Com The Body Shop, Natura estuda um “plano China”
A Natura calcula que a The Body Shop, rede britânica de cosméticos cuja compra foi anunciada na sexta- feira (9), tenha capacidade para estar em 150 grandes cidades do mundo. Atualmente, pontos de venda da marca estão em cerca de 100 cidades.
“Em termos de loja, não existe nenhum país que tenha loja demais da Body Shop”, disse Robert Chatwin, vice-presidente internacional da Natura, em teleconferência com analistas nesta segunda-feira (12).
A maior parte das cidades em que a Body Shop não está presente fica na China. Como a Aesop e a Natura também não têm operação no país asiático, trata-se de um mercado com grande potencial para as três marcas. “Acreditamos que podemos ter um plano China”, afirmou o executivo.
Nas cidades em que a The Body Shop já está presente, a Natura estuda aumentar o número de lojas e rever a localização de alguns pontos de venda.
As regiões com fraco desempenho de vendas representam um quarto do negócio da The Body Shop. De acordo com Chatwin, a Natura tem um plano para endereçar o desempenho de cada loja em cada país em dificuldade. “A Natura pensou em formas de quebrar a gestão em partes menores e mais gerenciáveis”, afirmou.
Segundo o executivo, é necessário um trabalho de rejunescimento da marca Body Shop, apesar de a rede britânica continuar muito conhecida pelo consumidor.
Venda direta
A expansão da operação de venda direta da The Body Shop para a América Latina deve ser um dos principais pontos explorados pela Natura para criar valor com a aquisição.
A varejista britânica tem vendas diretas no Reino Unido e Austrália, mas o negócio representa apenas 3% de suas receitas. A operação na América Latina, por sua vez, responde por 2% das vendas.
“Esses números vão aumentar”, disse Chatwin. “Não existe parceiro melhor que a Natura para fazer essa expansão da Body Shop para a venda direta”, segundo o executivo. A brasileira tem 1,5 milhão de vendedoras por catálogo no mundo.
A Natura aposta também no aumento das vendas da Body Shop pela internet. A varejista britânica tem cerca de 8% de suas vendas no comércio eletrônico, por meio de suas próprias plataformas, um patamar relativamente alto para níveis globais. O número, porém, não inclui os produtos vendidos em sites de varejo, como Amazon.
Mais de 30% das vendas da Body Shop nos Estados Unidos são on-line. A relação supera os 8% do Reino Unido. “O desafio agora é fazer o mesmo em outros países”, disse Chatwin.
Dívida
A relação de alavancagem da Natura deve dobrar após a aquisição da The Body Shop, mas voltará ao patamar atual de 1,3 vez a dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em quatro anos, segundo José Roberto Lettiere, vice-presidente financeiro da Natura.
O executivo destacou que a aquisição acelera a geração de caixa em moeda forte e abre um canal amplo para a captação de recursos a preços mais acessíveis. Com a The Body Shop, a Natura terá 25% de receitas em mercados cuja moeda é o dólar ou o euro.
Lettiere acrescentou que as operações atuais possuem processos muito fortes de geração de caixa que serão suficientes para voltar ao patamar de alavancagem de 1,3 vez em quatro anos.
“Já temos nossos assessores financeiros globais e locais empenhados nesse financiamento e há bastante confiança de que os níveis de endividamento não serão nenhum tipo de limitante para o crescimento da empresa adquirida e da Natura.”
Lettiere não descartou uma potencial emissão de ações no futuro. “Poderemos eventualmente ter uma aceleração na desalavancagem.”