Na amplitude da palavra, o perfume é uma emanação agradável ao olfato, que se exala de certos corpos com propriedades odoriparas ou de substâncias aromáticas. Seu nome deriva do latim per fumun ou pro fumun, e significa “através da fumaça”.

De caráter subjetivo, o perfume atua nas sensações cognitivas psicofisiológicas do ser humano de modo determinadamente, descritos nos trabalhos do químico francês René-Maurice Gattefossé, que iniciou os primeiros estudos da Aromaterapia Moderna.

Na dimensão cosmética e de perfumaria, o perfume concorre, entre os elementos constituintes de uma fórmula, para melhores resultados de aceitação e qualificação do produto.

Os perfumes, também conhecidos como aromas, composições aromáticas, essências, fragrâncias, ou bouquets, inserem-se e exalam-se, nas várias formas e categorias cosméticas, como cremes, talcos, sabonetes, shampoos, desodorantes, colônias, extratos, ente outros produtos de perfumaria e cosméticos.

SUBSTANCIAS AROMÁTICAS

Devido à sua complexidade e sob o ponto de vista mais prático consideramos substâncias aromáticas, os compostos que possuem aroma que dependendo da origem podem ser:

A) Naturais: Distinguem-se como as substâncias provenientes dos reinos animal e vegetal.

As de origem animal exercem um efeito sinergético sobre o aroma, tornando os perfumes mais intensos e fortes e bastante característicos, atualmente substituídos por composições sintéticas.

Ex:  Almíscar- Musk, proveniente da glândula da cabra do Tibete, Himalaia e Abissínia.

As de origem vegetal constituem os chamados óleos essenciais, uma mistura complexa de compostos orgânicos voláteis, de centenas de constituintes distintos, que se obtém das flores, folhas, raízes, frutos ou madeiras, através de processos de operações unitárias estabelecidos, como destilação, extração, filtração, raspagens, vaporação e secagem. Ex.: madeira de sândalo da Índia, o vetiver em Java, a bergamota na Itália, rosa, jasmim, lírio, alfazema, citronela.

Os óleos essenciais atuam no sistema imunológico das plantas e tem a função de protegê-las contra bactérias, fungos e infecções, oxigenando e nutrindo as células.  São denominados essenciais, pois são vitais para a sobrevivência das plantas atuando em seu no sistema imunológico, e tem a função de protegê-las contra bactérias, fungos e infecções,  oxigenando e nutrindo as células vegetais.  

B) Sintéticas: As substâncias sintéticas, ocupam um lugar de destaque nas composições  aromáticas devido ao seu custo acessível, possibilitando maiores combinações ao perfumista, na elaboração e desenvolvimento de uma fragrância. São resultantes de reações e processos químicos de síntese, oxidação dos álcoois graxos, fenóis, dando origem aos ALDEIDOS.

Assim como na música a melodia é constituída pela associação de notas, temos na conformação dos perfumes, associação de NOTAS OLFATIVAS, que sugerem os efeitos aromáticos de suas procedências, a exemplo das notas do reino animal como couro, tabaco,  e vegetal como lavanda, rosa,  madeira, frutal, herbácea, aldeídicas .

Convém ressaltar, que as estas nomenclaturas das notas olfativas não são rigorosamente classificadas. Variam, em função da linguagem de identificação que predomina em uma determinada época, de acordo com a moda e costumes, e sugeridas pelos meios de comunicação e veículos publicitários.

PROPRIEDADES DAS SUBSTANCIAS AROMÁTICAS

As propriedades das substâncias variam de acordo com os métodos de obtenção, plantio partes do vegetal extraído, época de colheita, entre outros.  Em destaque algumas mais comuns de maior utilidade de aplicação:

– BIOLÓGICAS: Antissépticas, analgésicas, estimulantes e anestésicas.

– FÍSICO-QUÍMICAS:

– Odoriparas:- Possuem grande potencial de aromatização

– Vaporização: Evaporam-se com velocidades diferentes em condições normais de temperatura e pressão, alterando o teor de ativo de uma composição.

