Com o melhor desempenho desde 2014, quando se iniciou a crise econômica no país, as vendas no Brasil de produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) fecharam 2019 com um crescimento superior a 3,9%, alcançando R$ 116,8 bilhões, em relação aos R$ 112,4 bilhões apurados no ano anterior. Os dados são da Euromonitor International. Já de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor cresceu 4,2%, atingindo um faturamento ex-factory de R$ 55,7 bilhões.
Os maiores crescimentos em vendas foram registrados pelos segmentos de produtos premium de beleza e higiene pessoal (12%), seguidos pelos dermocosméticos e produtos de prestígio de higiene e beleza. Vale ressaltar a diferença entre os produtos de prestígio e premium. Para a Euromonitor, os produtos de prestígio excluem os de massa e os dermocosméticos e os classificados como premium excluem apenas os de massa. Os piores desempenhos ficaram por conta dos depiladores (-2%) e color cosmetics (-1,1%).
As maiores do país
Mesmo com os resultados de vendas em 2019 da Natura e Avon não tenham sido contabilizados juntos, a Natura manteve-se na primeira posição no ranking de fabricantes, com apenas 0,1% de participação à frente do Grupo Boticário. A única alteração no top 5 foi a Colgate-Palmolive que superou a L’Oréal, que perdeu a quarta posição.
O Brasil no mercado mundial
O Brasil permaneceu em 2019 na quarta posição no ranking mundial de consumo de HPPC, que é liderado pelos Estados Unidos, seguidos por China e Japão. A única alteração no top 10 global, em comparação com 2018, foi a Índia, que superou a França e assumiu a sétima posição.
Considerando o desempenho das categorias no mercado global, o Brasil conservou o segundo lugar em fragrâncias e produtos masculinos. Outras categorias melhor posicionadas no ranking global são produtos beleza e cuidados pessoais de massa, ocupando a terceira posição, e cuidados com os cabelos, na quarta.
Vendas diretas
O desempenho do varejo online, de vendas diretas e franchising também ajuda a traçar um panorama do setor. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), em 2019, foram comercializados mais de 2,5 bilhões de itens (produtos e serviços) por venda direta no Brasil, que geraram um volume de negócios de R$ 45 bilhões, sendo que os cosméticos representaram mais da metade do apurado, com 54,7% de participação dos negócios. A força de vendas é formada por cerca de 4 milhões de revendedores diretos das empresas.
Comércio eletrônico
No ano passado, o e-commerce apresentou um faturamento de R$ 61,9 bilhões, resultado 16,3% maior do que os números de 2018, segundo a Ebit/Nielsen. O número de pedidos no ano passado também foi maior que em 2018, totalizando 148,4 milhões frente aos R$ 122,7 milhões do período anterior. Já o valor do tíquete médio registrou retração de 3,9%, de R$ 434 em 2018 para R$ 417 no ano passado.
O impacto positivo no setor de HPPC pode ser percebido em dois segmentos específicos: farma e perfumarias. As perfumarias online, com predominância de venda de cosméticos e perfumes, especializadas em cuidados com o corpo e cabelo, registraram crescimento de 19% na quantidade de pedidos e 30% no faturamento. Já em Farma, com predominância de venda de medicamentos e que também oferece cosméticos e perfumaria, os pedidos aumentaram 30% e o faturamento 32%.
Franchising
De acordo com os números divulgados pela ABF – Associação Brasileira de Franchising, o setor registrou faturamento de R$ 186,755 bilhões em 2019, uma elevação de 6,8% em relação ao ano anterior, quando as vendas atingiram R$ 174,843 bilhões. O número de unidades cresceu 4,7%, totalizando 160.958 operações. Em 2019, houve um aumento de 1,4% no número de marcas, atingindo 2.918 redes de franquias em atuação no Brasil.
O segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar apresentou o quarto melhor desempenho no ano, com crescimento de 7,2% no faturamento, passando de R$ 31,907 bilhões em 2018 para R$ 34,214 bilhões no ano passado. O número de unidades também registrou elevação de 4%.
Cenário para 2020 é incerto
Pouco tempo depois de as indústrias apontarem sinais de recuperação após a crise econômica de 2014-2018, espera-se grandes impactos em diferentes setores de bens de consumo e de serviços. Para o setor de beleza e cuidados pessoais, a Euromonitor prevê dois cenários distintos. Em cuidados pessoais, as vendas não devem apresentar desempenho negativo. “De fato, as vendas de categorias como itens de banho devem crescer no curto prazo, com muitos consumidores procurando itens como sabonetes em barra e líquidos”, diz o estudo.
Quanto aos produtos relacionados à beleza, a Euromonitor vislumbra um cenário mais negativo. Com o confinamento, a empresa prevê que categorias como cosméticos e fragrâncias tenham um desempenho fraco, pois geralmente estão relacionadas a “sair de casa”. “Juntas, essas duas categorias representam quase um terço das vendas totais de valor em beleza e cuidados pessoais no Brasil, contribuindo potencialmente para vendas globais negativas para o setor em 2020”.