Uma nova divisão, a Dolce & Gabbana Beauty, assumirá o desenvolvimento, produção e distribuição dos perfumes e maquiagens da marca, que estavam terceirizados sob responsabilidade da Shiseido

Trinta anos depois de lançar seu primeiro perfume em lojas, a Dolce & Gabbana assumirá internamente seu negócio atacadista na área de produtos de beleza, como parte do plano de aproveitar o bom momento dos cosméticos e perfumes de alto padrão e diversificar a receita para além do mundo da moda.

Uma nova divisão, a Dolce & Gabbana Beauty, assumirá o desenvolvimento, produção e distribuição dos perfumes e maquiagens da marca, que estavam terceirizados sob responsabilidade da Shiseido.

“Será a primeira marca de moda italiana a gerenciar internamente a categoria de beleza”, disse ao “Financial Times”, o novo executivo-chefe operacional da Dolce & Gabbana Beauty, Gianluca Toniolo, que foi diretor-gerente da área global de viagens de compras da LVMH.

Embora as marcas de luxo do mundo da moda tenham presença do mercado de beleza desde que a Chanel lançou seu primeiro perfume em 1921, elas continuam sendo participantes menores em comparação às líderes do setor, como L’Oréal e Unilever.

Apenas um punhado de marcas de moda, como Chanel e Dior, gerenciam a produção e distribuição de seus produtos de beleza. A grande maioria licencia o nome de suas marcas para especialistas terceirizados.

Em 2021, o grupo de cosméticos japonês Shiseido divulgou planos para encerrar seu acordo de licenciamento com a casa de moda italiana para se dedicar mais à sua linha de prestígio de produtos para a pele.

Ter uma divisão interna de produtos de beleza pode ser caro e complexo. A Burberry assumiu por algum tempo a propriedade de seus negócios de beleza em 2013, pouco antes da saída da então executiva-chefe Angela Ahrendts, mas chegou a um acordo de licenciamento com a Coty em 2017.

Alfonso Dolce, executivo-chefe da Dolce & Gabbana e irmão do cofundador Domenico Dolce, acredita que o segmento de beleza pode ser um negócio muito maior para o grupo.

A empresa projeta que as vendas anuais no varejo de beleza aumentarão em “mais de 1 bilhão de euros” para 2,5 bilhões de euros em sete anos, segundo Alfonso Dolce, gerando cerca de 1,25 bilhão de euros em receita anual no atacado.

A Dolce & Gabbana, cuja receita caiu de 1,35 bilhão no ano terminado em março de 2019 para cerca de 1 bilhão de euros atualmente, investirá 300 milhões de euros no empreendimento. A nova divisão planeja contratar 150 pessoas até o fim do ano e chegar, em algum momento, a uma equipe mundial de 350 a 500 pessoas.

“Eles estão entrando num mercado muito empolgante e em muito boa forma”, disse Larissa Jensen, consultora do segmento de beleza na firma de análises de mercado NPD.

Todas as grandes categorias de beleza cresceram nos Estados Unidos em 2021, mas nenhuma mais rápido do que a de perfumes, de US$ 6,3 bilhões, que cresceu 35% em relação aos níveis pré-pandemia.

“Pela primeira vez na história [recente], a categoria de perfumes agora tem o mesmo tamanho que a de cuidados com a pele”, disse Jensen. “Há mais compradores, gastando mais dinheiro […] É a maneira como os consumidores estão se cuidando.”

Ela acrescentou que os produtos mais caros – frascos maiores, “eau de parfums” de alta concentração, aromas artesanais e produtos de grifes – são os que vêm mostrando melhor desempenho.

Toniolo disse que isso deixa a Dolce & Gabbana, cujos perfumes geram 95% das receitas da área de beleza, bem preparada para expansão.

A nova divisão planeja lançar perfumes “muito raros, de qualidade italiana”, com os lançamentos custando cerca de 50% mais do que os perfumes Dolce & Gabbana atualmente no mercado.

Fonte: Valor 07.02.2022