Para eles ou elas: carecas serão tendência de beleza em 2022
Cabeças calvas ou raspadas estarão em alta no próximo ano de acordo com relatório da WGSN, empresa internacional de previsão de tendências
De acordo com o relatório “Tendência-chave 2022: A Beleza de Ser Careca”, cosméticos e procedimentos que prometam a “cura” para a calvície receberão menos investimentos da indústria.
“Temos observado o surgimento de produtos e iniciativas com o propósito de ‘abraçar’ as carecas em vez de tentar revertê-las”, afirmou ao Metrópoles Daniela Penteado, especialista em tendências da WGSN.
No próximo ano, estará em alta o “scalp care” (cuidados com o couro cabeludo) e também campanhas que valorizem os sem-fios.
A profissional ressalta que a tendência inclui eles e elas e deixa tabus para trás. “Os homens carecas podem ser vistos como sexies. As mulheres carecas acabam sujeitas a especulações sobre sua saúde ou até a orientação sexual”, afirmou Daniela.
Segundo a especialista, a indústria da beleza tem um papel fundamental para promover a diversidade e a inclusão de gênero. “Ser careca pode ser uma escolha ou não da pessoa. Isso é uma oportunidade para abraçar a calvície, sem sentir a necessidade de consertá-la”, avaliou.
Representatividade
A executiva da WGSN ponderou que nem todas as regiões do Brasil estão prontas para aderir à moda, mas que se trata de um comportamento com apelo, principalmente, para a geração Z, que nasceu entre 1995 a 2010.
Um estudo da empresa apontou que 76% da geração Z acredita que diversidade e inclusão são prioridades; e 51% desejam que as marcas apresentem um elenco mais diversificado de modelos.
“Muitas mulheres que convivem com a queda de cabelo concordam que, quanto mais modelos carecas aparecerem, será possível redefinir o que a beleza significa”, contou Daniela Penteado.
Exemplos
Em março do ano passado, Iylah Hanley, uma garota que retrata no Instagram como é conviver com alopecia (perda de cabelo), viralizou ao publicar uma foto orgulhosa ao lado de uma campanha publicitária na qual a modelo Parris Goebel está com a cabeça raspada.
No Brasil, também cresce a produção com hashtags específicas e conteúdo voltado para esse público. A modelo Thaylla Oliveira é uma das que aposta nesse segmento. Ela tem 6,5 mil seguidores no perfil World das Carecas.
Escolha
“As pessoas que raspam a cabeça também se enquadram nessa tendência porque estão vendo nisso uma beleza. Elas estão demonstrando o desejo por uma estética, assim como tingir o cabelo loiro”, explicou a especialista da WGSN.
Rojane Fradique, de 35 anos, optou por raspar os fios. “Cheguei a ter cabelo em uma época, mas olhava no espelho e não me via representada ali. Decidi que tudo que eu fizesse no meu corpo e na minha vida seria para meu agrado. Então, adotei o estilo careca, e assim serei para sempre”, disse.
Ela é modelo da agência Mix Models e trabalha no mercado de moda desde 2003. “Acho que as mulheres estão buscando cada vez mais a sua liberdade de escolha e isso é uma excelente forma de incentivar outras pelo mundo”, avaliou.
Mercado
Apesar de ser uma aposta em alta para o próximo ano, já existe a oferta em solo nacional de alguns produtos para cuidado do couro cabeludo sem ter o foco de cura da calvície.
Um exemplo é o sun shield, da Keune Haircosmetics, um óleo em spray que protege o couro cabeludo e a pele dos raios UV. Outra opção é o sérum capilar de gengibre, da The Body Shop, que nutre o couro cabeludo, aliviando a coceira e a descamação.
Fonte: Metropoles 09.12.2021