USP melhora processo de extração de óleos essenciais com uso de etanol
Mais barato e eficiente, processo gera produto mais puro e de maior durabilidade.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga (SP), descobriram que o etanol hidratado é uma alternativa mais eficiente na extração de óleos essenciais em relação aos métodos utilizados tradicionalmente.
Usado como solvente, o etanol permite um processo de extração mais barato do óleo, além de gerar um produto de mais qualidade, segundo a pesquisa realizada por dois doutorandos do departamento de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).
Processos
Os óleos essenciais são usados na indústria alimentícia para aromatizar, por exemplo, sorvetes e bolachas, na indústria cosmética e até em produtos de limpeza. Eles são extraídos de frutas, plantas e especiarias, geralmente por meio de três técnicas: alta pressão, destilação e líquido-líquido.
Na primeira técnica são usadas pressões superiores à atmosférica, o que tem um grande gasto energético. Já por destilação, utiliza-se temperaturas superiores à ambiente e, nesse caso, o óleo pode sofrer alguma degradação em sua composição provocada pela alta temperatura.
A desvantagem da técnica líquido-líquido é que nela usam-se solventes, como benzeno ou tolueno e, por isso, o óleo nem sempre pode ser utilizados na indústria alimentícia. Mas, o etanol pode ser uma alternativa neste tipo de extração, já que pode ser consumido. O material já é utilizado na produção de bebidas e de medicamentos, o que comprova a sua segurança.
Vantagens
“Você trabalhar com produto que pode ser usado em alimentos é muito mais seguro, tanto na manipulação para o trabalhador que está respirando isso ou caso tenha algum acidente que caia na pele quanto pela concentração que pode estar no alimento”, explicou o pesquisador Daniel Gonçalves.
De acordo com a pesquisadora Cristina Chiyoda Koshima, o uso do etanol tem ainda a vantagem de conseguir separar a parte mais nobre do óleo, que tem moléculas de oxigênio e por isso exala um cheiro puro.
“A principal característica do óleo é o odor e ele não vai se modificar tão rapidamente quanto o óleo bruto que não passou pelo processo de purificação, então você vai ter as características do óleo por mais tempo”, afirmou.
A pesquisa, que tem financiamento da Fapesp, Capes e CNPq, foi feita com óleos essenciais de laranja, eucalipto, cravo, pimenta-da-jamaica, bergamota e lavandin e beneficia dois dos principais setores do agronegócio brasileiro: a citricultura e o sucroalcooleiro.
“O óleo essencial de laranja é um subproduto da indústria de suco de laranja, como o Brasil é o maior produtor de suco mundial, logo o essencial também é a maior produção mundial. Já o etanol, o Brasil domina essa tecnologia de produção que é um solvente renovável que vem da produção da cana”, afirmou Gonçalves.
Para a professora Christiane Rodrigues, orientadora da pesquisa, o processo com etanol traz outras vantagens para indústrias e consumidores.
“A indústria se beneficia porque ela terá um processo que pode ser realizado em temperatura ambiente, ou seja, com baixo custo de energia e porque o solvente é seguro para o manipulador. Já o consumidor ganha em qualidade por esses materiais serem mais seguros, terem um tempo de vida estendido e serem mais estáveis, dessa forma o alimento terá mais odor e por mais tempo.”
Fonte: G1 02.02.2020