Clean beauty: 6 marcas brasileiras de cosméticos que não causam prejuízos ao meio ambiente e à saúde
O termo clean beauty (beleza limpa) vem se popularizando nos últimos anos. A expressão faz referência a cosméticos sustentáveis do ponto de vista social e ambiental, seguros e que oferecem alta performance, usando a tecnologia como uma grande aliada.
Segundo a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos registrou crescimento de 5,8% em 2020 e superávit de US$ 23,4 milhões. Nesse período, o mercado de clean beauty também experimentou uma boa fase.
Muitas marcas reportaram crescimento ao longo do ano passado, movimento impulsionado pela pandemia e pela busca por uma vida mais saudável. Ananda Boschilia, fundadora da Biouté – importadora e distribuidora de produtos de higiene pessoal orgânicos e naturais –, afirma que o mercado de cosméticos naturais é diferente do convencional, já que as empresas têm um objetivo maior do que a beleza, que passa pelo bem-estar e saúde do consumidor final.
No primeiro semestre do ano passado, a marca de skincare e maquiagem Care Natural Beauty, por exemplo, cresceu 155% em relação ao mesmo período de 2019. Marketplaces e grandes varejistas também aproveitaram a onda crescente para investir nesse mercado e lucrar. Foi o caso da Amaro, plataforma de lifestyle que apostou em marcas como Biossance, Simple Organic, Terral e Quintal para fazer parte do seu portfólio de bem-estar.
As mudanças de comportamento dos consumidores também levaram grandes empresas do setor de cosméticos a repensar estratégias e investir em sustentabilidade. Em março, a L’Oréal promoveu uma conferência online para expor as mudanças que estão sendo feitas nas marcas do conglomerado para um futuro mais limpo e seguro. Até 2030 e com uma abordagem de “ciências verdes”, a empresa espera utilizar cerca de 95% de seus ingredientes de fontes renováveis ou de processos circulares. As projeções da gigante da beleza mostram também que a companhia tem unido esforços para desenvolver fórmulas que sejam 100% seguras para os mares e oceanos.
“Temos o dever de ser transparentes e de dar o exemplo para todo o mercado, já que somos uma empresa do setor de beleza com mais de 100 anos de história preocupada com qualidade, segurança, performance e, agora, sustentabilidade”, explica Cristina Garcia, diretora científica da multinacional francesa.
O crescimento do clean beauty, no entanto, levanta uma discussão sobre a capacidade da natureza de suprir a demanda da indústria da beleza. “Se, hoje, o mundo quisesse só consumir ingredientes naturais, não teria para todo mundo. Não tem como atender essa expectativa atualmente. A indústria teve que desenvolver ingredientes sintéticos livres de impactos ambientais e livres de toxinas. A beleza limpa não necessariamente é de origem natural, mas tem que ser isenta de prejuízos ao meio ambiente e à saúde”, explica Patrícia Silveira, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especialista em cosmética natural.
CERTIFICAÇÕES
O mercado de beleza limpa é construído a partir de produtos que carregam a consciência da importância de manutenção da segurança em toda a cadeia de produção. Além da atenção à qualidade e origem dos ingredientes, é um mercado focado em políticas de reciclagem bem desenvolvidas, contato com produtores certificados e estratégias de engajamento para que o consumidor faça parte dessa rede de forma sustentável também.
Algumas das certificações mais importantes para as marcas de clean beauty vêm da Ecocert, um organismo de inspeção e certificação fundado na França. No Brasil, o grupo é associado ao Instituto Brasil Orgânico e credenciado pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A Ecocert realiza a certificação de cosméticos orgânicos e naturais através do referencial Cosmos, uma norma adaptada pela Ecocert Greenlife
Muitas marcas de clean beauty possuem o selo Eureciclo, por exemplo. O programa ajuda as empresas a se conectarem com operadores de coleta e triagem ao mesmo tempo em que auxilia os consumidores a escolherem produtos de fabricantes que investem na cadeia de reciclagem do país.
Bioart Biocosmetics
Criada em 2010, a marca é uma das pioneiras no Brasil a formular e desenvolver, em seu laboratório próprio, fórmulas limpas e seguras de cosméticos. Ao seguir os pilares de inovação e tecnologia verde, rastreabilidade em toda a cadeia e a fabricação sustentável, a marca conseguiu que seus produtos recebessem a certificação Ecocert/Cosmos.
Em 2015, Soraia Zonta, CEO e fundadora da Bioart, recebeu o prêmio Mulher de Negócios na categoria de ouro do Sebrae. Ela foi a primeira mulher do Brasil a adotar o chemical leasing, modelo de negócios recomendado pela ONU baseado em desempenho para o gerenciamento sustentável de produtos químicos.
Fonte: Forbes