Do Havaí ao Brasil: ingredientes naturais para cuidar da beleza
Além dos benefícios para pele, corpo e cabelo, esses ativos ajudam na sustentabilidade e refazem a nossa conexão com a terra e ancestralidade
Cera de abelha orgânica, grão de mamão, óleo de babaçu, óleo de macadâmia e nozes. O Havaí tem inovado ao utilizar diversos ingredientes nativos em seus produtos de beleza para pele, cabelo e corpo. Diversas empresas da área de beleza e cuidados pessoais têm, a cada dia, apresentado mais soluções inusitadas e poderosas para cuidar da beleza e, de quebra, promovendo o consumo consciente e o conhecimento do saber ancestral do território.
Em reportagem publicada no site do jornal New York Times em dezembro, foram reveladas as novidades do Havaí em relação ao uso de elementos naturais nos cuidados de beleza. O arquipélago tem sido reconhecido como vanguardista nos tratamentos para pele, cabelo e corpo, seja através do uso de óleos botânicos, ou de elixires com infusão de cogumelos. A variedade do ecossistema da região tem proporcionado uma série de experimentações que estão dando certo.
A reportagem conta as histórias de pessoas como Ke’oni Hanalei e Chelsea Davis. O primeiro, um havaiano nativo, que observava as plantas sob orientação da avó, curandeira da costa sudoeste de Maui. Já Chelsea, também de herança havaiana, da Ilha Grande, influenciada pela lógica da sustentabilidade local e sua responsabilidade pela preservação, fundou uma linha de cosméticos de cuidado com a pele. Ke’oni Hanalei, por exemplo, aprendeu com a avó sobre as plantas e suas propriedades terapêuticas. Saberes como “hibisco para purificar o sangue e samambaia kalamoho para despertar a criatividade”.
Algumas empresas de beleza vão além dos ingredientes nativos das ilhas, pensando nas causas sociais e de desenvolvimento sustentável. Como a de Chelsa Davis, que possui a marca AO Organics Hawaii desde 2017. Parte do seu processo de trabalho é educar a comunidade, em Honokaa, sobre o impacto da oxibenzona (ingrediente comum em protetores solares químicos e que afeta a vida marinha do arquipélago).
Beleza que vem da terra
Assim como no Havaí, o Brasil também possui um olhar para a sabedoria da conexão com a terra no cuidado com o corpo. Para a farmacêutica e pesquisadora Mona Soares, idealizadora da Ewe Alquimias, que estuda o uso das plantas na cosmética desde 2012, utilizar os saberes tradicionais no processo de autocuidado é importante, pois alia natureza e memória. “Licuri, dendê, babosa, as manteigas amazônicas como (cupuaçu, murumuru, bacuri, ucuuba), óleos vegetais como andiroba, pracaxi a patauá, urucum, resinas de amesca, são ingredientes nativos e exóticos muito conectados à nossa ancestralidade”.
Segundo a cientista, que também aprofundou os estudos em aromaterapia, fitoterapia e perfumaria botânica, direcionando as pesquisas para a aplicação nos cuidados com a pele e com o cabelo, o uso de ingredientes brasileiros “valoriza a nossa rica diversidade vegetal e os saberes das comunidades detentoras do conhecimento ligados a esses insumos botânicos, como indígenas e quilombolas”, além de fomentar a economia. “Geramos renda para essas comunidades que extraem os insumos e contribuem com a sustentabilidade, desde que as relações de trabalho sejam justas e a extração respeitando os ciclos da natureza”, completa.
“O Brasil é detentor da maior diversidade vegetal do planeta. Utilizar ingredientes locais no embelezamento aumenta a possibilidade de que esses ingredientes cheguem mais frescos, com menos processamento e, consequentemente, com uma maior concentração de princípios ativos até nós, potencializando os resultados”, finaliza a farmacêutica que escreveu três e-books envolvendo os temas de cosmética natural e saboaria natural e disponibiliza os seus conhecimentos através do seu perfil no instagram @monasoares.
Fonte: Marie Claire 12.01.2021