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Sem ele não saio de casa

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Fazia um tempo que eu abandonara as crônicas do Estadão, mas voltei à leitura tão emocionante recentemente, ainda que com menos frequência. Assim como fazia um tempo que eu não pensava em desodorantes, e agora me deparo olhando para eles por mais tempo na frente da prateleira da loja.

Certa vez, um dos cronistas do jornal naquela época em que eu era um cliente mais assíduo – Miguel de Almeida se não me engano – relatou uma situação que ele enfrentara. Ao chegar a um país para trabalhar, ele notou logo nos primeiros minutos no hotel que tinha esquecido o seu desodorante em casa. Mas, calma, seria fácil resolver o problema. Era só ele comprar um produto na primeira farmácia ou mercadinho que encontrasse. Foi então que o narrador ocupou-se de desenvolver todo o texto com foco nessa trama. E isso se transformou em um terror. Não havia desodorante à venda em lugar nenhum naquele lugar.

Pois bem, não é nada fácil imaginar algo similar. Como é possível sair por aí sem desodorante? Ainda bem que, por enquanto, podemos encontrar desodorantes facilmente, pelo menos nas cidades grandes. Quem sabe nas menores, nos interiores mundo afora, não tenhamos dificuldades também? Por isso, atenção na hora de fazer as malas. Cheque quantas vezes for possível se o desodorante está mesmo dentro dela.

Esse papo do risco de ficar sem desodorante me veio à cabeça há algumas semanas e me fez pensar mais sobre o produto, incluindo como as marcas que atuam nesse mercado poderiam me atender melhor. Não basta apenas que o produto esteja lá, disponível. Eu preciso de ajuda para decidir o que levar. Isso pode servir para mais pessoas ou não servir para nada. Enfim, vou mostrar o que pensei.

Trata-se de um mercado e tanto esse de desodorantes. A Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) diz que os desodorantes representam 11,3% do faturamento do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no Brasil, que movimentou um total R$ 101,7 bilhões no ano passado. Fatia gorda, hein? A categoria, segundo a associação, quase dobrou nos últimos cinco anos, passando de R$ 5,57 bilhões, em 2009, para R$ 11,53 bilhões, em 2014.

Aí que entra minha análise na frente da gôndola. Tem produto pra caramba. Mas se ficarmos olhando demais parece que nos acostumamos com os itens e que tem pouca opção. E as marcas brigam, na minha opinião de homem, portando quatro “armas”, ou pelo menos uma delas: apresentação (se é de espirrar, de bastão ou de spray), embalagem, fragrância e benefícios.

As duas últimas “armas” é que me deixam numa eterna dúvida. Nunca sei usar o cheiro certo, que não “brigue” com o perfume que uso, que seja bom para mim e não “mate” ninguém no elevador pela manhã. Sei que ninguém suporta cheiro forte de perfume. E também não sei usar o benefício corretamente.

Busco os itens que dizem oferecer mais tempo de proteção, já que desodorante que vence é quase igual a não ter um desodorante. Uns oferecem 24 horas, outros 48 horas e há os que oferecem até 72 horas de proteção. Mas aí já é demais, como alguém poderá precisar de 72 horas de proteção? Talvez esse tipo de produto tivesse sido bom para o nosso cronista se ele também tivesse dificuldade para tomar banho naquele tal país.

Bom, o fato é que as pessoas buscam mais alguns benefícios do que outros. Esse da duração da proteção, apesar de me deixar intrigado e em dúvida sobre o que escolher, não é o que figura nas primeiras posições. Então posso ficar atento à preferência coletiva e tentar seguir alguma linha de consumo. Segundo um estudo da Kantar Worldpanel, a categoria de desodorantes, no Brasil, cresceu 11,3% em valor e 8,9% em volume no primeiro trimestre desse ano, comparando ao mesmo período de 2014. Dados da pesquisa mostram que quase metade desse aumento do consumo veio de produtos antimanchas. Ocupando a segunda posição dos itens mais comprados aparecem os produtos que trazem benefícios e proteção a peles sensíveis.

O que pretendo concluir com isso tudo é que eu preciso de mais informações. Não me bastam comerciais na TV e embalagens atraentes. Eu quero todos os benefícios em um só produto e quero ajuda para escolher. Vejo que há oportunidades para que as empresas desse segmento aproximem-se mais do consumidor, que está cada vez mais exigente há tempos. Resta aí saber se tem muita gente parecida comigo, procurando mais objetividade, mais explicação clara e franca sobre o que o produto faz. Preciso ser convencido mais rapidamente e parar de pensar tanto na hora da compra.

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