Estudos foram apresentados no primeiro webinar da série ‘Papo de Mercado ABIHPEC’
Nesta segunda-feira (02), o ‘Papo de Mercado ABIHPEC’ deu início a uma série de discussões focadas nas transformações da indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC). Em um estudo inédito realizado pela consultoria Arquitetura do Comportamento e apresentado pela primeira vez durante o evento, foram reveladas as preocupações de diferentes gerações relacionadas à sustentabilidade e a percepção dos consumidores do mercado de HPPC.
A pesquisa feita a partir de 500 entrevistas, mostrou que todas as gerações (Alpha, Z, Millennials, X e Boomers) demonstram uma preocupação majoritária com a sustentabilidade, com os Millennials e os Boomers se destacando como os mais preocupados. A Geração Alpha, embora seja geralmente menos informada, tem indivíduos que se destacam pelo alto engajamento quando possuem conhecimento sobre sustentabilidade. No entanto, o estudo mostra que, apesar do grande interesse geral, o conhecimento sobre o tema ainda é limitado.
Segundo a pesquisa, 85% dos entrevistados afirmam que são responsáveis pelo futuro do planeta e 83% acreditam que consumir produtos e marcas sustentáveis é uma das maneiras de ajudar na preservação do planeta.
No atual cenário, o setor de HPPC é percebido pelos consumidores como um verdadeiro universo sensorial, que vai além da simples funcionalidade dos produtos, sendo caracterizado por experiências de prazer e relaxamento, proporcionando momentos de autocuidado e bem-estar. Além disso, quando se trata de sustentabilidade, o setor é frequentemente associado a elementos naturais, como a pureza da água e a riqueza da vegetação. Essa dualidade entre prazer e consciência ambiental destaca a complexidade das expectativas dos consumidores.
Rodrigo Toni, fundador da Arquitetura do Comportamento, consultoria responsável pela pesquisa, afirma que todas as gerações são “vítimas” da falta de informação e da impotência de tomar ações concretas. De acordo com o estudo, 74% dos entrevistados afirmam que há falta de informação nas prateleiras sobre quais produtos são sustentáveis. 32% afirmam se preocupar com o futuro do planeta, mas pessoalmente “não podem fazer nada a respeito”.
Apesar disto, os consumidores possuem demandas bem claras às marcas, esperando que elas tenham um papel mais ativo e de liderança no tema. Exigem também mais opções de produtos, comunicação clara sobre práticas sustentáveis dos fabricantes, demonstração da eficácia dos produtos e a apresentação de “certificados”, credenciais de mercado que atestem esses compromissos.
“É fundamental que as empresas contribuam para a transição do comportamento do consumidor ao consumo sustentável, guiando os mesmos por experiências que coloquem atitudes sustentáveis em prática e facilitem essa mudança.”, ressaltou Toni.
O preço também costuma ser uma questão quando se trata de produtos sustentáveis, considerados “muito caros” por 49% dos entrevistados.
O instituto de pesquisa trouxe um estudo de 2023 sobre relação dos consumidores da América Latina com o preço. Carmen Silva, representante da Euromonitor de pesquisa, informou que o conceito de “value for money” está evoluindo, com a nova base da pirâmide buscando não apenas o menor custo, mas sim produtos que entreguem qualidade e benefícios reais.
“Acredito que, com uma mudança de mentalidade incentivada pelas marcas, o consumidor estará mais disposto a pagar um pouco mais por produtos que sejam eficazes e sustentáveis”, disse Carmen durante a discussão no painel.
Uma prova disso são as análises do Instituto sobre padrões de consumo entre as gerações. A Geração Z, composta por nativos digitais, busca produtos com resultados eficazes. Os Millennials, que também são nativos digitais, valorizam não apenas a eficácia, mas também a qualidade dos produtos. A Geração X, além de priorizar eficácia e qualidade, mostra um interesse específico em produtos que ajudam a combater os sinais de envelhecimento. Por sua vez, os Baby Boomers valorizam tanto a eficácia quanto a qualidade, com um foco adicional em soluções que adiam os efeitos da idade.
A Euromonitor listou algumas tendências em alta: premiumization, onde consumidores valorizam produtos de alta qualidade; long-lasting, com demanda crescente por itens de longa duração; multifuncionais, que oferecem praticidade ao combinar várias funções em um único produto; além do aumento da popularidade das marcas indie, que trazem inovação e autenticidade, e do crescimento da busca pelos produtos dupes, alternativas acessíveis a produtos premium de alto desembolso.
No Painel sobre a “relevância da sustentabilidade para o consumidor”, que também contou com a participação da Euromonitor e Arquitetura do Comportamento, mediado por Elaine Gerchon, diretora de inteligência de mercado da ABIHPEC, foi abordado como as marcas estão se posicionando de forma proativa, destacando suas iniciativas sustentáveis em resposta à crescente demanda por práticas eco-friendly. A sustentabilidade, agora vista como essencial, leva empresas a adotar ingredientes naturais, embalagens recicláveis e reduzir impactos ambientais. A pressão de consumidores exigentes e de reguladores com normas mais rígidas, junto à necessidade de transparência nas cadeias de suprimento e responsabilidade social, torna a sustentabilidade crucial para a competitividade no mercado.
Esses foram alguns dos destaques das discussões desse 1º dia de evento. O “Papo de Mercado ABIHPEC” é aberto a todo o público, gratuito e será realizado todas as segundas-feiras do mês de setembro (dias 9/9, 16/9, 23/9 e 30/9), a partir das 10h. As inscrições seguem abertas.