segundo o especialista, os nutracêuticos têm eficácia comprovada por meio de pesquisas e são regulamentados em todo o mundo. “Entretanto, se não houver um acompanhamento médico, eles podem ter os resultados comprometidos, pois só um profissional é capaz de saber quais são as carências do organismo de seu paciente. Se houver uma ingestão de alta dosagem, há, sim, risco de intoxicação”, complementa.

Embora estejam disponíveis sob autorização do órgão regulador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não haja contraindicações para o uso dos nutricosméticos nem para a combinação entre eles, todos os especialistas entrevistados para esta reportagem endossam a prescrição e o acompanhamento médico adequado. “É por meio de uma análise clínica e de sangue que se pode indicar com assertividade a quantidade adequada que um organismo precisa de uma vitamina, um aminoácido ou um mineral. Caso contrário, é possível que haja a ingestão demasiada ou insuficiente de um suplemento, provocando insatisfação em relação aos resultados”, salienta Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Segundo ela, o perigo maior está nos produtos comercializados na internet com falsas promessas de emagrecimento e rejuvenescimento, nos quais não se sabe o que há exatamente dentro da cápsula. “É comum a venda ilegal de produtos sem registro nem aprovação da Anvisa que contenham ativos desconhecidos ou concentrações inadequadas na fórmula, sobretudo emagrecedores controlados, que geram efeitos colaterais como taquicardia, aumento de pressão arterial e intoxicação do organismo”, alerta.

Novos trunfos

Marcella chama atenção ainda para o volume alto e consistente de investimento em pesquisas e busca por inovação no segmento de cápsulas com ativos para fins estéticos. Os resultados satisfatórios dos tratamentos justificam em grande parte o crescimento exponencial desse mercado. “Entre estudos, novidades e descobertas, o foco atual das pesquisas do setor está voltado para o que chamamos de biodisponibilidade dos ativos no organismo. Ela é o que garante a absorção e a entrega dos ingredientes dos suplementos que você está ingerindo de forma eficaz, para obter cada vez mais os resultados esperados”, explica a nutróloga.

De forma prática, a biodisponibilidade é o que define o nível de eficácia dos tratamentos. É sobre garantir a condição ideal do ativo presente na formulação para ser absorvido pelo organismo. “Fatores como concentração, tamanho da molécula, solubilidade, absorção e transformação do composto após passar pelo trato gastrointestinal influenciam na biodisponibilidade dos ativos no organismo. É o que garante que eles cheguem o mais íntegros possível onde precisam atuar, como pele, unhas e cabelos”, endossa a dermatologista Carolina Milanez, de São Paulo.

Um estudo realizado por pesquisadores alemães em 2019 e publicado pelo National Center for Biotechnology Information apontou que uma amostragem de 72 mulheres, com 35 anos ou mais, apresentou melhora na hidratação, elasticidade e densidade da pele após 12 semanas de ingestão de uma formulação combinada de 2,5 gramas de peptídeos de colágeno, zinco e vitamina C em comparação a um grupo de pacientes que tomou placebo.

Como os estudos de nutricosméticos estão cada vez mais fundamentados para fins de proteção solar, eles também estão sendo considerados para o tratamento contra o melasma. Em um estudo do International Journal of Dermatology, de 2017, foram apresentados diferentes cenários com o uso de cosméticos orais para evitar ou reduzir as manchas escuras na pele.

No teste com carotenoides, que são capazes de absorver a radiação ultravioleta e também podem bloquear a formação de melanina, foram avaliados 44 pacientes com melasma. Cada um recebeu 800 mg de carotenoides ou placebo de forma oral, todos os dias, durante 84 dias, combinados a um creme tópico. Quem recebeu o tratamento reduziu a intensidade das manchas em 2 pontos na escala Masi, medida que define área e intensidade da mancha do melasma.

Sobre os resultados, não há fator expressivo: são necessários frequência e dosagem correta para sentir, literalmente, na pele as benesses das famosas formulações de beleza. Tanto os especialistas entrevistados quanto as pesquisas publicadas apontam que o período mínimo é entre 45 dias e três meses para os primeiros sinais positivos aparecerem, independentemente do objetivo do tratamento.

“Não é possível mensurar de forma exata o quanto um cabelo cresce ou a pele ganha uniformidade, pois isso depende de cada organismo e dos hábitos que cada indivíduo tem no dia a dia”, enfatiza Francisco Benetti, médico nutrólogo especializado em nutriendocrinologia.

“Quando uma pessoa ingere a quantidade ideal de água por dia, tem uma alimentação saudável e equilibrada com nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo e um sono reparador constante, tudo que é suplementado, como o caso dos nutracêuticos, tende a responder melhor pelo corpo. É importante entender que a beleza está associada a uma boa qualidade de vida”, continua.

