A valorização da beleza masculina
Que o segmento de beleza masculina vem crescendo cada vez mais, não é uma novidade.
No entanto, a boa nova é que o aumento da demanda por cuidados pessoais tem tem sido reforçado com a quarentena, quando as pessoas no geral passaram a prestar mais atenção em si próprias. Tiveram tempo de sobra para refletir, iniciar uma rotina de autocuidado e skincare, por exemplo, por mais simples que esta seja, além de estarem mais atentas e conectadas com os meios online.
Em recente estudo “Tendências e comportamentos dos usuários sobre beleza no digital”, elaborado pela agência SA365 – que compila e analisa as principais temáticas associadas à beleza nas redes sociais –, foi identificado que a relação entre autocuidado, autoestima e beleza pode ganhar ainda mais força nos próximos meses.
O estudo foi realizado a partir dos dados gerados pelo Google Trends e a plataforma BuzzMonitor e demonstra um aumento na procura por termos como “beleza natural” e “beleza negra”, na análise das publicações do Facebook, Instagram e TikTok.
Outros pontos analisados no levantamento indicam também o crescimento das buscas relacionadas à “beleza masculina” e apontam que do universo de 80-90 milhões de brasileiros interessados na categoria “beleza”, 36% ou cerca de 32.4 milhões são homens.
O estudo analisou ainda as principais tendências de abordagens relacionadas ao tema, como uma maior associação da beleza com autocuidado e autoestima, além da representação cada vez maior da diversidade nos ideais e propósitos a serem comunicados pelas marcas em campanhas publicitárias.
Dados do estudo revelam, também, que para a hashtag #beleza, as principais temáticas nas redes sociais, em volume de publicações, envolveram beleza natural e beleza negra. Vale destacar que grande parte dos assuntos mobilizados por hashtags tende a relacionar beleza ao universo feminino, como #belezadamulher e #belezafeminina. No entanto, beleza masculina começa a ganhar maior expressão: a hashtag está em 8o no TOP 10 do Instagram e em 28o, no TikTok, com 2.4 milhões de publicações.
Ainda no que tange a interesses e temáticas sobre beleza masculina nas redes sociais, no Instagram, as diversas publicações envolveram harmonização facial, exercícios físicos, cuidados com a pele e ensaios fotográficos. Nos conteúdos do Facebook, as publicações giraram em torno de ensaios fotográficos, desmistificação do cuidado com a beleza para o homem e cuidado com a barba e cabelo. Já no TikTok, as principais publicações voltaram-se à moda, maquiagem masculina, harmonização facial e enaltecimento de corpo malhado.
Uma pesquisa realizada pelo grupo Croma revelou que os principais produtos em consumo e intenção de consumo entre os homens são: perfumes (65%); shampoos e condicionadores (63%); cuidados com a barba (40%) e cremes e loções para o corpo (30%).
Curiosamente, o estudo também revelou algumas tendências de comportamentos adquiridos durante a pandemia, estando no topo o tema “autocuidado”. Em outubro de 2020, as buscas por “autocuidado” atingiram 100 hits na escala Google pela primeira vez em 5 anos. “Cuidados pessoais”, “saúde” e “pandemia” foram os principais assuntos relacionados às pesquisas por autocuidado. E sua maior consulta permeou a sua definição: “o que é autocuidado”. Na sequência, aparecem temas como e-commerce e social commerce, além de DIY (Do It Yourself – Faça você mesmo, em tradução livre), fechando os top 3 temas.
Para qual futuro o segmento de beleza parece caminhar
Segundo a Nielsen, é provável que a procura e o consumo de produtos de beleza naturais cresçam ao longo dos anos, assim como há uma forte busca por alimentos orgânicos.
Assim como os consumidores do segmento de beleza apresentam diversidade em cultura, valores, etnias, faixas etárias e gênero, pode-se esperar que marcas representem tais diversidades em sua comunicação, propósito e produtos, num approach mais pessoal. Beauty techs e indústrias de produtos de beleza independentes avançam com formulações e experiências mais personalizadas, pessoais, autênticas e imersivas. Por exemplo, tendências como a busca por temas de cremes personalizados específicos para o seu tipo de pele, ou ainda, “base para mim” mais que dobraram.
É um fato, também, que o consumidor está mais conectado do que nunca. É provável que marcas tradicionais entrem com maior força no digital, a fim de balancear a presença significativa de novas marcas digital natives. Experimentação virtual (ou virtual try on) parece crescer nos segmentos de beleza, moda e joalheria.
A busca pelo nariz perfeito
Por outro lado, mundialmente, é cada vez maior o número de pessoas que buscam procedimentos estéticos minimamente invasivos e, consequentemente, com um tempo mínimo de inatividade. No entanto, esses procedimentos geralmente não são de longa duração e têm resultados limitados tanto estética quanto funcionalmente.
Um outro que está aumentando o número de pacientes que procuram a rinoplastia cirúrgica e que já receberam ácido hialurônico injetado no nariz. “Com a ajuda de selfies e do Instagram, os jovens ficaram obcecados com sua imagem. E percebemos um crescimento muito grande por procedimentos injetáveis durante um período, justamente por conta dos resultados rápidos e da recuperação mais fácil. Mas o fato do efeito ser passageiro, exigindo manutenções constantes, já que as substâncias injetáveis são reabsorvidas pelo organismo com o passar do tempo, tem feito muitos pacientes desistirem do excesso de procedimentos não invasivos e apostarem em cirurgias plásticas que realmente têm um resultado definitivo”, afirma o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e especialista em Rinoplastia Estética e Reparadora pela Case Western University.
Ainda de acordo com o médico, além da ausência de manutenções pré-determinadas, outro motivo que tem feito os pacientes optarem pelos invasivos é o conhecimento a respeito das técnicas e resultados cirúrgicos, que atualmente buscam mais naturalidade e evitam mudanças grandes que podem ser desarmônicas. “É sempre fundamental buscar ajuda de um médico para a indicação precisa do tratamento que deve ser feito”, finaliza o Dr. Paolo.
Fonte: Estadão 04.03.2021