Envelhecimento do país dá novo foco à Kimberly-Clark
Vendas de produtos para adultos deram um salto de 20% na Kimberly-Clark de janeiro a setembro de 2019, segundo dados da Nielsen
A Kimberly-Clark, fabricante do papel higiênico Neve, das fraldas Huggies e dos absorventes femininos Intimus, está com uma nova estratégia para os próximos anos no Brasil: produtos para incontinência urinária da marca Plenitud. “A aposta para os próximos anos é a categoria de adultos. As vendas destes produtos são as que mais crescem na empresa”, diz Gustavo Schmidt, presidente da companhia no Brasil.
No ano passado, até setembro, as vendas totais da empresa no país cresceram 10%, em relação a igual período de 2018. As vendas de calcinhas, cuecas e absorventes da marca Plenitud, no mesmo período, deram um salto de 20%, disse Schmidt, citando dados da Nielsen.
Projeção da Euromonitor International, considerando o envelhecimento da população, mostra que as vendas no país de produtos para incontinência urinária vão dobrar entre 2018 e 2023, de R$ 1,92 bilhão para R$ 3,87 bilhões. As vendas de fraldas vão crescer 16,5%, para R$ 9,34 bilhões.
Schmidt diz que a categoria de fraldas infantis praticamente não cresce no país, mas que o consumidor exige inovações da indústria, que tem direcionado a estratégia para o modelo “roupinha”. Em 2018, segundo a Euromonitor, as vendas de fraldas no país avançaram 1,41%. Em compensação, a expansão de itens para incontinência foi de 17% e a dos absorventes, de 8,14%.
A fralda “roupinha” é muito vendida no Nordeste. “Não é a mais econômica, mas os pais naquela região costumam deixar os bebês vestindo apenas fraldas”, diz o executivo. Este é o mesmo cenário observado pela rival Procter & Gamble, dona da Pampers, que lidera o mercado de fraldas com 24,5%, seguida por Huggies da Kimberly-Clark (23,3%) e Pom Pom, da belga Ontex, com 8,4%.
Schmidt, nascido no Uruguai, chegou ao país em fevereiro de 2017 para substituir o colombiano Sérgio Cruz, promovido ao comando da operação na América Latina. Schmidt trabalha há quase 20 anos na Kimberly-Clark. Presidiu os negócios na região Andina antes de chegar ao Brasil e teve passagens pela Argentina e Caribe.
O executivo contou que passou os últimos dois anos conhecendo as quatro fábricas da empresa no país – em São Paulo, Bahia e Santa Catarina. Uma unidade foi fechada no Rio Grande do Sul em fevereiro do ano passado.
O Brasil é o quarto maior mercado da Kimberly-Clark. O executivo vê potencial para atingir o terceiro lugar, dependendo da variação do dólar. Os principais mercados são Estados Unidos-Canadá, Coreia do Sul e Reino Unido.
Sob a gestão de Mike Hsu, que assumiu a presidência global da americana em janeiro de 2019, Brasil e China estão no topo das prioridades. “Vamos liderar este ano os lançamentos no mundo em categorias como fralda, cuidados pessoais e produtos para adultos”, afirmou Schmidt.
No terceiro trimestre, a receita global da fabricante cresceu 1%, a US$ 4,64 bilhões. No acumulado do ano ficou estável, em US$ 13,86 bilhões. O lucro entre janeiro e setembro avançou 61%, para US$ 1,61 bilhão. Números do quarto trimestre serão divulgados no dia 23 de janeiro.
No Brasil, o executivo viu oportunidade de elevar a produtividade dos 4,2 mil funcionários e descentralizar a gestão. Uma das ações para acelerar a criação de produtos foi aproximar o pessoal de pesquisa e desenvolvimento ao das linhas de fabricação, como tem feito os concorrentes.
Antes, elaborar o plano de investimento para modificar o desenho de uma fralda levava três meses. Com o novo projeto, os testes são feitos em um mês. As mudanças na produção são avaliadas semanalmente, diariamente ou, às vezes, até por turnos.
Fonte: Valor Econômico 16.01.2020