A Kalya Cosméticos, especializada em cosméticos sensuais, foi fundada em 1998 como Galênika Farmácia de Manipulação e Estética, em Londrina, no Paraná. O fundador, CEO da marca e farmacêutico, Marcos Cruz, vislumbrou na cosmética sensual um mercado em ascensão. “Tudo começou quando uma cliente de estética pediu para que eu fizesse um gel com sensação gelada para passar na área íntima. Depois disso, passei a enxergar novas possibilidades dentro desse nicho”, Conta Cruz.
Atualmente, a Kalya está presente ativamente em todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal. São mais de 80 produtos das mais variadas funções que atendem todos os tipos de públicos. Nesta entrevista ao Portal Cosmetic Innovation, o empresário compartilha sua experiência nesse segmento ainda pouco explorado no Brasil, mas que apresenta muitas oportunidades.
A que você atribui o fato de a empresa se manter há mais de 20 anos no mercado fabricando cosméticos íntimos?
Acredito que o que fez a Kalya se manter competitiva foi a qualidade dos produtos e o atendimento de excelência. Afinal, desenvolvemos produtos para as pessoas, então temos que nos ver também como consumidores. Realmente atendemos às expectativas e oferecemos muito mais do que produtos. Cada pessoa tem sua experiência e vivência de autoconhecimento.
O que você enxerga de diferente do mercado de cosméticos íntimos de 10 anos atrás para hoje? O que avalia como a maior transformação? Ainda há tabus?
Com certeza existem tabus e preconceitos que precisam ser quebrados nesse segmento. No entanto, nos últimos 10 anos, houve uma diminuição da resistência por parte dos consumidores. Acredito muito na colaboração do filme “De Pernas Pro Ar”, que mostrou muitas possibilidades dos produtos sensuais para o público feminino, apresentando diversos produtos e formatos. Assim como sex shops se tornaram mais atraentes e, de certa forma, vistas como menos constrangedoras para alguns consumidores. Com isso, aumentou a quantidade de pontos de vendas, inclusive na internet, onde a compra online proporciona mais privacidade. A introdução dos vibradores foi uma grande transformação, pois levou também os cosméticos sensuais a várias classes sociais de consumidores que torciam o nariz para este tipo de produto e começaram a compra-los no e-commerce, o que aumentou a privacidade e, por isso, mais segurança para que as pessoas comprassem sem constrangimento.
Qual o perfil do consumidor? Há diferenças ou peculiaridades em relação aos de outros países?
Vejo o público consumidor mais forte no feminino, quase 60% delas compram os produtos não apenas para si, mas também para seus maridos e namorados. Eu acompanho o que acontece no mercado internacional e converso com alguns diretores de empresas na Europa. O perfil do consumidor de lá é semelhante ao nacional, apenas uma curiosidade que me causa espanto: o público de fora é considerado muito mais conservador e resistente a produtos sensuais do que o brasileiro. Isso é surpreendente, pois o mercado europeu de produtos sensuais é muito mais antigo que o nosso.
A empresa se propõe a promover uma experiência sensorial. Isso está claro para o consumidor? É fácil ele entender que o produto é um cosmético íntimo?
Na Kalya, procuramos deixar as experiências o mais claras possível na embalagem, mas nem todos os consumidores estão familiarizados com os termos das embalagens, o que dificulta um pouco a compreensão. Por isso, realizamos campanhas informativas constantes para que os conceitos e experiências sensoriais dos cosméticos íntimos se disseminem e atinjam mais consumidores.
Quais linhas de cosméticos íntimos a empresa oferece, quais são os carros-chefes de vendas e quais foram os últimos lançamentos?
A nossa empresa oferece diversas linhas de cosméticos íntimos, como óleos para massagem corporal e tântrica totalmente vegetais, gel e cremes com sensorial de calor, com sensorial de frio e calor, com sensação adstringente e de vibração, além de óleos puros para aplicação localizada, perfumes com fragrâncias sensuais, gel siliconados e caldas aromatizadas beijáveis. Os carros-chefes do último ano foram o Mustash Silicone, chamado pelo público de a “manteiguinha da Kalya”, além do Pussycat Perfume beijável e o gel com efeito vibrador intenso. Quanto aos lançamentos, estamos prestes a divulgá-los.
Os produtos fabricados no Brasil estão no nível internacional?
Os produtos fabricados no Brasil são equivalentes aos internacionais. Diria que possuem excelente adequação às exigências europeias e americanas, que restringem o uso de algumas substâncias, como parabenos e glicóis. E as consumidoras brasileiras já estão antenadas e valorizam produtos que não contenham essas substâncias.
Qual a participação dos cosméticos íntimos no mercado de cosméticos? Houve crescimento nos últimos anos?
Não creio que existam estatísticas no mercado em relação aos cosméticos tradicionais versus cosméticos íntimos. Houve um aumento significativo do interesse por produtos de bem-estar íntimo, especialmente após a pandemia, refletindo um comportamento feminino mais atento a esses produtos. Acredito que os desenvolvedores de cosméticos íntimos continuarão buscando inspiração na cosmética facial, com transferência de tecnologia e uso de ativos como aminoácidos. A cosmética para higiene íntima terá um foco maior na manutenção do pH e na diminuição de odor, enquanto os perfumes íntimos serão criados para manter a região íntima mais fresca. As consumidoras consultarão mais seus médicos ginecologistas para acertar na escolha de produtos que colaborem no melhor conhecimento do seu corpo. Considero que a informação será um ponto muito importante para as marcas que fabricam cosméticos íntimos. Imagino um crescimento maior nos próximos anos, talvez representando uma fração significativa dentro da cosmética. Com certeza, o mercado sentirá um novo crescimento, e novos players, fabricantes e marcas podem surgir, tanto no mercado de varejo tradicional quanto no digital, segmentando ainda mais esse mercado para atender cada tipo de consumidor de forma exclusiva.