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Gemas de café em produtos para cabelo

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O intuito deste trabalho é mostrar a condição e as necessidades de cuidado do cabelo da mulher brasileira, apontando as últimas tendências em ativos para o cuidado dos cabelos.

TENDÊNCIAS EM DESENVOLVIMENTO COSMÉTICO CAPILAR

O Brasil é um país onde a miscigenação intensa possibilitou a formação de tipologias capilares bastante abrangentes, onde as raças americana, europeia, asiática e africana trouxeram características, hábitos de cuidado e necessidades muito diversas e complexas. O posicionamento geográfico 23do país tem como consequência direta a foto exposição intensiva da população, com oxidação potente e danos crônicos aos cabelos. Esse fato, associado aos tratamentos químicos agressivos, como alisamentos e descolorações aumentam a oxidação e causam mais danos aos cabelos virgens já fragilizados. Em meio a este cenário de grandes diferenças em tipologia capilar, alto grau de dano e momento econômico negativo, a busca por ingredientes multi-funcionais antioxidantes, de origem vegetal renovável e custo acessível é a saída para atender o consumidor com eficiência. Os derivados das gemas de café verde da espécie Coffea arabica aparecem como fonte rica em uma grande variedade de minerais, aminoácidos, lipídios, açúcares, vitaminas, cafeína e os ácidos clorogênicos, compostos bioativos antioxidantes e protetores de grande interesse para cuidar dos danos capilares.

Introdução

O Brasil é um país onde a riqueza racial originou uma população miscigenada ímpar, com tipos capilares muito diferenciados em relação aos outros países. A descoberta do crânio humano batizado como “Luiza”, datado de cerca de 10 mil anos, é um indício de que na carga genética do brasileiro a presença da raça africana é anterior a chegada dos ameríndios das tribos Tupi-guaranis, Macro-jê ou Tapuias, Aruaques e Caraíbas, estes com cabelos lisos tipo 1.Com a colonização, nos anos 1530, o país recebeu os caucasianos vindos principalmente de Portugal, com características de cabelo liso tipo 2 e ondulado tipo 3. Em 1550 chegaram os primeiros navios com escravos africanos, cujos cabelos crespos são classificados como grau de curvatura tipo 8, o mais encaracolado de todos. Em 1872 o Brasil contava com 3,7 milhões de brancos e 4,1 milhões de miscigenados entre portugueses, índios e africanos. O último CENSO realizado em 2010 mostrou que dos 190.732.694 de brasileiros, 43,3% são pardos e 7,61% são negros, o que mostra que a tipologia capilar dominante no país mostrando que mais da metade da população apresenta cabelo afro-étnico ou extremamente encaracolado, classificados entre os tipos 5,6 7 e 8. Esse alto grau de encaracolamento mostra variação de diâmetro ao longo do fio, menor conteúdo hídrico, maior fragilidade e baixa resistência à quebra quando manipulados física ou quimicamente. Somado a essa fragilidade inerente a tipologia capilar, o fato de o Brasil ser um país tropical submetido a altos índices de radiação solar durante o ano inteiro, aumenta o grau de desidratação do fio, que sofre ainda mais com tratamentos químicos oxi-redutores para alisar e colorir. Com o baixo poder aquisitivo médio da população, é necessário buscar fontes bioativas economicamente viáveis a fim de obter componentes cosmetodinâmicos que possam atuar como protetores e coadjuvantes restauradores das características originais do cabelo.
O café da espécie Coffea arabica ocupa a maior parte do parque cafeeiro do Brasil, onde há conhecimento tecnológico e estrutura para aproveitar todos os componentes dessa finte renovável, gerando produtos de baixo custo e alta performance. Das gemas verdes dos grãos de café são obtidos polifenóis de alta capacidade antioxidante, ação anti-inflamatória, capacidade de proteção do couro cabeludo e do fio de cabelo, atuando contra os raios UV, além da capacidade estimulante da regeneração celular dermo-epidérmica e prevenção ao fotoenvelhecimento. O uso destes ativos selecionados vem atuar como antioxidante potente e colaborar para a melhora considerável na qualidade do fio de cabelo, evitando a oxidação da estrutura do fio, tornando-se uma alternativa técnica e economicamente interessante.

