Os dermocosméticos foram a área de maior crescimento da L’Oréal em 2020, beneficiando-se da mudança nas prioridades dos consumidores durante a crise do COVID e revigorou a fé nas recomendações dos profissionais de saúde.

As vendas de maquiagem despencaram, mas isso poderia reverter com o advento de outra pós-pandemia dos anos 20, sugere a liderança da L’Oréal.

A maquiagem foi um obstáculo para o desempenho fiscal da L’Oréal no ano fiscal de 2020, prejudicando especialmente seus produtos de consumo e negócios na América do Norte.

A diminuição da demanda entre os consumidores mascarados ou confinados em casa se traduziu em uma queda de 22% nas vendas de maquiagem da L’Oreal no ano inteiro, quase no mesmo nível do mercado, incluindo uma redução de 16% no segundo semestre, de acordo com o relatório da empresa de 11 de fevereiro nos resultados de 2020.

No entanto, a liderança da L’Oréal está confiante de que a maquiagem está à beira de um retorno. “A categoria de maquiagem sempre foi a mais cíclica. Sempre subiu mais quando o mercado estava subindo e desceu mais rápido quando o mercado estava um pouco mais baixo”, disse Nicolas Hieronimus, vice-presidente executivo e chefe de divisões, durante a conversa do mesmo dia com analistas.

Ele continuou: “Sabemos que as pessoas adoram maquiagem. Quer dizer, ainda é a categoria mais discutida nas redes sociais hoje. Então, assim que as pessoas puderem sair, elas usarão maquiagem novamente e nós faremos questão de tentá-las com produtos incríveis e estimulantes. A maquiagem vai voltar e nós vamos liderar”.

“Vemos que a maquiagem, que era muito pequena na China e na Ásia há 20 anos, se tornou uma das categorias preferidas dos consumidores chineses”, observou Hieronimus.

O presidente e CEO Jean-Paul Agon, que entregará as rédeas para Hieronimus em 1º de maio, caracterizou a queda da maquiagem em 2020 como possivelmente o maior obstáculo que a empresa já enfrentou, pesando mais ainda do que o fechamento de lojas no ano passado.

Mas Agon também está otimista sobre as perspectivas da maquiagem no desenrolar de 2021, apontando para as previsões de que o fim da crise da COVID desencadeará um surto de crescimento econômico e prosperidade à medida que as pessoas ao redor do mundo reaparecem para comemorar e se socializar novamente.

Alexis Perakis-Valat, que chefia a unidade de Produtos de Consumo da L’Oréal, disse que está antecipando um boom de maquiagem. “Batons e máscaras serão um dos símbolos do nosso retorno a um mundo mais social e sem restrições”, disse ele.

A Active Cosmetics, com a participação de La Roche-Posay, CeraVe, SkinCeuticals e Vichy, foi a estrela do crescimento do ano, disparando 18,9% para cerca de € 3 bilhões.

A presidente da divisão, Myriam Cohen-Welgryn, atribuiu o resultado à mudança de prioridades dos consumidores na era COVID em relação à saúde, desempenho e segurança. “Nossas marcas dermatológicas são mais relevantes do que nunca, pois a pele fica enfraquecida por repetidas lavagens das mãos e o uso de máscaras”, disse ela.

Ela observou ainda o modelo de negócios médicos da divisão “baseado na recomendação de profissionais de saúde que são mais confiáveis ​​do que nunca nestes tempos de COVID”. Além disso, com a aceleração digital da L’Oreal em 2020, a divisão Active Cosmetics e suas marcas estão cada vez mais conectadas com médicos online, que estão cada vez mais atuando como influenciadores nas plataformas sociais. “A saúde é mais do que nunca o futuro da beleza”, disse Cohen-Welgryn.

A beleza com foco na saúde e o ressurgimento da maquiagem não são mutuamente exclusivos, mas os cuidados com a pele continuarão sendo o foco da L’Oréal por enquanto.

“Nossa principal prioridade será o cuidado da pele, seja dermatológico, super premium, de alta tecnologia ou natural”, disse Hieronimus. “É a maior e mais dinâmica categoria de beleza no cruzamento de todas as tendências, uma categoria de alto valor agregado, impulsionada pela ciência e desempenho, , como comprovado este ano”.

Fonte: HBW Inteligence18.02.2021