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Fragrâncias (quase) sem cheiro são tendência na perfumaria

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Lançamentos são o equivalente olfativo do que na beleza vem sendo apontado como maquiagem natural

Quando Virgil Abloh, o diretor criativo da marca Off-White (e colaborador de Kanye West), decidiu desenvolver sua primeira fragrância, ele tinha apenas um pedido: queria que ela não fosse perfumada. Bem, pelo menos não muito. Abloh imaginava um perfume tão delicado, tão imperceptível e despretensioso que seria quase impossível de ser detectado pelo olfato humano. Entregou essa visão de “invisível” a Ben Gorham, que dirige a conceituada casa de fragrâncias Byredo, e juntos eles produziram Elevator Music.

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Abloh não é a primeira pessoa a imaginar um perfume tão mínimo que seja quase inodoro. Em 2006, a perfumista alemã Geza Schoen apresentou a fragrância minimalista Escentric Molecule 01 como uma insolente repreensão aos excessos da perfumaria. Este “anti perfume” continha apenas materiais sintéticos e prometia algo irresistível: essa coisa é como tinta mágica invisível – amplificará, em vez de sobrecarregar, seus feromônios naturais.

Os fãs de Molecule 01 começaram a se vangloriar, de que, mesmo sem sentir o perfume em si mesmos, todos ao seu redor seriam atraídos como uma mariposa. Quase da noite para o dia, o perfume projetado para abalar a indústria tornou-se um monstro da indústria e é, até hoje, uma das fragrâncias de nicho mais vendidas de todos os tempos.

É uma pequena surpresa, então, que a tendência do perfume diáfano esteja de volta, mas com um toque juvenil. Estamos vivendo na era Instagram dos influenciadores da beleza, quando o glamour é mais sobre a otimização do que sobre a opulência. Na tradição Molecule 01, uma nova safra de perfumes surgiu com baixo impacto nasal, mas um elevado fascínio atmosférico.

Os criadores desses novos aromas, que decidi batizar de New Softies (novas suavidades, em tradução livre), apostam que os millennials (e os da geração Z em torno deles) são avessos a exalar uma personalidade pré-embalada. Em vez disso, querem um preparado para ajudá-los a ter o mesmo perfume de seus gloriosos e únicos egos, apenas melhor. (É o equivalente olfativo de maquiagem sem maquiagem, em que as pessoas gastam centenas de horas e dólares para parecer que esta foi feita sem esforço).

O perfume, durante décadas, teve tudo a ver com esforço tangível. Se você se dava ao trabalho de pulverizar um sopro de doçura, queria que as pessoas percebessem, o inalassem profundamente durante um abraço e em seguida perguntassem sobre o seu elixir. Agora, o sonho é ouvir a pergunta: por que você cheira tão bem? É um novo sabonete?

Os New Softies permitem aos consumidores cobrir suas pegadas. Você pode ter usado uma menta para ter um odor vagamente fresco e limpo, mas ninguém precisa saber. Esses novos aromas, pesados ​​em formulações sintéticas, são criados para derreter na pele e evaporar em lufadas íntimas. São perfumes imaginados como uma camiseta branca enganosamente cara que orna todos os lugares certos.

Confira abaixo, as peculiaridades de alguns exemplares dessa nova onda de perfumes (quase) inodoros.

Off-White x Byredo, Elevator Music

O primeiro perfume de Virgil Abloh e Ben Gorham será apresentado na Barneys de Nova York em 17 de maio. O diáfano perfume contém notas suaves de violeta, bambu e almíscar, mas é tão sutil que quase desaparece no contato com o pulso. “Adotamos o conceito de música de elevador porque nós dois crescemos nos anos 1990”, disse Gorham. “A música de fundo tinha uma conotação muito negativa, na época, mas era algo com o qual podíamos nos relacionar”. Pense na fragrância (US$ 275 por 100 mililitros) mais como um pano de fundo para a sua vida do que como algo que existe por si só. É indescritível de propósito. “A ideia”, disse Gorham, “é que quem o usa seja notado, não o perfume”.

Glossier, You

A estética Glossier é basicamente sobre um rosto límpido resplandecente e uma despreocupação juvenil. Por isso, faz sentido que a primeira fragrância da empresa seja uma névoa transparente da íris infantil e uma fragrância aromática chamado Ambrette que faz com que a pele fique com um perfume leitoso. O perfumista Frank Voelkl (o homem por trás do aroma cult Santal 33), que criou o You com Dora Baghriche, disse que ele projetou o perfume (US$ 50 por 50 mililitros) como “simplista, mas único”. “O que estamos vendo com os millennials é que eles gostam que a fragrância seja pessoal, não como os grandes florais”.

Proenza Schouler, Arizona

A primeira incursão em fragrância da dupla de design Jack McCollough e Lazaro Hernandez, este novíssimo líquido cor de goma de mascar tem como meta agitar a alma nômade com um leve salpicar de flor de cacto e uma base aveludada de almíscar branco. O cheiro (US$ 100 por 50 mililitros) também depende muito da cashmere (madeira de Caximira), um ingrediente básico da tendência New Softies que tem o perfume de uma delicada pashmina e recai sobre a pele como suaves penas de ganso.

Comme des Garçons, Concrete

Concrete, um lançamento moderado da Comme des Garçons, foi feito para lembrar uma rua da cidade depois da chuva. Ele faz isso com apenas uma nota: uma essência de sândalo, torcida e amassada até cheirar a Silly Putty (uma espécie de massa de modelar). Este Softie (US$ 165 por 80 mililitros) é o mais estranho do grupo, pois fica perto do corpo, mas também tem um perfume estranhamente alienígena; um forte odor metálico o mantém interessante.

Nomenclature, Holy_Wood

Outra criação diáfana da Voelkl, Holy_Wood é uma vitrine para um aromático chamado Clearwood, que o laboratório de fragrâncias Firmenich chama “a resposta do século 21 para o patchouli”. Ele realmente cheira como o interior de uma sauna de um daily spa: imaculada, meditativa, vaporosa (US$ 195 por 100 mililitros).

Goest Perfumes, Dauphine

Jacqueline Steele, a criadora de Goest, explica: “O conceito é uma limpeza extrema quando a limpeza era cobiçada; doces cobertos de açúcar branco quando o açúcar branco era um objeto de luxo quase abstrato”, disse Steele. O aroma (US$ 140 por 60 mililitros) é conscientemente inócuo, disse ela. “Os millenials querem exibir uma espécie de estilo luxuriante, bem-considerado, “sem muitos cuidados”, que não recorre muito ao glamour, mas ainda mostra claras mensagens de riqueza e gosto”.

Fonte: The New York Times

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