Fragrância de óleos amazônicos combate odor do envelhecimento
Um estudo da Fapeam desenvolve uma formulação a partir plantas e frutas da Amazônia como castanhas, copaíba e tapauá
A chegada do envelhecimento traz diversas mudanças no corpo humano, uma delas é o odor corporal característico a partir dos 40 anos. No entanto o cheiro se torna perceptível nos idosos. Para reverter a mudança indesejada do corpo, um estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) desenvolveu uma fragrância capaz de prevenir e amenizar o odor por meio de óleos vegetais proveniente de plantas e frutas da Amazônia como castanhas, copaíba e tapauá.
A elaboração do produto faz parte do projeto “Desenvolvimento de formas farmacêuticas tópicas contendo α-tocoferol e fragrâncias associados à Nanocarreadores lipídicos a partir de óleos vegetais da Amazônia” e foi realizada pela farmacêutica e mestre em produtos naturais, Giana Thais Kaufmann, que identificou o odor corporal de pessoas idosas e decidiu desenvolver um produto que ajudasse a combater o processo natural.
“Eu sempre notei que as pessoas com idades avançadas desenvolviam esse odor corporal que na verdade é comum, devido ao avanço da idade e passeia a estudar mais sobre o assunto e identifiquei que existe algumas substâncias que inibem o cheiro. Foi quando decidir produzir a fragrância com óleos vegetais naturais do Amazonas”, analisou.
Segundo a pesquisadora, o odor ocorre por conta de uma modificação na constituição do sebo produzido pelas glândulas sebáceas da pele. A partir dos 40 anos, aproximadamente, é possível observar uma elevação das concentrações dos ácidos graxos monoinsaturados da família ω7, os quais, por meio de processos oxidativos, geram o 2-nonenal, um aldeído insaturado responsável pelo odor característico de pessoas com mais idade.
Por se tratar de lipídios, o produto foi desenvolvido com carreadores lipídicos nanoestruturados, encontrados em óleos ou manteigas amazônicas extra virgem.
“Desenvolvi 14 protótipos de fragrâncias apenas com óleos essenciais, divididas em masculina e feminino. Todas foram enviadas para École de Biologie Industrielle, em Cergy, França, para serem avaliadas frente a um painel sensorial no intuito de definir quais delas teriam a maior capacidade de harmonizar o odor do composto supracitado. Com isso, obtivemos um produto natural capaz de prevenir e harmonizar o odor”, explicou Giana.
Benefícios
Por ser proveniente de óleos de castanhas, copaíba e tapauá a loção fornece alta capacidade de hidratação ao corpo, prevenção ao odor, ativos ocidentes, além de ser um produto biodegradável e de produção politicamente correta.
“O produto impede a formação de radicais livres que podem induzir a mutação de células produzidas pelo sol ou até mesmo pelos metais livres. O produto ajuda a prevenir o envelhecimento e inflamações causadas pelos raios solares”, ressaltou a farmacêutica.
De acordo com Giana, o produto também foi pesando para atender o público da terceira idade de uma forma harmônica, proporcionando melhor qualidade de vida e cuidando de dentro para fora.
“Quando criei o produto pensei em como ele poderia ajudar o psicológico de pessoa acima de 60 anos, por isso as fragrâncias presentes na fórmula são estimulantes. Elas ajudam a combater a ansiedade e depressão por meio dos benefícios dos óleos vegetais“, afirmou.
Qualidade de vida
Para a farmacêutica, o cheiro é um fator essencial para interação social uma vez que o olfato está ligado ao cérebro sendo o responsável por gerenciar e criar emoções.
“O produto também pode ser um fator importante quando falamos de cuidado com os idosos, por proporcionar um cheiro agradável a relação com a pessoa idosa, a família ou até mesmo seus cuidadores passa a ser mais harmoniosa e agradável”, destacou Kaufmann.
Mercado
A fórmula também oferece a possibilidade de movimentar o mercado regional de cosméticos, uma vez que é desenvolvido com produtos naturais da região Amazônica.
“O Amazonas é rico em matéria-prima e eu acredito que precisamos desenvolver produtos daqui para a população amazonense. Por isso, decidi unir os óleos vegetais líquidos e a manteiga vegetais que são os mesmos óleos vegetais de forma sólida. A atividade pode gerar mais valorização dos produtos regionais”, analisou a doutora.
Fonte: Em Tempo 18.06.2020