Com Brasil como ‘motor de vendas’, L’Oréal lucra 24% mais em 2022
Crescimento de dois dígitos nas vendas do país vem especialmente das marcas de grande público, conta diretor
Apontada como uma das possíveis compradoras da marca de luxo Aesop, que hoje pertence à Natura &Co, a L’Oréal vive momento bem diferente do grupo brasileiro, com crescimento de vendas e melhora nas margens.
Em 2022, a dona das marcas Lancôme, Garnier e Maybelline, registrou um avanço de 18,5% nas vendas, para 38,26 bilhões de euros. Os números foram divulgados na última quinta, feira, 09. Esse crescimento é de 10,9% se considerados ajustes, como os de câmbio, por exemplo. O lucro antes de impostos (Ebit) cresceu 21,2%, para 7,85 bilhões de euros, e o lucro líquido avançou 24,1%, para 5,71 bilhões de euros.
Com a atividade europeia em ritmo mais lento e o mercado chinês ainda pressionado por bloqueios do governo na política “covid zero”, grande parte do impulso veio justamente do mercado latino-americano, com especial destaque para México e Brasil. A região apresentou forte crescimento, com aumento de 34,1% ou avanço de 18,6% nos números comparáveis.
“A L’Oréal registrou crescimento de dois dígitos em países-chave e ganhou participação de mercado. Todas as divisões contribuíram para este desempenho impressionante, lideradas pela ‘divisão de produtos de consumo’, que teve um crescimento espetacular”, diz a empresa em sua divulgação.
A ação da compahia fechou em queda de 0,83% na Bolsa de Paris na sexta-feira, o primeiro pregão após a divulgação dos números. Ainda assim, o papel do grupo acumula alta de 11,42% em 2023.
Motor brasileiro
O Brasil é um grande motor da aceleração da divisão de consumo no mundo, diz Adrien Denavit, responsável por essa unidade da L’Oréal no país, em entrevista à EXAME Invest. Por aqui, a divisão, também chamada de Grande Público, é a dona de marcas, como Elseve, Maybelline e Garnier, mas também inclui nacionais como Nielly e Colorama.
“A receita do sucesso da divisão no Brasil é a mistura de grandes sucessos internacionais e a força do grupo com as inovações desenvolvidas localmente”, afirma. Hoje, um dos centros de inovação da companhia está justamente no Rio Janeiro, onde fica, também, a sede da L’Oréal no Brasil.
O centro de pesquisa brasileiro é especialmente dedicado a pesquisas e desenvolvimento de produtos de cabelo e proteção solar para a pele. É de lá que saem algumas das criações que não ficam apenas no mercado brasileiro, mas ganham suas versões nas operações da empresa francesa pelo mundo. Um dos exemplos é a linha Cachos Longos dos Sonhos de Elseve, que, criado e lançado no Brasil, já ganhou produto para o mercado norte-americano. Em 2021, a linha Elseve Ácido Hialurônico foi expandida para o portfólio global da marca.
“Temos uma riqueza em termos de consumidor infinita no Brasil”, diz Denavit. Globalmente, um dos principais investimentos da empresa é em pesquisa e inovação. Em 2021, o investimento total nessa área foi de 1 bilhão de euros, conta o executivo. Os dados de 2022 não foram divulgados, mas ele destaca como uma média anual do orçamento da companhia para isso.
“Nossa equipe global de pesquisa mapeou 8 tipos de cabelo e todos eles temos no Brasil, por exemplo. Já dos 66 tons de pele identificados pelo grupo em todo o mundo, no Brasil tem 55. Então o Brasil é mesmo uma laboratório a céu aberto e uma fonte de inspiração para inovar e depois lançar pordutos para o mundo inteiro”, diz ele.
Essa capacidade de fazer grandes inovações em produtos é o que Denavit aponta como uma das vantagens competitivas da companhia, o que se estende, também, para o serviços ofertados. “Várias categorias nossas estão se beneficiando, por exemplo, do uso da tecnologia de realidade aumentada para teste de produtos nas plataformas digitais.”
Fonte: Exame 11.02.2023