Produtos para cabelos, suas embalagens e o que queremos transmitir
Por Rodrigo Madalosso Wielecosseles
A diversificação existente hoje no mercado e também no imaginário dos profissionais das agências de design, de marketing, nos profissionais de desenvolvimento de embalagens das indústrias e dos fornecedores de insumos e materiais de embalagens da indústria cosmética é incontável. As possibilidades em apelos funcionais ou estéticos também passam longe daquelas que podemos enumerar aqui. Acredito que, mesmo se usássemos uma edição inteira de uma revista para falarmos somente em embalagens para produtos para cabelos, não seria possível explorar todas as opções existentes.
Tanto as marcas nacionais quanto internacionais apresentam frequentemente uma atualização de portfólio de embalagens, com frascos soprados, bisnagas, tubos metálicos e tecnologias diferenciadas multicamadas e efeitos de decoração dados por masterbatch em mais de uma cor, sleeves, rótulos e até mesmo acabamentos superficiais em resinas especiais. O que se aplica também para as embalagens de prés e pós shampoos e finalizadores.
Ampliando a forma de olhar o mercado no qual os produtos para cabelos estão inseridos, acabamos caindo em uma reflexão: o que queremos com uma embalagem de produtos para cabelos? Independentemente de ser de shampoo, condicionador, máscara, finalizadores, stylling ou outros mais. Conter, proteger e transportar? Algo mais?
Imaginemos uma consumidora que queira mudar seu visual com uma coloração para cabelos. Ela para em frente à gôndola do supermercado e recebe aquela enxurrada de informações visuais de várias renomadas e confiáveis marcas. Excluindo a variável preço e imaginando que não haja uma preferência prévia por marca, o que a levaria a concluir qual marca que ela irá levar? Muito provavelmente a qualidade da impressão da cor do cabelo no cartucho ou algum outro atributo, que pode inclusive ser o design da embalagem, a convenceria de levar aquele produto para que ela efetue a mudança em seu visual.
A diversidade de produtos e suas aplicações influenciam diretamente o formato e tecnologia das embalagens para cabelo. Pastas, ceras, fixadores aerossóis, pós e líquidos. Potes, frascos, bisnagas e sachets. Venda direta, mercado especializado, salões de beleza, varejo e web. A imaginação não para de fazer diversas combinações para suas utilizações e fins desejados e mesmo a adequação para cada canal de venda possível.
Com essa diversidade de canais de venda e de embalagens de produtos para cabelos, vale observar se a mesma característica de embalagem de um produto que será vendido no varejo tradicional é a mesma característica que terá o melhor desempenho na venda direta ou na venda pela internet. Entender o equilíbrio financeiro e o impacto sustentável dessas embalagens nos canais acima mencionados é outro fator determinante para o sucesso do produto nessa dinâmica que nossos consumidores veem, de forma cada vez mais inteligente e crítica, utilizando os produtos disponíveis no mercado.
Se 95% das decisões de compra pelos consumidores são feitas com base em estímulos sensoriais anteriores, imagens visuais, por impulso e com base em sua infalível intuição, vale ter em mente o tempo todo como as embalagens de produtos para cuidados capilares, dos fios ou do couro cabeludo, remeterão essa compra comandada pela ‘mente inconsciente’ ao produto que colocamos na gôndola, no catálogo ou na web.
O cérebro, órgão que comanda todas as ações do ser humano, utiliza entre 18 e 23% da energia que o corpo precisa para se manter em funcionamento e possui estratégias para economizar o máximo de energia em frente a uma gôndola, por exemplo, respondendo a estímulos pré-estabelecidos no subconsciente, para que o indivíduo tome sua decisão de uma forma menos traumática para seu funcionamento e gasto energético, ou seja, sem pensar muito, meio que por instinto.
Se os donos das marcas e produtos conseguirem aliar a tecnicidade da embalagem em sua função de interação técnica-mercadológica com o granel e seus atributos, não importará se o material for vidro, PET, PP, PEAD, PEBD, multicamadas, frasco, pouch ou bisnaga, mas sim o que seu formato comunicará neuro-sensorialmente e o que esse conjunto completo remeterá e fará com a memória, atenção e emoção do consumidor. É preciso gravar na mente do consumidor o que a empresa realiza e quer transmitir para ele com seus produtos.