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3 fatores que deixaram nossa pele mais irritada e sensível durante a pandemia

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A pele pode ficar sensível por diversas razões e em qualquer momento da vida, desde a infância até a velhice. Ela ocorre quando a função protetora de barreira da pele fica comprometida

Podemos até pensar que seja o frio, mas a verdade é que há algum tempo está difícil cuidar da pele. Descamando com facilidade, levemente (ou até gravemente) vermelha, sensível ao toque… o tecido cutâneo está realmente sofrendo em tempos de pandemia. “A pele possui uma barreira de proteção natural. Essa camada impede que as bactérias e substâncias nocivas entrem no organismo, além de restringir a perda de água e prevenir a desidratação. Esses processos mantêm a pele saudável e hidratada, conservando a sua elasticidade e firmeza. A pele pode ficar sensível por diversas razões e em qualquer momento da vida, desde a infância até a velhice”, explica a dermatologista Dra. Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Ela ocorre quando a função protetora de barreira da pele fica comprometida, fazendo com que ela fique suscetível a fatores externos irritantes, como bactérias, substâncias químicas, alérgenos, entre outros. A pele sensível é um estado. Porém, essa sensibilidade da pele pode ser um sintoma de algumas doenças, que podem, por exemplo, alterar essa função de barreira protetora tornando a pele sensível. É o que ocorre nas dermatites seborreica e atópica”, acrescenta a médica.

De acordo com a especialista, a pele sensível apresenta algumas características fáceis de serem percebidas. “Então, na grande maioria das vezes, a percepção pessoal é o suficiente para identificar. Se houver alguma dúvida, uma avaliação clínica realizada pelo dermatologista pode identificar”, diz. Os principais sinais visíveis são: eritema (vermelhidão ou erupções), descamação, inchaço ou aspereza. Mas há também sinais sensoriais, como: coceira, sensação de estiramento, ardor ou formigamento. “Ela pode ocorrer no rosto, lábios, mãos, corpo e no couro cabeludo. E também pode ser desencadeada por mudanças físicas, sejam elas temporárias, como a gravidez, ou contínuas, como o envelhecimento”, explica. “A pele sensível também pode compartilhar algumas semelhanças com a pele seca, mas nem sempre está relacionada com esse problema, nem os seus sintomas. Por isso, nem sempre os cuidados com a pele seca melhoram a pele sensível”, diz a médica. Abaixo, ela explica os três principais fatores que, na pandemia, podem ter tornado a pele mais irritada:

Estresse – Durante todo o tempo de pandemia, experimentamos um alto estresse e ansiedade, que trouxeram impactos inclusive para a pele. “Muitos tipos de células da pele, incluindo células imunológicas e células endoteliais (células que alinham os vasos sanguíneos), podem ser reguladas por neuropeptídeos e neurotransmissores, que são substâncias químicas liberadas pelas terminações nervosas da pele. O estresse ajuda a liberar um nível maior dessas substâncias e, quando isso ocorre, pode afetar o modo com o qual nosso corpo responde a muitas funções importantes, como sensação e controle do fluxo sanguíneo. Além disso, a liberação desses produtos químicos pode levar à inflamação da pele, o que reduz a eficácia dessa função barreira da pele”, explica a Dra. Patrícia Mafra.

Higiene demais – Não tem jeito, a pandemia levou naturalmente a uma atmosfera hiper-higiênica. “Ao esfregar as mãos com sabão e usar desinfetante ou álcool ao longo do dia para reduzir a infecção viral, também retiramos de nossa pele os óleos naturais e as bactérias saudáveis que protegem nossa barreira. Além disso, se tiver resquícios de produtos químicos na mão e ela for levada ao rosto, isso pode causar irritação e dermatite de contato”, explica a médica. Pacientes que tentaram, em casa e sem orientação, usar produtos mais abrasivos ou substâncias ácidas também podem sofrer com sensibilidade da pele. “Alguns pacientes podem provocar uma sensibilidade aumentada na pele pelo excesso de esfoliação porque a pele apresenta um ciclo de renovação natural, que é o turnover celular. O excesso de esfoliação faz com que o organismo não tenha tempo suficiente para produzir células e manter a integridade da camada córnea”, explica a Dra. Patrícia.

Desequilíbrios e alergias alimentares – Segundo a médica, as intolerâncias não diagnosticadas ou não tratadas e as alergias alimentares, tais como ao glúten, laticínios, aditivos e ovos, podem resultar em inflamação e erupções da pele. “Da mesma forma, uma dieta altamente inflamatória, rica em carboidratos de alto índice glicêmico, como as farinhas brancas e os doces, e em produtos ultraprocessados, pode influenciar também na função barreira da pele”, explica. A desidratação, por excesso de transpiração ou falta de água, também pode ressecar a pele e colocá-la sob estresse.

Segundo a médica, as mudanças de estação, bem como as oscilações de temperatura, podem aumentar a sensibilidade da pele. “No frio, as glândulas da pele reduzem a secreção de substâncias necessárias para a manutenção do manto protetor, fazendo com que a pele seque. O aquecimento central e o ar condicionado também têm esse efeito. No calor, as glândulas da pele produzem mais suor, que evapora, deixando-a com uma sensação seca”, diz.

Para restaurar as peles sensíveis e secas, é importante escolher produtos para que reforcem a função de barreira e proteja contra a perda de umidade. “Ao escolher um produto de cuidados para peles sensíveis, não basta apenas garantir que ele não tenha substâncias irritantes. O produto deve funcionar ativamente abaixo da superfície da pele, estimulando os seus próprios processos de renovação e as defesas naturais. Ceramidas e ácidos graxos são constituintes naturais da barreira do corpo. Produtos com esses agentes podem auxiliar, assim como glicerina, vitamina E e óleos vegetais de alta qualidade, ricos em ácido linoléico, pois eles fortalecem a função natural de barreira da pele. Atualmente existem bons produtos no mercado destinados a peles sensíveis”, explica a médica. “Mas o mais importante é buscar ajuda de um médico dermatologista para ajudar a identificar a causa e tratar essa irritação na pele”, finaliza a Dra. Patrícia Mafra.

FONTE: *Dra. Patrícia Mafra – Dermatologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), com estágio em Dermatologia pelo Grupo Santa Casa e acompanhamento do Serviço de Ginecologia e Sexologia do Hospital Mater Dei, Dra. Patrícia Mafra é expert em injetáveis e speaker em eventos nacionais e internacionais, palestrando sobre temas ligados à área de atuação. A dermatologista também foi preceptora de Medicina Estética do Instituto Superior de Medicina (ISMD).

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