Primeira marca nacional vendida na Sephora quer ganhar o mundo
A paranaense Feito Brasil hoje explora dtc, outros marketplaces e prepara ida para o mercado internacional.
Quando começou a operar no mercado brasileiro, após o Grupo LVMH, ao qual pertence, adquirir em 2010 o e-commerce Sack’s, especializado em perfumes, maquiagem e cosméticos, a Sephora comercializava somente produtos importados. Mas três anos depois uma marca brasileira chamou atenção da rede internacional de varejo, a Feito Brasil.
A influência do mundo dos cosméticos sobre a fundadora da marca, Lena Peron, não era recente. O primeiro impacto foi aos seis anos de idade, quando ela visitou a fábrica de cosméticos de um tio, na Grande Porto Alegre. Cresceu com o gosto pela coisa, mas também um olhar crítico em relação ao que via nas gôndolas, achando sempre que havia espaço para produtos mais ousados e criativos.
Anos depois, colocou as ideias acumuladas em prática ao fundar, em 2004, numa chácara em Mandaguaçu, no interior do Paraná, a Casa Feito Brasil. Por ser imbuído desde a origem de uma visão de futuro e sustentabilidade, o negócio de Lena foi dedicado aos filhos, Filipe e Giulio, que se tornou CEO da empresa no início deste ano.
A despeito do caráter artesanal, o cuidado com o profissionalismo e o resultado da qualidade da produção levou a Feito Brasil – focada em produtos para banho e corpo – a estrear no e-commerce da Sephora em 2013 e no ano seguinte já estava em todas as lojas físicas, de onde não saíram mais. Em 2016, a Casa Feito Brasil lançou outra marca, a Quintal, de dermocosméticos. Este ano, a empresa recebeu o selo de Empresa B, concedido pelo B Lab a organizações com fins lucrativos que usam o poder dos negócios para incentivar uma economia mais inclusiva e sustentável e também foi premiada pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), como Empresa na categoria Sustentabilidade.
“Fomos a primeira marca na Sephora por todos os diferenciais da Casa Feito Brasil. Uma marca cuja sede é uma chácara, rodeada de verde, com árvores frutíferas, 92% de mulheres fazendo produtos muito irreverentes e ousados, que sempre representaram a arte e a cultura brasileiras em suas ilustrações e atua de maneira sustentável”, responde Lena ao ser questionada sobre os fatores que levaram a Feito Brasil ser eleita primeira marca nacional a compor o portfólio da varejista francesa.
Hoje, além da Sephora, os produtos da Feito Brasil e da Quintal são distribuídos de forma direct to consumer, no e-commerce, mas também estão em e-commerces como o Época Cosméticos (do Grupo Magazine Luiza) e Beleza na Web (do Grupo Boticário). Nos próximos meses, também entrará no e-commerce de outra marca do Grupo Boticário, a The Beauty Box. A meta de crescimento das vendas via e-commerce para este ano, a propósito, é entre 22% e 25%. As linhas também estão presentes na loja BemGlô (da atriz Glória Pires), em São Paulo, e no Duty Free do Aeroporto Internacional de Salvador.
Suas linhas de produtos, ressaltam Lena e Giulio, prestam homenagem à natureza do País em suas diferentes regiões. Em breve, virá, por exemplo, uma coleção inspirada na Mata dos Cocais, região que fica entre a Floresta Amazônica, o Cerrado e a Caatinga.
E com tanto apelo de brasilidade, as marcas não podem ser exploradas também no mercado internacional? “Com certeza. Estamos fazendo um primeiro contato com o México, mas temos estudos para mercado americano e europeu. De parcerias com grandes redes de lá e a própria Sephora”, revela o CEO Giulio Peron.
Foi dele também a ideia de criar a marca Quintal, de dermocosméticos, que atende a padrões globais de eficácia e segurança e prepara novidades na categoria labial. “É complexo mesmo. Estou nessa indústria desde 1999 e sei que é difícil ter uma formulação com eficácia comprovada e, ao mesmo tempo, manter o seu teor natural e orgânico. Mas é justamente isso o que fazemos com maestria”, pontua Lena.
A um custo geralmente mais elevado, já que as matérias-primas são bem mais caras do que a de produtos sem esse tipo de preocupação. Por outro lado, permite que as marcas sejam posicionadas no segmento premium.
Isso também é reforçado em sua comunicação, que lança mão de iniciativas com influenciadores, mídias digitais, como Google, Facebook e Instagram, mas também é movida por muita mídia espontânea.
Fonte: Mensagem & Meio 26.02.2020