– Solubilidade: Possuem características lipofílicas, portanto solúveis em óleos, gorduras, álcool, tensoativos e insolúveis em água.

– Sensibilidade à fotossíntese: Os óleos essenciais possuem reações à luz, alterando a sua cor ou precipitando-se em presença constante da luz.

– Sensibilidade às reações de oxidação e calor.

– Volatilidade – são altamente voláteis em correntes de vapor

– NÍVEIS DE VOLATILIDADE:  Esta última propriedade, associada à vaporização, é responsável pela qualidade e rendimento dos perfumes, relacionando-se às Fases de Percepções Olfativas, denominadas:

– NOTA DE CABEÇA é a primeira impressão percebida quando cheiramos um perfume. É composta de produtos VOLÁTEIS com tensão de vapor elevada. Nesta fase são sentidos a POTÊNCIA ou INTENSIDADE do produto.

– A NOTA DE CORPO é a fase intermediária que define o odor do Perfume. A maior ou menor volatilização, que permitirá julgar a DIFUSÃO na atmosfera.

– A NOTA DE FUNDO constitui a fase residual que permanece após um tempo prolongado de evaporação do perfume. É composto de produtos de BAIXA Volatilidade, responsáveis pela fixação do odor.

Portanto temos que a POTENCIA, a DIFUSÃO a FIXAÇÃO, são os elementos que definem a categoria de um bom produto, lembrando que devem estar harmoniosamente distribuídos e balanceados.

O DESENVOLVIMENTO DO PERFUME

No desenvolvimento de perfumes, recorremos à seleção da fragrância que é criada e fornecida pelo fabricante. A criação da fragrância pelo perfumista demanda muitas vezes,  combinações de inúmeras substâncias que personalizam  e caracterizam os diferentes e sofisticados perfumes.

Restringiremos aqui à elaboração de soluções alcoólicas, denominadas extratos, colônias, água de colônia, de acordo com a concentração da fragrância utilizada em cada produto.

PRODUTO                                                     % FRAGRÂNCIA

Extratos                                                         10%  a 25%

Colônias                                                         3% a 10%

Agua de colônia                                             2% a 3%

As concentrações das fragrâncias a serem utilizadas, dependem dos fatores de solubilização das mesmas, da potencialidade de aromatização, fixação, volatilidade e difusão; das procedências, da faixa de custo do produto e dos resultados de testes de qualidade.

PROCESSO DE FABRICAÇÃO

Há diversos métodos de fabricação de um perfume de acordo com a tecnologia de cada fabricante. Em geral utiliza-se o álcool etílico neutro a 96⁰GL ou álcool de cereais, acrescentados de água destilada na porcentagem indicada. O método consiste na diluição das fragrâncias selecionadas para uma determinada fórmula em álcool colocada em um misturador de perfumes. Agita-se o conjunto, a fim de obter-se uma solução homogênea a frio. Adiciona-se a água destilada e mantém a agitação, para confirmar a homogeneização do meio.

Depois de um adequado repouso, durante um período variável de 10 a 30 dias para maceração resfria-se a solução entre 2 a 10⁰C, agitando-se ao mesmo tempo com carbonato de cálcio ou talco coloidal, quando aplicável,  para evitar a turbidez seguindo-se à filtragem. A transparência do produto será tanto melhor quanto mais baixa for a temperatura de resfriamento, na qual se processou a filtração, evitando a formação de depósitos nos frascos de  vidros a serem embalados.

Outros Ingredientes auxiliares podem ser utilizados, como  corantes, antioxidantes, hidratantes, preservantes, controladores de pH.

O texto aqui descrito contem informações orientativas para futuros estudos e desenvolvimentos e adequações, decorrentes do uso das matérias primas, equipamentos e processos de fabricação, que devem ser submetidos devidamente ao controle de qualidade.