Coletivo indiano ganha prêmio Lush Spring Priz
Projeto conseguiu restaurar biodiversidade vegetal de grande área
O Coletivo Timbaktu usou a agricultura orgânica para desmarginalizar pessoas no sul da Índia e ainda recuperou áreas florestais. Por causa do trabalho que vem desenvolvendo há 25 anos, a organização recebeu, no Reino Unido, um prêmio ecológico.
É a primeira edição do Lush Spring Prize. O prêmio foi feito em parceria com a Ethical Consumer (associação de pesquisa para o consumo ético do país) com a empresa britânica de cosméticos Lush.
O Timbaktu nasceu no quintal de Manisha Kairaly, no distrito de Anantapur, na Índia. “Nós não tínhamos árvores”, conta. Para reverter o quadro – havia apenas 23 espécies de árvores e arbustos – e de terras áridas, a organização, no início da década de 1990, iniciou um processo de proteção do solo.
Áreas foram cercadas para impedir o avanço do gado, buscou-se controlar os incêndios causados por humanos e a derrubada de vegetação, canais para controlar águas que desciam pelas colinas foram construídos e a população local foi conscientizada do tamanho do problema.
O resultado, cerca de seis anos depois, foi o crescimento da biodiversidade para um total de 320 espécies diferentes de plantas.
Após obter esse resultado, o coletivo direcionou energias para uma questão correlata, a agricultura orgânica.
“Quando você perde terra, você perde tudo. Isso é do que as pessoas pobres dependem. Sem um pedaço de terra, um fazendeiro não pode plantar, não pode alimentar sua família”, afirma Manisha.
“Mas não basta chegar para agricultores e falar que é necessário salvar árvores, plantar mais árvores. Só exemplos reais conseguem convencer as pessoas”, diz.
O coletivo, então, busca passar conhecimento para os agricultores, demonstrando como a questão de gastos e de produtividade podem ser melhorados com a aplicação da agricultura orgânica.
“A ecologia é a primeira parte do trabalho. O prêmio [de pouco mais de R$ 100 mil] vai ser usado no trabalho com reflorestamento e agricultura orgânica”, diz Manisha.
Fonte: Folha De S.Paulo