Pesquisadores testaram antioxidante que protege DNA da exposição solar
Hoje em dia, um protetor ajuda na prevenção do câncer de pele ao impedir que os raios ultravioleta entrem em contato com a derme. Mas no futuro ele talvez faça mais do que isso. Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) testaram um antioxidante capaz de controlar as consequências da exposição solar no DNA das células – e querem inclui-lo nos filtros.
O time se concentrou na substância N-acetilcisteína, hoje usada como medicamento, em células isoladas com um defeito genético chamado de xerodermapigmentoso variante. Essa alteração provoca uma doença rara que aumenta o risco de câncer de pele em até 2 mil vezes antes dos 20 anos de idade.
Pois bem: ao aplicar o antioxidante nas células defeituosas antes da exposição à radiação solar, os cientistas perceberam que elas ficaram mais preparadas para lidar com a luz ultravioleta do tipo A (UVA). Se isso acontece em uma célula sujeita a desencadear o câncer, talvez o mesmo ocorra com unidades sem mutações genéticas problemáticas.
Os danos causados pelo UVA
O efeito da radiação ultravioleta na pele ainda está sendo desvendado pela ciência. Durante o estudo, os pesquisadores verificaram que a derme sofre um processo oxidativo e danoso entre quatro e seis horas depois da exposição ao UVA. Mas, ainda bem, o uso da tal N-acetilcisteína freou esses estragos, que parecem estar por trás de mutações cancerígenas.
A expectativa é que moléculas do tipo sejam acrescentadas aos protetores. “Acreditamos que o antioxidante nos cremes solares vai prevenir danos na capacidade de recuperação da célula, evitando o câncer de pele em pacientes com xerodermapigmentoso e, porque não, na população como um todo”, comentou, em comunicado à imprensa, o biólogo Carlos Menck, líder do trabalho.
O tratamento tradicional para a psoríase envolve o uso de corticoides – medicamentos que apresentam uma série de efeitos colaterais indesejados. Com o uso prolongado desses fármacos, os pacientes podem desenvolver alguns quadros clínicos adversos, tais como a síndrome de Cushing (ganho de peso ao redor do tronco e perda de massa nos braços e pernas), maior suscetibilidade a infecções, diminuição da espessura da pele e até supressão da função das glândulas suprarrenais.
“Os nanofármacos de compostos doadores de H2S podem substituir ou diminuir o uso do corticoide em casos não severos de psoríase”, esclarece Soraia. “Por exemplo, seria possível iniciar o tratamento com essa alternativa para controlar a doença e só aplicar o corticoide quando necessário. Isso evitaria ou reduziria os efeitos adversos que o uso prolongado destes medicamentos ocasiona”. As pesquisas são fruto da dissertação de mestrado de TuannySchimidt e da tese de doutorado de Leandro Rodrigues. Os estudos foram orientados pela professora Soraia Costa.
Fonte: Saúde 29.04.2019