Filho com alergia motiva mãe a criar marca de cosméticos hipoalergênicos para crianças
Estefania Monteiro teve a ideia para fundar a Afeto Natural depois de ouvir que deveria ter cuidado com os produtos usados no filho
Uma dificuldade de seu próprio filho foi a motivação para Estefania Monteiro, 42 anos, criar a Afeto Natural, marca de cosméticos hipoalergênicos para crianças. Matteo Monteiro, atualmente com 4 anos, sofre de dermatite atópica, alergia caracterizada por sintomas como vermelhidão, coceira e descamação.
“Ele também é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista, e fiquei preocupada porque esse desconforto poderia agravar a situação, deixando-o mais irritado”, afirma Monteiro, que vive em Taubaté, interior de São Paulo. Sem encontrar opções de que gostasse, decidiu ela mesma criar uma marca de cosméticos. No ano passado, o empreendimento faturou R$ 70 mil.
Formada em Direito, Monteiro diz que nunca atuou na área. “Meu pai tinha uma loja de roupas para bebês, e cresci neste ambiente. Fiz faculdade porque gostava da área jurídica, mas dentro de mim sempre quis ter um negócio”, afirma. Aos 23 anos, fundou uma empresa de crédito consignado em Belo Horizonte (MG). Três anos depois, o marido foi transferido para Taubaté, e Monteiro vendeu o negócio para a irmã. Em 2016, voltou a empreender como franqueada de uma empresa de estética para carros.
No final de 2019, a médica que atendia Matteo fez um alerta à família. “Ela me explicou que era um caso tão sensível que até produtos que eu usasse em mim poderiam causar alergia nele se entrassem em contato.”
A empreendedora, que pensava em fechar o seu negócio, viu uma oportunidade. “Eu estava me sentindo muito sobrecarregada antes mesmo do diagnóstico do meu filho. Gosto muito de trabalhar, mas estava confusa com o rumo da minha carreira”, afirma. Ela conta que sugeria mudanças na operação da franquia, que nunca eram aceitas.
No início da pandemia, começou a repensar o que deveria fazer para trabalhar com propósito e começou a pesquisar sobre cosméticos naturais. “Comprei produtos internacionais para entender como eram as fórmulas e passei testá-los para saber quais eram os diferenciais para serem tão indicados pelos médicos”, diz a empreendedora. Ela também fez uma série de reuniões virtuais com farmacêuticos e engenheiros químicos.
No final de 2020, conheceu Adriana Maia, engenheira química que criou as fórmulas da Afeto Natual. “Expliquei que não queria produtos com ingredientes como parabenos, petrolatos e sulfatos”, afirma Monteiro. A fase de testes durou até o final de 2021. “Tive dificuldades para encontrar matéria-prima. Queria usar ingredientes importados, que demoravam para chegar, mas também ativos da Amazônia, como a manteiga de ucuuba.”
Em outubro de 2021, lançou o e-commerce da marca, com um shampoo e um condicionador. Em dezembro, também passou a comercializar sabonetes. As primeiras vendas foram para pessoas conhecidas e por indicação.
Para crescer, apostou na divulgação via Instagram e na participação em feiras focadas em produtos veganos e destinados a crianças. Em maio do ano passado, abriu uma frente B2B, inserindo os itens na Vegan Pharma, em São Paulo. Atualmente, a empresa está em quatro unidades da rede — uma na cidade de São Paulo e outras três em Divinópolis, Minas Gerais.
Agora, a empreendedora está pensando em novas formas de expandir os canais de venda. Uma das possibilidades é criar uma caixa de assinatura para entregar o produto com recorrência aos clientes. A meta é triplicar o faturamento em 2024.
Fonte: revistapegn 16.01.2024