Quais são os impactos do coronavírus na indústria de cosméticos?
Não há dúvidas de que a pandemia da Covid-19 influenciou significativamente a vida cotidiana das pessoas. Além do impacto nas indústrias de transporte e de alimentos, as mudanças foram sentidas no comportamento dos consumidores em relação aos produtos de beleza e cuidados pessoais.
De fato, a indústria global de beleza (incluindo cuidados pessoais, cabelos, fragrâncias e cosméticos) foi impactada de forma determinante com a crise do coronavírus.
Neste artigo, analisamos os impactos do coronavírus na indústria de cosméticos e como a crise pode mudar fundamentalmente o setor a longo prazo — e como os varejistas, atores estratégicos e investidores podem se adaptar. Acompanhe!
O cenário atual durante a pandemia
Apesar dos impactos iniciais, a indústria da beleza reagiu positivamente à crise, com as marcas trocando de fabricação para produzir desinfetantes para as mãos e agentes de limpeza e oferecendo serviços de beleza gratuitos para os profissionais de atendimento da linha de frente. Além disso, as vendas online deram um salto gigantesco.
Ao mesmo tempo, os líderes do setor têm a responsabilidade de fazer o melhor para garantir que suas empresas sobrevivam. A indústria global de beleza gera mais de 500 bilhões de dólares em vendas por ano e responde por milhões de empregos, direta e indiretamente.
Os impactos na indústria de cosméticos e as mudanças no comportamento do consumidor
As mudanças na forma de consumir trouxeram grandes impactos para a indústria de cosméticos, como é possível ver a seguir.
Influência de curto prazo no cuidado do cabelo
Devido às políticas de isolamento social, as pessoas estão passando a maior parte do tempo em casa, inclusive trabalhando remotamente. Nesse cenário, é natural que os consumidores diminuam a frequência com que lavam os cabelos.
A partir disso, é possível prever que, em um curto período, categorias relacionadas à limpeza capilar — xampus, condicionadores etc. — terão uma queda nas compras. Porém, com o alívio da situação epidêmica, isso deve melhorar, a médio e longo prazos.
Grande impacto nos cosméticos coloridos
Os cosméticos coloridos — como maquiagens, batons, esmaltes etc. — se tornaram menos relevantes durante esse período de isolamento social. É provável que, durante a quarentena — e até um pouco depois —, a recuperação dessa categoria será relativamente lenta.
Por outro lado, apesar do enorme impacto, há alguns sinais positivos quando consideramos o novo estilo de vida e de trabalho entre as gerações jovens. A crescente popularidade de videoconferências e lives nas redes sociais significa que muitos jovens consumidores ainda usam maquiagem.
Sensibilização crescente para a limpeza do corpo e cuidados com a pele
Os cuidados com a limpeza do corpo, liderados pelo ato de lavar as mãos com mais frequência, certamente são uma categoria com um cenário mais positivo. Além disso, devido ao maior tempo em casa, à falta de exercícios físicos e ao uso das máscaras de proteção facial, os cuidados com a pele também serão influenciados. Haverá maior necessidade de cremes para as mãos. Esses comportamentos também serão relevantes para a recuperação da categoria de cuidados com a pele.
As possibilidades pós-pandemia
Os meses passados na emergência de saúde do coronavírus tiveram e continuarão a ter impacto significativo na dinâmica do consumo de cosméticos — não apenas a rotina e o estilo de vida dos consumidores mudaram, mas também a abordagem de compra deles. Se, antes, os usuários finais queriam conhecer principalmente o tipo de ingrediente usado, hoje querem saber mais.
O conceito de transparência deve ser estendido a tudo o que é implementado para obter o resultado final, a saber, o produto: da origem e características dos ingredientes escolhidos aos processos de produção, aos controles de qualidade antes de ele entrar no mercado. Então, quais destaques em qualidade e segurança devem ser comunicados?
Evolução da beleza limpa
Não mais limitado apenas aos ingredientes naturais, mas também à transparência da comunicação em relação aos controles, testes de estabilidade e segurança realizados pelo fabricante: o conceito de beleza limpa, portanto, responde à necessidade do consumidor de conhecer e estar o mais informado e consciente possível sobre todos os aspectos e processos que levam ao produto, desde a formulação até a produção, até estudos de suporte probatório.
Higiene e controle
Das propriedades do produto ao gerenciamento da produção, aqui devem ser considerados aspectos como:
• desfoque entre cosméticos e produtos de higiene: higiene e eficácia cosmética em um único produto, como géis para mãos com propriedades hidratantes ou emolientes e com uma fragrância agradável;
• transformação de embalagens: formatos como dispensadores de bomba e spray serão preferíveis aos cosméticos em frascos, onde há contato direto com o produto e, portanto, não são mais confiáveis, porque podem ser o ambiente ideal para a proliferação microbiana;
• redução ou eliminação de embalagem secundária: mesmo a embalagem primária terá que ser repensada. Várias marcas já digitalizaram as informações e ideias relacionadas aos diferentes produtos com a ajuda de aplicativos ou QR Code dedicado;
• validação de limpeza: informar e garantir aos consumidores os procedimentos de limpeza utilizados nos departamentos de fabricação.
Aspectos de segurança
As questões de segurança são aspectos que também devem ser considerados, como:
• produtos cosméticos seguros e usáveis, sem risco de irritação ou alergias: as declarações no rótulo “ testados dermatologicamente, oftalmo logicamente e ginecologicamente” implicam a realização de testes no produto para confirmar a compatibilidade da pele sob supervisão médica, garantindo ao consumidor o compromisso científico da marca com a proteção da saúde;
• garantias para a embalagem: confirmar a segurança e a adequação da embalagem escolhida, seja ela derivada de fontes naturais, recicladas ou plásticas, por meio de uma estratégia de teste disponível, como migração e estabilidade ou avaliação de risco;
• ingredientes: a escolha de desenvolver produtos que contenham ingredientes úteis para fortalecer as propriedades protetoras naturais da pele, talvez por meio do uso de ingredientes ativos que estimulem o sistema imunológico ou a partir do campo biomédico.
Em resumo, após o impacto do coronavírus na indústria de cosméticos, o mercado não será mais o mesmo, então é fundamental que as marcas reinventem as formas de conquistar o consumidor. Aquelas que conseguirem se planejar e se transformar emergirão dessa crise mais fortes e poderão demonstrar sua confiabilidade, transparência e vontade de tomar medidas para garantir que a segurança do produto seja recompensada pelos consumidores.
Fonte: Talk Science 21.07.2020