Embalagens de aço: oportunidades sociais e ambientais
Pesquisas mostram que embalagens de aço têm potencial para fazer parte de produtos que podem operar em ciclo fechado de produção de maneira infinita
O novo paradigma de produção e consumo baseia-se em modelos inspirados nos conceitos de circularidades dos materiais, em que as matérias-primas pós-consumo são reinseridas nas respectivas cadeias de valor. Pesquisas recentes mostram que as embalagens de aço têm um grande potencial para fazer parte de um grupo de produtos que podem operar em ciclo fechado de produção de maneira infinita. Além disso, a cadeia do aço também se mostra muito versátil, com embalagens pós-consumo podendo se transformar em quaisquer outros produtos de aço. Assim, por exemplo, podem se transformar em uma geladeira, que, por sua vez, pode se tornar uma porta de carro que, posteriormente, voltará a ser uma embalagem.
Por se tratar de um material tão polivalente e com alta liquidez, a demanda supera a oferta para a sucata, de tal forma a se concretizar como um mecanismo importante de renda para um grupo de coletores e cooperativas de triagem. Esses indivíduos e organizações podem compor e ampliar suas rendas familiares, de tal forma a alinhar impacto social e ambiental de forma sinérgica. O papel ativo e articulado de uma rede de coletores e cooperativas evita que as embalagens cheguem aos aterros sanitários ou que sejam descartadas de forma danosa ao meio ambiente, impactando a saúde e o bem-estar das pessoas.
No Brasil, a taxa de reciclagem do aço ainda é de 47,3%, aproximadamente a metade do que é na Europa, o que demonstra um grande potencial a ser explorado para gerar impacto social e ambiental duradouro. Em pesquisa realizada recentemente no programa de pós-graduação do Insper, identificamos as principais barreiras para explorar a circularidade das embalagens de aço. Uma das principais lacunas encontradas atualmente é o conhecimento limitado sobre os impactos e potenciais sociais e ambientais da circularidade do aço por parte do consumidor final e dos(as) principais tomadores(as) de decisão, tanto no poder público quanto no privado.
Fonte: Exame 01.10.2021