Dream team

No holofote da temática estão os ativos que se transformaram em estrelas da beleza contemporânea. O colágeno, proteína abundante no organismo, é responsável por garantir a firmeza e a elasticidade da pele, mas com o passar do tempo precisa ser reposto; a biotina, também conhecida como vitamina H ou B7, está ligada à formação de aminoácidos, ácidos nucleicos e glicogênio e é fundamental para a formação e manutenção das estruturas da pele e dos cabelos.

Ainda fazem parte do “dream team” dos ingredientes os ômegas 3 e 6, que são gorduras poli-insaturadas compostas de diferentes ácidos e que têm uma poderosa ação anti-inflamatória, ajudam no controle do colesterol e na melhora das funções cerebrais; o silício orgânico, que ficou famoso por induzir o organismo a produzir mais colágeno, queratina e elastina; o picnogenol, que é o extrato da casca da planta Pinus pinaster, rica em substâncias antioxidantes e que também age na função circulatória, e a luteína, que ajuda a proteger a saúde dos olhos e a pele contra os radicais livres, raios UV e luz azul.

Fechando a lista, estão as vitaminas do complexo B, micronutrientes que ajudam no funcionamento do metabolismo, mas que não são sintetizadas pelo organismo e precisam ser suplementadas, e a vitamina D, que reforça o sistema imune, previne o diabetes e fortalece os ossos.

“As ações dos nutracêuticos podem ser inúmeras, tudo depende dos ingredientes. Os mecanismos variam de acordo com a proposta e a necessidade do organismo. O que há hoje com maior nível de evidência são os peptídeos de colágeno para melhora da derme, ajudando nos sinais do envelhecimento, como coadjuvantes em tratamentos, e o silício para estrutura de unhas e cabelos. Mas a melhor performance desses ativos depende das associações contidas no produto”, explica Flávia Addor, pesquisadora, dermatologista e docente da pós-graduação da Faculdade de Medicina do Hospital Israelita Albert Einstein.

Consuma com moderação

Além de um conceito que por si só já é atraente, alguns ativos são apresentados em formatos ainda mais tentadores. Por isso, especialistas recomendam atenção ainda maior para produtos na forma de balas ou chicletes com sinalização de ativos funcionais para a beleza.

“O problema aqui é a quantidade. Para chegar a um tecido-alvo da derme, devemos absorver pelo menos 2,5 g pelo organismo, no mínimo, chegando a até 10 g se desejarmos que atinjam outros tecidos e estruturas. Geralmente as balas, gomas e pastilhas têm 1 g, portanto seria necessário consumir dez unidades por dia”, diz Marcella Garcez. O fator extra nesses produtos também é a quantidade de açúcar contida. Por isso, vale sempre ler com cautela a composição de cada embalagem.

As formulações para a fotoproteção oral também pedem atenção, já que nenhuma delas substitui o uso de protetor solar tópico. “Eles têm atuação complementar e, quando usados juntos, protegem mais o efeito oxidativo do sol na pele. A fotoproteção oral é uma forma de garantir que a pele estará mais resistente aos danos provocados pela exposição às radiações e ao estresse da poluição”, sinaliza Marcella.

Em um mercado grandioso e tentador, com tantas variáveis, poder exponencial de crescimento e a promessa de fazer parte da rotina de mais gente a cada novo lançamento – uma pesquisa da Future Market Insights, empresa de inteligência de mercado de Dubai, nos Emirados Árabes, finalizada em março, aponta que o setor está estimado hoje em US$ 6,43 bilhões e projetado para chegar a US$ 12,15 bilhões até 2030 –, uma recomendação médica pode ser aplicada para todos os pacientes, em qualquer tipo de tratamento: altas dosagens de cuidado, precaução e cautela.

Sinais de perigo

No contexto geral, antes de começar qualquer tratamento, um cuidado primário é ficar atento à saúde do intestino. A ressalva é condição essencial para que os nutracêuticos tenham eficácia positiva, já que o órgão é responsável pela absorção dos ativos disponibilizados pelo corpo após sua ingestão.

Considerado o segundo cérebro por causa de suas terminações nervosas, ele favorece a disponibilidade e a entrega dos ingredientes para cada área do corpo. De acordo com a dermatologista Ana Carina Junqueira, de São Paulo, pesquisadora do Departamento de Dermatologia da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, uma das maneiras de reconhecer se o intestino está saudável, antes de partir para uma suplementação alimentar de beleza, é observar a frequência e a dificuldade das evacuações no dia a dia.

“Por mais que uma pessoa não tenha o hábito de evacuar diariamente, ficar mais do que três dias sem evacuar, e/ou apresentar dor, sangramento ou muco durante a evacuação, assim como alternar muitos períodos de diarreia com constipação e excesso de flatulência, não são situações consideradas saudáveis. Tudo significa que seu intestino não está funcionando corretamente e a ação dos nutricosméticos será afetada.

 

 

 

Fonte: Marie Claire 26.04.2022

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