Protetor solar previne câncer de pele, mas 70% dos brasileiros não usam
Além de evitar queimaduras e o surgimento de manchas, o protetor solar é amplamente recomendado por especialistas para prevenir o câncer de pele. No entanto, a maioria dos brasileiros não possui o hábito de utilizar o produto.
É o que mostra um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, encomendada pela empresa Sanofi Genzyme. De acordo com a pesquisa, apesar de 86% concordarem que usar protetor solar diariamente é necessário para prevenir o câncer de pele, apenas 37% têm o hábito presente na rotina. Ou seja, quase 70% não possui os cuidados no dia a dia.
Isso ocorre, principalmente, por fatores culturais, segundo Rafael Schmerling, líder médico do serviço de oncologia do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo. “Os pais não ensinam aos filhos e, com isso, eles não aprendem”, diz.
Além disso, Schmerling cita a “cultura do bronzeamento”, que é visto como algo bonito e até mesmo como “saudável”. “A noção da saúde está no bronzeado. Pessoas de pele muito clara, por exemplo, acabam se rendendo a essa estética do bronzeado”, explica.
Outro fator que também influencia nessa falta de costume em relação à proteção solar é a dimensão do risco, pois o câncer de pele não aparece de forma imediata, leva tempo. “A exposição ao sol, sem proteção, não leva ao risco imediato. Quando falamos de câncer de pele, isso pode demorar 20 anos para se desenvolver. Então, não é palpável.”
Mais dados da pesquisa
O levantamento mostrou ainda que apenas 21% dos respondentes conhecem alguém que já foi diagnosticado com câncer de pele, apesar de ser o tipo de tumor mais incidente no Brasil.
Além disso, essa parcela dos respondentes demonstra compreender melhor a origem da doença: 80% concordam que os danos causados pela exposição ao sol são acumulados desde a infância. Como consequência, dedicam-se mais à prevenção.
“Conhecer alguém que já lidou com a doença faz com que a pessoa seja mais cuidadosa com a própria saúde, provavelmente por entender a gravidade do câncer e os inúmeros impactos na qualidade de vida do paciente”, diz Schmerling.
O levantamento também aponta que 72% dos que tiveram ou conhecem alguém que já teve câncer de pele concordam que pessoas brancas e de olhos claros têm mais chance de terem a doença, mas o número cai para 63% quando se considera a população geral.
Outro dado relevante é que as mulheres com idade entre 18 e 24 anos são as que mais dizem conhecer hábitos de prevenção contra esse tipo de câncer. Entre os comportamentos que dizem evitar estão o bronzeamento artificial e a depilação a laser.
Como prevenir o câncer de pele
A principal forma de prevenção da doença é a proteção solar diária, tanto com uso dos cremes com filtro de proteção, além de roupas específicas para quem passa muito tempo exposto ao sol, como atletas.
Segundo os especialistas, também é indicado evitar a exposição solar das 10h às 16h. Se possível, exercer tais atividades no começo da manhã ou mais para o fim da tarde. Outro ponto fundamental é o auto-exame: fique de olho para observar a presença de pintas ou manchas suspeitas. Se necessário, procure um dermatologista para obter auxílio.
Os sinais do câncer de pele
Para entender os sintomas da doença, é preciso dividi-la entre três tipos:
• Carcinoma basocelular
É o tipo mais prevalente entre os cânceres de pele a apresenta-se como nódulos (ou caroços) na pele, com aparência rugosa. Às vezes, as lesões podem se assemelhar a outras doenças, como eczema ou psoríase.
• Carcinoma espinocelular
Esse tipo de câncer aparece como feridas, úlceraas que não cicatrizam com o tempo, e podem apresentar sangramento. Tendem a aparecer nas áreas de maior exposição ao sol.
• Melanoma
É o menos comum, mas mais grave entre os três. A manifestação é uma pinta ou sinal acastanhado ou negro que muda de cor, formato ou de tamanho e pode causar sangramento. Para isso, a existe a regra do ABCED:
• A de assimetria: quanto mais assimétrica for uma mancha ou pinta, maior o risco de ser um câncer;
• B de bordas: bordas irregulares também são sinais de perigo;
• C de cor: pintas com mais de uma cor e com tons pretos podem ser melanoma;
• D de diâmetro: lesões com mais de 5 milímetros merecem mais atenção;
• E de evolução: mudanças na cor, tamanho ou forma de uma lesão ou pinta devem ser investigadas.
Fonte: Viva Bem Uol 09.12.2021