Ativos isolados do café verde

Entre os compostos mais estudados do café verde devido a suas repercussões sobre efeitos na fibra capilar estão os ácidos clorogênicos, cafeoilquínicos, dicafeoilquínicos, feruloilquínicos e p-cumaroilquínicos, que possuem propriedade antioxidante potente, além dos diterpenos cafestol e caveol. Os polifenóis do café são recursos naturais ativos importantes para uso na cosmética capilar pela ação protetora e restauradora.

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Os lipídeos vegetais do café verde, com destaque para os triacilglicerídeos, estão armazenados em compartimentos especializados no citosol do endosperma ou cotilédone dos grãos. Apresentam alto nível de material insaponificável (10-12 %)   ricos em diterpenos, constituintes químicos expressivos que revelam alto potencial antioxidante. Os palmitatos de cafestol e de caveol aumentam a atividade da glutationa S-transferase (GST), um grupo de enzimas multifuncionais capaz de atuar na defesa das células contra o estresse oxidativo.

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Cosmetodinâmica dos ativos do café verde 

Tais ativos de origem 100% natural são multi-funcionais, agindo como potentes amplificadores  da proteção contra os raios ultravioleta, já que combinam o  poder antioxidante e anti-inflamatório dos diterpenos, tocoferóis e ácidos fenólicos.

O ácido 5-cafeoilquínico é comprovadamente um composto com potencial atividade antioxidante e com grande poder de proteção contra danos oxidativos, colaborando para a ação impulsionadora de proteção contra os danos causados aos cabelos pela radiação solar UV.

Ação hidratante

A extração a frio dos lipídeos das gemas  de café verde resulta em um ativo concentrado em 12% de insaponificáveis, que ajuda na reposição do manto hidro-lipídico natural que compõe a barreira cutânea protetora do couro cabeludo, evitando a perda da água fundamental e sua desidratação. Na mesma maneira, o uso de concentrações reduzidas destes lipídeos, da ordem de 0,5% a 2% em fórmulas de shampoos, condicionadores, máscaras capilares e produtos finalizadores forma um filme hidro retentor que recupera a textura, proporcionando maciez e condicionamento ao  fio de cabelo.

Anti antioxidante e antienvelhecimento, prevenção aos danos actínicos

A radiação solar é o principal causador do fotoenvelhecimento e da formação de radicais livres deletérios,  resultando na perda das características originais do fio de cabelo e do couro cabeludo.

Os derivados obtidos do café verde protegem as células do couro cabeludo e as cutículas do fio de cabelo contra o foto dano e a formação de radicais livres graças ao alto conteúdo em ácidos clorogênicos e seus constituintes. Dessa maneira há a proteção da estrutura do fio e benefícios como a manutenção da cor, redução na  velocidade de  envelhecimento, aumento da resistência a quebra e resgate das propriedades sensoriais táteis e visuais de sedosidade e brilho.

Ação calmante e anti irritante do couro cabeludo

As frações insaponificáveis obtidas do café verde protegem a pele do couro cabeludo contra os efeitos irritantes vindos de agentes químicos agressivos, como tratamentos químicos capilares com alisantes, tinturas e descolorantes.

Conclusão

Graças ao excelente nível da indústria cafeeira no Brasil, e de empreitadas tecnológicas conduzidas em parcerias entre universidades e empresas químicas,  é possível extrair frações ativas das gemas do café verde da espécie Coffea arábica com poder de restauração e proteção para  o couro cabeludo e o fio de cabelo a um custo acessível, com  eficácia  comprovada, dentro dos princípios atais da Química Verde

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